ARCOVERDE E REGIÃO


SANBRA de Arcoverde, hoje CECORA


JORNAL DE ARCOVERDE n.296 – Março/Abril de 2017

SANBRA de Arcoverde, hoje CECORA

Pedro Salviano Filho



Sanbra, inaugurada em 1919. Desde 1986 Cecora: goo.gl/maps/pU8Na). Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

A cultura do algodão no sertão pernambucano induziu a industrialização do próspero distrito pesqueirense. Em 1919 foi inaugurada em Rio Branco (depois Arcoverde) a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro - Sanbra. Muitas gerações participaram das atividades dessa importante firma no progresso do município, registrado por vários historiadores. Até um famoso incêndio, ocorrido em 1925 (há 92 anos), tem seu resgate detalhado a partir de um jornal da época. Em 1983 a SANBRA é adquirida pelo município e suas edificações são adaptadas para comportar o Centro Comercial Regional de Arcoverde, Cecora, inaugurado em 1986.
A economia algodoeira em Pernambuco. Da colônia à Independênciahttps://goo.gl/bPZXjE José Ribeiro Junior. R. bras. Hist., São Paulo, set.1981
Página 235: «[...]O algodão em Pernambuco entre a década de 1760 e a de 1820, período no qual procuramos estudar a cultura algodoeira desde a sua introdução até o momento em que a planta atinge níveis de produção comerciáveis, integrando o agreste e o sertão na economia de mercado. Planta essencialmente tropical, o algodão era conhecido no Brasil pelos indígenas desde o primitivo século da colonização[...].Página 237: O surto do algodão em Pernambuco, como em todo o nordeste, localizou-se nas regiões semiáridas e subúmidas.[...]. Pág. 238: [...]Em 1816, o maior proprietário de que se tem notícia, na lavoura do algodão em Pernambuco, era Antônio do Santos Coelho (capitão-mor) instalado nas terras de Cimbres, solo de excelentes qualidades. Ele possuía 600 a 700 escravos e, segundo se pode concluir, dominava a produção algodoeira na região. Seus genros tinham 315 escravos. Constavam, inclusive, queixas contra eles de usurparem terras dos índios e a outros proprietários.»


Carregador de algodão. Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Página 206

Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Cap.XVII.  2ª edição, Recife-PE, 1978, página 353.
1809 - «Agricultura. Algodão. Essa valiosíssima planta não se tornou menos preciosa para Pernambuco que a cana-de-açúcar, devido aos grandes pedidos de algodão desta província para as vizinhas e para os mercados britânicos. Novas fundações para o plantio de algodão são criadas anualmente, não obstante as dificuldades que surgem para a realização desse objetivo. Os distritos escolhidos com esse propósito são geralmente no interior, como melhores indicativos para o crescimento, e distantes das praias do mar, áridos, e algumas vezes escassamente supridos de água fresca. Há mesmo falta absoluta d'água, em várias ocasiões, ao mesmo tempo em que regiões próximas estão perfeitamente supridas nesse particular. A opinião geral é que o algodão não nasce nas terras próximas ao litoral e que as frequentes mudanças atmosféricas lhe são prejudiciais. As estações do inverno e do estio são mais regularmente marcadas a certa distância do mar, e nessas regiões as variações sucessivas dependem menos da superabundância das chuvas do que de sua escassez. O algodoeiro requer que o tempo esteja seco durante uma boa parte do ano. Se as chuvas caem quando o capucho está aberto, a lã está perdida, tornada amarela, diminuindo e ficando completamente inútil para o uso. O solo preferido para sua semente é o de barro vermelho escuro, ocasionalmente veiado de amarelo, vezes extremamente duro nos longos intervalos sem chuva. Os algodoais anualmente mais e mais se alongam para o interior, sobretudo nos planos do Sertão que permitem esse avanço. As plantações dessa espécie que estavam antigamente próximas da costa, são hoje utilizadas noutros gêneros de sementes. A constante exigência de novas terras requerida pela cultura do algodão, porque se julga necessário deixar a terra em repouso por vários anos antes de trabalhá-la novamente, pode, de alguma forma, explicar esse fato. Pode ser, igualmente, que o desenvolvimento rápido das populações ao longo do litoral possa ter determinado esse efeito, forçando a saída daqueles que cultivam um objeto de comércio, para dar lugar aos outros que cultivam os elementos necessários aos habitantes locais. O algodão é somente vendido em caroço pelo plantador, isto é, antes de ser separado da semente, e muitas pessoas encontraram meios de subsistência preparando-o para os mercados de exportação, mas como o labor e a conveniência aumentam nessa situação, os negociantes se instalam perto dos algodoais. Vão recuando na mesma proporção. Alguns anos antes via-se, a duas léguas do Recife, numerosas máquinas de descaroçar o algodão. Há poucos anos foram mudadas para Goiana e atualmente os principais pontos desse mercado são Limoeiro e Bom Jardim, lugares, como já descrevi, com muitas léguas de distância da costa. 
As terras são limpas para plantar algodão na maneira ordinária, cortando-se as árvores e queimando-as, e os buracos para semear são cavados em forma quadricular, numa distância de seis pés, uns dos outros, e são postos, comumente, seis sementes em cada escavação. Nas colônias britânicas é necessário semear de oito a dez caroços. O tempo para plantar é em janeiro, depois das primeiras águas, ou início do ano, logo após as chuvas caírem. O milho é comumente plantado entre os algodoeiros. Três, e algumas vezes quatro safras são obtidas com as mesmas plantas, mas a segunda colheita é a que dá, geralmente, os melhores tipos.
O arbusto é de bonita aparência, especialmente quando está coberto de folhas e cheio de lindas flores amarelas, mas os capulhos começam a abrir e a folhagem a secar, e seus finos galhos esparsos ficam despidos, e a planta recorda muito a uma negra muita de groselhas que há longo tempo não se poda. O algodão é colhido em nove ou dez meses,
A maneira para descascar o algodão é simples e podia ser mais simples ainda. Dois pequenos cilindros canulados são postos horizontalmente, um tocando o outro. Cada extremidade desses cilindros, numa ranhura, há uma corda enrolada, ligada a uma grande roda que está distante poucas jardas, onde fixam duas manivelas que são movidas por dois homens. Os cilindros são dispostos a movimentarem-se em sentido contrário, de forma que o algodão é posto em um deles e levado para o outro lado mas as sementes ficam porque a abertura entre os cilindros não é bastante larga para facilitar-lhe a passagem. A máquina usada nas colônias britânicas parece ser de construção maior mas é bem mais simples, porque o cilindro é movido pelo pé da pessoa que maneja o algodão. Depois dessa operação restam ainda algumas partículas das sementes quebradas, assim como outras substâncias, que devem ser retiradas. Para este fim, amontoa-se o algodão e o batem com paus grossos, processo que muito danifica a fibra, rebentando-a, e como o valor da procura para o fabricante depende sobretudo do comprimento da fibra, tudo devia ser feito para que esse processo fosse substituído.
As sementes aderem “firmemente umas às outras no espulho”, informa mr. Edwards falando de uma espécie das colônias britânicas, a qual denomina hidney-cotton, dizendo crer que seja “o verdadeiro algodão do Brasil”. O algodão amarelo de nanquim também é encontrado em Pernambuco, mas não constitui um artigo de comércio, mas é olhado como uma curiosidade. Vi igualmente algumas espécies de algodão selvagem mas como não obtive amostras não me é possível pretender dar descrição.
Os lucros alcançados pelos plantadores de algodão, nos anos favoráveis, são enormes mas as perdas experimentadas são frequentes. Ás vezes toda uma safra, de belo aspecto, é totalmente perdida. Certos anos são improdutivos ou n´outros, depois de promessas lisonjeiras, o joio, as lagartas, a chuva ou os estios excessivos, destroem todas as esperanças de uma futura colheita. A outra grande fonte do agricultor, a cana-de-açúcar, não é tão sujeita aos muitos e desastrosos revezes, e quando um ano é desfavorável, o imediato satisfará todas as despesas realizadas. Verifiquei que o mercado é fracamente afetado pelas esperadas quedas das safras, porque é digno de lembrança que, em país assim vasto, um distrito escapa do desastre enquanto os demais se arruínam.
A qualidade do algodão que é produzido na América do Sul, seja ao norte ou ao sul de Pernambuco, é inferior ao desta província. O algodão do Ceará não é tão bom e o do Maranhão é menos ainda. O algodão é comodamente embarcado nos portos desses dois pontos. Seguindo de Pernambuco para o sul, o algodão da Bahia não é bom e a pequena quantidade produzida no Rio de Janeiro é menos próprio que a baiana.
Tratando do açúcar e do algodão, expus as linhas essenciais que diferenciam os produtores das Antilhas dos do Brasil. Os meus leitores que tiverem interesse, envio-os ao citado e bem conhecido livro que consultei (History of the West-Indies, por Edwards).»

1919 - O Município de Arcoverde, 1951, Teófanes Chaves Riveiro, Prima, página 25: «Indústra – Apenas se encontram em Arcoverde, pequenas indústrias: sapatarias, movelarias, fábricas de bebidas, de lacticínios etc. Seu principal estabelecimento fabril, é a Usina de beneficiar algodão, pertencente à Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro S/A (Sanbra), cujas instalações foram montadas pelo engenheiro Francisco de Assis Brandão Cavalcanti e inauguradas no dia 8 de dezembro do ano de 1919. É acionada por dois motores Deutz num total de 265 HP. Nos períodos das saíras mantém duzentos operários, mais ou menos, entre homens e mulheres. Seu movimento de compra de algodão no ano de 1950 atingiu a quantia de Cr$ 31.701.126,80. Sanbra tem em sua gerência, atualmente, o sr. Emanuel Veras.»

14-08-1920 Jornal do Recife  goo.gl/C9M4mm  , 1ª col.: A coluna “Pelos municípios” resumia os principais acontecimentos de Rio Branco. Entre eles: «[...] Não regateamos aplausos àqueles industriais pelo melhoramento que acabam de introduzir nesta vila. - Também estão bem adiantados os trabalhos da construção da fábrica de beneficiar algodão, de propriedade da Companhia Algodoeira Nordeste do Brasil. (Do correspondente). Rio Branco, 10-8-920.»

24-09-1925 – Jornal do Recifegoo.gl/gjvMBg  , 1ª col.: De Manoel Gregório Teixeira da Lapa. Informações diversas de Rio Branco sobre Lampião, Banco do Brasil, incêndios
«Incêndios - À semana passada foi destruída pelo fogo uma carroça carregada de algodão e desgarrada providencialmente do trem que, poucos minutos antes das 15 horas, saíra da estação local; três outras arrojaram-se linha abaixo e foram de encontro a uma barreira sobre a qual montaram, correndo [..] cerca de dez metros ou mais. Foi um espetáculo terrível[..] de carros carregados de algodão despedaçando-se uns contra os outros e quase sepultando nos escombros a "dulçurosa" pessoa de Simão Rocha, o proprietário da afamada goiabada marca TIGRE, bem como dois aleijados boiadeiros que fizeram a esquisita "cavalgada das walkyrias" no carro-brake, implorando misericórdia e cerrando os olhos como para diminuir a dor da morte. Graças a Deus, porém, nem perdemos a boa companhia do Rocha, nem a carne verde subiu de preço, porque os boiadeiros nada sofreram.
Hoje tivemos o desgosto de assistir à destruição por novo incêndio, dos grandes armazéns da usina de Pinto Alves & Cia (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro). Seriam seis horas da manhã quando se notaram as primeiras nuvens de fumo emergentes do teto da usina. Incêndio! diziam uns meio surpresos, enquanto outros contestavam: Expurgo de algodão pelo funcionário que a higiene nos remetem, coberto por um sebaceo bonet do D.S.A.! Afinal, após alguns minutos de indecisão e bons augúrios, a população de Rio Branco foi sacudida pelo brusco acontecimento e, dentro em pouco, estava coalhado de gente de todos os matizes o grande pátio da usina cujas dependências foram tomadas pelo respeito abnegado de todos quantos se empenharam na luta contra o ígneo elemento. Subiam as línguas de fogo contra as quais pouco valiam os esguichos mirrados dos "fire-extinguishers" da usina lamentavelmente desprovida de material de urgência em casos desta natureza: foi quando o povo apelou para as latas d´água para os ganchos de puxar fardos de algodão, para a apanha do ouro branco, para o esvaziamento dos depósitos da usina, para o ataque generalizado e intenso ao fogo cujas labaredas lambiam já o teto e soltavam gargalhadas rubras para a rua, rasgando os lábios graníticos do fortíssimo casarão de cimento armado. Espetáculo tétrico e, no mesmo tempo, empolgante, como todos esses em que o fogo toma parte! Uma desolação geral, um verdadeiro afã em prol da usina que dá trabalho a tantos operários, que tanto impulso empresta ao programa da terra do Jé. E foi verdadeiramente confortável e edificante o desprendimento, a verdadeira abnegação, a bravura quase temeridade com que se arrojaram ao combate empregados e operários da usina, negociantes dos mais importantes da localidade, o próprio molecório da rua recrutado por Boleiro, enfim todos quantos não se deixaram ficar em casa, ou porque sejam preguiçosos, ou porque tenham na alma a eterna desconfiança dos incêndios cujo aspecto os acompanhe, ou porque lhes pareça sempre nada o sofrimento e a dor alheios. Foi um trabalhar sem tréguas em que todas as boas vontades se confundiram e se ajudaram, até que, por cerca de meio-dia, baixava a fúria do sinistro, fora localizado o incêndio, embora com a destruição de quinhentos e muitos fardos e sacas de algodão, todo o stock da usina neste dia. Muito sofreu o algodão em rama quase todo molhado e outra vez ciscada por força da manobra a que o sujeitaram com o fito de livrá-lo das chamas. Distinguiram-se pelo esforço e abnegação no afanoso trabalho contra o fogo o sr. Ignácio Mariz, auxiliar da usina, um possante negro trabalhador da firma Nebrídio, Campos & Cia., os quais se atiravam às chamas desassombradamente, derramando latas d´água e conquistando fardos e sacas de algodão à fúria do inferno desenhado no recinto rubro; e os senhores Ernani Gomes, Cícero Ferreira, Zezé Cavalcanti, Joaquim do "burro", este popular funcionário da Great Western, um moço funcionário da usina Novaes, o coronel A. Velloso, o sr. Jerônimo Jé, o sargento Jayme, o dr. Delphim Araújo que, apesar de doente, tomou encargo de preparar as soluções para os extintores, o sr. João Manso de Barros, um português empregado de Joaquim Soares, o sr. Manoel Fernandes, um viajante de Garanhuns o qual muito trabalhou, o sr. Cícero Cordeiro, o coronel Japyassu e o capitão Fiuza,  gerente da usina, o qual se encontrava em viagem para Caruaru, tendo sido chamado por telegrama urgente, quando passava por Pesqueira no comboio da Great Western. Inúmeras outras pessoas, inclusive operários da usina entre os quais muitas mulheres e meninas, trabalharam à porfia; não lhes citamos os nomes, porque esse Jornal é pouco e nós os ignoramos, entretanto, os srs. Pinto Alves & Cia, e a Sociedade Algodoeira devem enxergar na população de Rio Branco, uma verdadeira legião de amigos e abnegados. A polícia fez "hombro armas!" e montou guarda aos escombros, mas - exceção do sargento - nenhum soldado fez exercício de bombeiros, o que certamente é reprovável. Esteve no local do alinstro o subdelegado sr. Francisco Jé. O empregado da usina, chamado Esmeraldino, portou-se com muita galhardia no serviço de ataque ao fogo, bem como o maquinista e foguista da mesma empresa, ambos esforçadíssimos no desempenho de suas obrigações. Numa palavra ninguém se poupou ao serviço; todos deram provas do espírito fraternalíssimo deste povo nordestino. Já em meio ao sinistro, foi adotado o alvitre de canalizar água do poço da usina para os salões abrangidos pelas chamas; mas faltavam canos. Foi quando a exma. viúva Rodrigues mandou abrir seus armazéns e fez transportar num dos caminhões todo o sortimento de canos e material necessário à nova tentativa imediatamente posta em prática pela tenacidade do jovem funcionário filho do dr. Elyseu, dos eletricistas da firma Brandão. Cavalcanti, ambos sobremodo esforçados e prestativos, do maquinista da usina e do viajante de Garanhuns, todos aliados à boa vontade, ao desprendimento e à calma com que o sr. Cícero Ferreira distribuía o material trazido dos armazéns da firma que dirige, demonstrando ele próprio a estupenda força muscular de que é dotado, além do sangue frio com que encarava a situação. Todavia, ninguém pode contestar que as honras do supremo esforço e heroísmo cabem a Ignácio Mariz, ao negro da casa de Nebrídio e a Delphim Araújo, cada qual na esfera dos misteres a que se dedicaram.
No local do sinistro vimos também o inspetor do Banco do Brasil, sr. Atahualpa Guimarães, acompanhado do gerente Álvaro Pinheiro.
Ai está a primeira consequência do expurgo a que obrigaram o algodão, para livrá-lo do micróbio da peste.
Hoje à tarde reuniram-se os comerciantes de algodão e passaram dois longos despachos telegráficos, um ao dr. Amaury de Medeiros, e outro ao prefeito de Pesqueira, o major Cândido Britto, solicitando a interferência de ambos no sentido de fazer cessar a inconveniente providência de expurgo do algodão enfardado para embarque. Porque, a julgar pelo princípio, a vila de Olho d´Água dos Bredos se arrasa com outro incêndio de algodão expurgado. Vamos ver qual providência nos dará o esforçado diretor da Higiene Estadual.»
28-02-1935 - Diário de Pernambucogoo.gl/yVQxfx , 6ª col. Pelos municípios. Rio Branco. Embaixada acadêmica carioca visita Sanbra etc.
21-12-1937 - Diario do Estadobit.ly/1QBt8Hi , 1ª col.: “Instituto de Pesquisas Agronômicas. Relatório de inspeção. Sanbra” (2ª col.).

Minha cidade, minha saudade, Recife-PE, 1972 - Luís Wilson, página  399: «Meu pai me contou que está com o Bar da rua Grande, em Rio Branco, desde 1926. Eu pensava que ele o havia comprado alguns anos depois, mas o engano é meu.
Eu tinha também a impressão, de que um, grande incêndio que houve na SANBRA, no meu tempo de menino, havia sido em 1928.
Esmeraldino, que chegou a Rio Branco em 1913 e trabalhou na “ Algodoeira", quase que toda a sua vida, contou-me, no entanto, da última vez em que estive em Arcoverde, que aquele incêndio foi em 1924. Mais de 250 fardos de algodão de 250 quilos,  mais de 70 fardos menores e muitas sacas de mamona pegaram fogo. Os jumentos da cidadezinha não pararam, carregando água do "seu" Jé até à tarde.»

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. 1982 – Luís Wilson, Recife-PE. Página 103.
«Mais de 250 fardos de algodão de 250 quilos, mais de 70 fardos menores  e muitas sacas de mamona pegam fogo na Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro), em Rio Branco, nosso maior incêndio em todas as épocas. Não sabemos, aliás, de outro incêndio, entre nós. As carroças de bois, compridas e de 4 rodas, de “mestre” Leôncio, de Zé Ferreira, de ”seu” Albino, e os jumentos da cidadezinha passaram o dia carregando água de “seu” Jé (Cel. Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Jé), no fim da “rua”, coisa alguma, evidentemente, podendo fazer para apagar o fogo.
“ A Sanbra, cujos edifícios foram inaugurados no dia 8-12-1919, era nosso principal estabelecimento fabril, acionado por dois motores Deutz de 265 HP, mantendo no período da safra cerca de 200 operários.»

Centro Comercial Regional de Arcoverde Vereador Ulisses de Britto Cavalcante: Cecora, fundado em maio de 1986. Foto PSF nov.2015.

Arcoverde. História político-administrativa. Brasília-DF, Sebastião Calado Bastos, 1995. Página 198.
«Logo em seu primeiro ano de mandato, o prefeito Ruy de Barros realizou um feito de caráter administrativo da maior relevância, fazendo-o merecedor do respeito de todos os arcoverdenses.
Contando em todos os momentos com o governador Roberto Magalhães, o executivo municipal resolveu fazer uma proposta à Sanbra – Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, para aquisição de toda a área ocupada por essa empresa, inclusive as edificações nela existentes.
José Valdeci do Amaral, funcionário da Sanbra em Recife e o dr. Inácio Menezes, ex-gerente, tiveram fundamental importância no negócio, ao fazerem gestões junto ao representante da firma em São Paulo, o espanhol Herrera.
A proposta do prefeito, que viria a ser aceita, totalizava oitenta milhões de cruzeiros, sendo trinta milhões de entrada e mais cinquenta milhões parcelados.
O governador garantiu a parcela inicial de trinta milhões de cruzeiros, importância paga em 10 de dezembro de 1983, por ocasião da assinatura do instrumento formal de compra e venda e a prefeitura apresentou carta de fiança bancária em cobertura das cinco parcelas restantes de dez milhões de cruzeiros cada uma.
Efetivava-se assim um grande empreendimento, que viria aumentar substancialmente o patrimônio da municipalidade, sem contar os benefícios decorrentes da utilização desse complexo arquitetônico, pois no Cecora foram instalados duzentos e oitenta boxes, dezesseis mil metros quadrados de calçamento, quarenta e oito postes de eletrificação, posto de saúde e comissariado, para relocação da feira livre.
Em convênio com a LBA procedeu-se à implantação da 1ª etapa do Espaço Cultural no Cecora.»


Mercado Público de Carnes Joel Vilela da Silva, inaugurado em 17-10-2015 no Cecora. Foto PSF nov. 2015.

Estradas roodoviárias no sertão pernambucano


JORNAL DE ARCOVERDE n.297 – Maio/Junho de 2017

Estradas rodoviárias no sertão pernambucano

Pedro Salviano Filho



A construção de estradas rodoviárias em épocas de grandes secas foi estratégia governamental para se tentar aliviar o severo problema.
Apesar das indesejáveis e horríveis adversidades da seca a região sertaneja de Pernambuco, na segunda década do século passado, conseguiu converter o fenômeno em fator de desenvolvimento. Afinal, nesta época, as estradas de rodagem eram praticamente inexistentes na vila Rio Branco, embora ali já fosse fim de linha ferroviária, que assim ainda permaneceu por 21 anos, o mais importante fator desencadeante do crescimento local.
As estradas rodoviárias Rio Branco-Triunfo (inaugurada no fim do ano 1916), Rio Branco-Buíque (inaugurada em 1919) e Rio Branco-Pedra, seculares estradas, são temas deste assunto, onde os registros aqui compilados permitem um novo olhar sobre a nossa história.
Como veremos, Manoel Siqueira Campos, coronel Dudu, foi o construtor da estrada Rio Branco-Triunfo. Arcoverde tem hoje uma rua, a Cel. Siqueira Campos goo.gl/kY9KmW e também bairro goo.gl/xGHGzR com mesmo nome. Seria homenagem ao construtor da estrada Rio Branco-Triunfo?
A seguir confira os registros das ações que levaram ao desenvolvimento das estradas na região: goo.gl/oWcdT8
(Para ver muito mais histórias da região veja os links no final deste artigo)

1849 –Livro de Atas das sessões da Câmara Municipal de Cimbres de 1840 a 1854. Coleção Documentos Históricos Municipais n.10, Recife, 2016, página 172:
«Ata da 3ª  sessão ordinária de 12 de julho de 1849 [...]. Um requerimento do juiz de paz da povoação do Olho d´Água, deste Termo, requerendo a fatura de uma estrada da povoação acima declarada para esta vila, e entrando em discussão foi deferido pelo cômodo trânsito público [...].»
Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. 1982 – Luís Wilson, Recife-PE. Página 62, onde o documento original acima foi assim transcrito: 1849 – «Joaquim Severiano de Albuquerque, juiz de paz de Olho d´Água, requer à Câmara de Cimbres a construção de uma estrada fazendo ligação entre a povoação de Olho d´Água e a Vila de Pesqueira, no que foi atendido e tendo sido, sem dúvida, a partir daquela época, que o Caminho das Boiadas (Roteiro do Ipojuca), começa a passar naquela povoação; [...].»

Em 1880 um mapa mostra a situação de Olho d´Água dos Bredos (hoje Arcoverde) e outras localidades: goo.gl/E8jvKM

No detalhe algumas localidades entre Triunfo e Olho d´Água dos Bredos (segundo topônimo de Arcoverde), onde, em 30 de dezembro de 1916, foi inaugurada a primeira estrada rodoviária. Mapa rodoviário PE atual: goo.gl/NTT5jW .

Almanak Laemmert, daquele 1916, apresentou o mapa ferroviário do estado de Pernambuco (detalhe acima): goo.gl/IgiKhk


1890 - Jornal de Recife – goo.gl/z2HLzK , 4ª  col. «[...] Ainda é tempo do governo mandar fazer os açudes das vilas do Buíque e da Pedra, de Santo Antônio do Tará e do Mundo Novo, e a estrada de Buíque a Garanhuns, para socorrer ao povo, matando-lhe a fome e acabando com a nudez.»
1908 - Dicionário corográfico, histórico e estatístico de Pernambuco, de Sebastião de Vasconcelos Galvão, Rio de Janeiro, 1908, pág. 406 (vol.1), goo.gl/4CrWtS : «Olho d´Água dos Bredos. Povoação.  Situada no município de Cimbres ao poente da cidade de Pesqueira e desta distante 55 quilômetros, fica encravada entre a serra da Aldeia Velha e um serrote de pedras, um tanto alto; está em terreno plano e arenoso a mesma povoação, junto da qual pelo lado do sul corre o riacho do Mel, sempre seco durante o verão, e onde, nessa época, abrem cacimbas. Consta o povoado de umas 40 casas, dispostas em duas ruas, contando cerca de 300 habitantes, e possui uma boa capela, fundada por Leonardo Pacheco do Couto, sob a invocação de N.S. do Livramento. Daí à vila da Pedra medem 30 quilômetros. Por essa povoação é a melhor estrada que há no município para o interior do Estado, visto como não se tem de subir a serra do Ororubá. Na época própria é admirável o movimento de boiadas e cavalarias, que por ai fazem o trânsito [...].»

10-09-1912  O Paiz (RJ), goo.gl/ZRfQic , 6ª coluna: «[...] Ao mesmo tempo, a divisão procede aos estudos, que aguardam próximo termo, da estrada pública entre Rio Branco e Buíque, em uma extensão de cerca de 40 quilômetros».

10-05-1914 - Jornal do Recifegoo.gl/DLkctz, 2ª  col. «[…]Obras contra as secas.[...] No correr do ano de 1913 […] estão concluídos os estudos de estradas carroçáveis: […] em Pernambuco, de Rio Branco a Buique, com 33 quilômetros […].»

29-02-1916 - O Paiz (RJ), goo.gl/SZW7f2 , 3ª col.: «Pelo Ministério da Viação foi solicitada do da Fazenda a distribuição do crédito de 20:000$ à delegacia fiscal em Pernambuco, por conta do crédito aberto pelo decreto n. 11.641, de 15 de julho de 1915. A referida quantia será entregue em quatro partes, como adiantamento, ao encarregado das obras da estrada de Rio Branco a Triunfo, sr. Manoel Siqueira Campos. »
No livro Um sertanejo e o Sertão, Ulisses Lins, Rio de Janeiro, 1976, pág. 116: «Logo que regressei  a Alagoa de Baixo, segui para Triunfo, e vi que muita gente trabalhava na serra, rasgando-lhe as encostas, sendo informado de que se construía uma estrada de rodagem. Achei graça, pois não podia admitir que os carrinhos Ford – pioneiros no interior – tivessem peito para escalar as ladeiras valentes da serra da Baixa Verde. Fora Manoel de Siqueira Campos (Dudu), grande comerciante ali, espírito arrojado e empreendedor, quem tomara a iniciativa daquela tarefa de Hércules. Providencialmente, centenas de sertanejos famintos – estava no auge a tremenda seca de 1915 – ali estavam matando a fome, com os parcos salários recebidos. O dr. Manoel Borba havia acertado com Siqueira Campos a construção da estrada, aproveitando a época do flagelo climático, a fim de evitar maior êxodo dos sertanejos, e prometera ir a Triunfo, logo que a estrada estivesse terminada, O que fez , efetivamente.»

1915 - Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas.), Luís Wilson, Recife, 1982, pág. 83. «O governo do Estado ou o Governo Federal, para auxiliar os flagelados da “Grande Seca” daquele ano, manda construir a Estrada de Rodagem de Rio Branco a Buíque. Manuel de Siqueira Campos manda construir também a Estrada de Triunfo a Rio Branco, com a mesma finalidade, comparecendo a inauguração desta última, entre outros, o dr. Manuel Borba, governador do Estado, tendo sido recebido em Alagoa de Baixo (Sertânia), pelo dr. Ulisses Lins de Albuquerque e, em Custódia, pelo cel. José Estrela de Sousa, Esperidião Mariano de Sá (pai do deputado José Gomes de Sá), Quinca de Sá, José Cassiano Pereira e outros amigos. Os automóveis em que viajaram a Triunfo o Dr. Manuel Borba, governador do Estado, e sua comitiva (um dos quais do Cel. Delmiro Gouveia e outro do Dr. Romeu Pessoa de Queiroz), vieram até Rio Branco em um carro de nossa antiga Great Western. Aqueles foram, talvez, os primeiros automóveis a passarem em Rio Branco, que em 1922, já possuía sua agência “Ford” e, entre outros carros particulares, um “Studbaker” do cel. Félix de França (Brejo de São José, em Buíque), para nove pessoas, um “Overland”, de Nebrídio Granja e outro carro do cel. Arcelino de Brito. Entre os anos de 1922 e 1924 a “praça” de Rio Branco possuía seis ou sete automóveis.»

Nesta foto aparecem 7 veículos para desembarque na estação ferroviária Barão do Rio Branco. Segundo o sr. Augusto Geraldini, do Clube do Fordinho - Brasil, “os veículos apresentados na foto são da marca Ford, modelos T do ano de 1923, pois parecem ser carros novos, seguindo para alguma revenda Ford. As duas janelinhas traseiras retangulares, são típicas deste modelo do ano de 1923.”

15-06-1915 - Jornal do Recife, , goo.gl/X53Rq7 , 3ª  col. «Entre as obras a serem executadas para auxílio dos famintos, […] estrada de rodagem de Rio Branco a Buique.[...]»

18-02-1916 - Diario de Pernambucogoo.gl/Px7IUJ , 5ª  col. «Estrada de Rio Branco a Buique. Para Rio Branco, aonde vão escolher local para a instalação do escritório da Inspetoria de Obras contra a Seca, seguem hoje os engenheiros drs. Lincol e Almeida, chefe da comissão de estudos da estrada carroçável de Rio Branco a Buique, Joaquim Olyntho Bastos, secretário, o dr. Graciliano Martins, engenheiro da fiscalização federal das Estradas. Vão em automóvel especial da Great Western. Partirão da Central às 7 horas devendo regressar no próximo sábado. Segundo nos informam, na semana próxima seguirá para Rio Branco toda a comissão.»

25-02-1916 – Diario de Pernambucogoo.gl/x8jnF7 , 5ª col. «De Rio Branco a Triunfo. Escrevem-nos: A estrada de rodagem para automóveis, que se iniciou em Triunfo, sob a ação benéfica e patriótica de Siqueira Campos, é uma obra que merece de modo especial a atenção do exmo. sr. dr. Manoel Borba, ilustre governador, que com brilho e critério vai, como ótimo timoneiro, levando os destinos do estado. Para essa estrada de rodagem, que está sendo no momento atual a salvação de um milhar de famintos sertanejos, chamamos o olhar do eleito do benemérito chefe do Estado que, estamos certos, tomará máximo interesse para que os nossos irmãos do interior gozem também um pouquinho do influxo redentor da civilização, que apagará as manchas desse sol nebuloso da politicagem. No dia em que s. excia tiver realizado essa obra grandiosa, que é a estrada de Rio Branco a Triunfo, o celeiro do sertão pernambucano, terá no coração de cada sertanejo agradecido um altar de reconhecimento. [...]..»
21-11-1916Diario de Pernambucogoo.gl/5bIWWF3ª col. «[...] Desperta legítimo entusiasmo a maneira por que vem agindo o coronel Siqueira Campos no interesse do engrandecimento material do interior do nosso Estado. O espantoso desenvolvimento que tem conseguido dar ao comércio numa extensa zona dos nossos sertões: a linha de automóveis. - Rio Branco a Triunfo-, em construção, de sua iniciativa, embora contando com o auxílio dos poderes públicos da União e do Estado; a construção de casas modernas e confortáveis, na cidade de Triunfo; o calçamento da cidade do Crato, no Ceará, no qual despendeu de seu bolso particular cerca de 14 contos de réis; são fatos que positivamente revelam sua inconteste capacidade de trabalho e o seu espírito unicamente progressista. [...]»
15-12-1916 Diario de Pernambuco,- goo.gl/sdBOID7ª col. «Acha-se de viagem para o Pará em companhia de sua exma. família, o dr. Pinto de Castro, que foi um dos engenheiros encarregados da construção da estrada de rodagem de Rio Branco a Buique.

29-12-1916 - A Provincia , goo.gl/zOLzli7ª col. «A Estrada de rodagem de Rio Branco a Triunfo. Será inaugurada, a 30 do corrente, pelo exmo. sr. dr. Manuel Borba, governador do estado, a estrada de rodagem, recentemente construída, de Rio Branco, ponto terminal da estrada de ferro central, a Triunfo, o maior centro comercial de todo o nosso sertão. S. exc. partiu ontem em trem especial, acompanhado do capitão Martiniano de Barros, dos drs. José Apolinário, José Bezerra e Turiano Campello, do farmacêutico Cícero Diniz, do coronel Siqueira Campos e fotógrafo Horácio Alves, pernoitando sua comitiva em Rio Branco. Hoje, o exmo. dr. Manuel Borba deverá ir, a cavalo, a Buíque, voltando à tarde para Rio Branco. Dai s. exc. seguirá amanhã, em automóvel, para Triunfo, inaugurando a nova estrada. No dia 2 de janeiro, o dr. Manuel Borba e aqueles que o acompanham deverão chegar a esta capital.»

30-12-1916 - Diário de Pernambucogoo.gl/HFxqW9 , 4ª  col. « A excursão do governador a Triunfo. Notas de um repórter. Dia 28 de dezembro. São 5 horas e trinta minutos. O Recife desperta. Há na estação central algumas pessoas de distinção. Chega num automóvel o dr. Manoel Borba, governador do Estado, em companhia de amigos.
Um trem prestes a partir. Mais cinco minutos. Abraços de despedida. A locomotiva apita dando sinal de partida. Entra no carro o governador: imitam-no os companheiros. O comboio larga e faz marcha de expresso.
Viagem mais ou menos agradável, especialmente nas primeiras horas, antes do sol aquecer. Houve ligeira chuva durante a noite. Pouco pó até Gravatá.
Dai por diante, muito sol, muito calor e muita poeira.
Até 13 horas, pouco mais ou menos, o trem para por alguns minutos em Pesqueira. Tinha demorado também n’algumas estações anteriores, enquanto a locomotiva se supria de água.
Em Pesqueira está um grupo de amigos do governo. Dão vivas à chegada do trem. Há um lunch preparado para os excursionistas. Sentam-se todos ao redor da pequena mesa. Inúmeras iguarias. Ninguém passa das saborosas uvas Moscatel de produção do município. Deliciosas e superiores às importadas do estrangeiro.
O trem prossegue galgando serras. Plena vegetação sertaneja de ambos os lados do leito da estrada. Aqui e ali, uma linha paralela de árvores frondosas, verdes, em contraste com o resto dos campos, tristemente crestados. É o indício dalgum riacho que se torna caudaloso no inverno mas no verão apresenta apenas alva esteira de areia.
Pouco antes de 15 horas o trem se aproxima de Rio Branco. Ouvem-se foguetes.
Há sinais evidentes de alegria, nas ruas embandeiradas.
Os excursionistas chegam enfim ao ponto terminal da estrada de ferro e hospedam-se na residência do coronel Joaquim Rodrigues da Silva, abastado negociante.
O comboio que os trouxe conduziu também três automóveis em que há de ser feita a travessia para Triunfo. Parte da população se acotovela para ver de perto o desconhecido meio de transporte.
Depois de ligeiro descanso, procede-se a uma inspeção dos automóveis. O governador aproveita o ensejo para visitar os trabalhos da nova estrada de rodagem que ligará Rio Branco a Buíque, distante 28 quilômetros.
Os autos percorrem a cidade em ligeiro passeio e penetram estrada nova, que o governo federal mandou construir pelo engenheiro Lincoln de Almeida.
Há 15 quilômetros construídos, faltando ainda todas as obras de arte. Já foram gastos nesse serviço 240 contos, inclusive o material para aquelas obras, que já está adquirido.
O que está feito é bom. O automóvel desliza sobre a estrada, como se o fizesse num trecho asfaltado.
Nos trabalhos da nova via de comunicação estão empregados cerca de cem homens, dirigidos por três engenheiros, inclusive o chefe. A obra teve início a 24 de maio do ano corrente e só em igual data do ano vindouro estará concluída e não for suspenso o crédito distribuído.
Dizem habitantes locais, em sua ironia, que o serviço estaria mais adiantado se não fosse a grande quantidade de engenheiros!…
Ao anoitecer, começou o tempo a fechar-se. Nuvens carregadas. Relâmpagos constantes. Ribombar de trovões.
Uma tempestade no sertão, recebida sempre com alvissaras, é coisa tenebrosa.
O horizonte parece constantemente iluminado pelas faíscas elétricas que cruzam o espaço e o estrondo pelo choque das nuvens dá ideia de forte bombardeio. Pouca chuva, em grossas bateras.»

31-12-1916 - Diario de Pernambucogoo.gl/GQZ5PC5ª col. «Excursão do governador a Triunfo. Telegrama do nosso correspondentes especial: ˜Custodia, 30. - O governador do Estado e sua comitiva aqui chagaram hoje ao meio dia, ficando assim inaugurados 120 quilômetros da estrada de rodagem Rio Branco-Triunfo. 
Prosseguirão hoje mesmo na viagem, devendo pernoitar em Flores.»

04-01-1917 – Diario de Pernambuco, goo.gl/FXxYg1 , 3ª col. «A Excursão do governador a Triunfo. O regresso. As impressões de sua excia.
De regresso de sua excursão a Triunfo, onde fora inaugurar a estrada carroçável recentemente construída entre Rio Branco, ponto terminal da estrada central e aquela importante cidade sertaneja, chegou ontem ao Recife o sr. dr. Manuel Borba, governador do Estado, em companhia das pessoas que até ali o acompanharam.
Daqui haviam partido no dia 28, em trem especial até Rio Branco. No dia 29, conforme noticiamos telegraficamente, s. exe. dirigiu-se a Buíque, tendo feito à cavalo o trecho do percurso ainda não servido pela estrada federal em construção. Acompanharam-no até ali e no regresso, que se fez no mesmo dia, 153 cavalheiros, proprietários e fazendeiros residentes naquela zona.
A 30 partiram de Rio Branco, em automóvel, s. exe. e a comitiva, pela nova estrada, com estações em Custódia, a 82 quilômetros, a Flores, a 134 quilômetros. Ai pernoitaram. No dia imediato partiram para Triunfo, galgando a serra da Baixa Verde, num percurso de 24 quilômetros.
S. exe. recebido festivamente em toda a travessia, demorou-se dois dias em Triunfo, onde a população lhe demonstrou o seu regozijo pela atenção dispensada à zona sertaneja com o fato de sua presença ali. A coincidência da primeira visita dum chefe de Estado, com os tradicionais festejos de Ano Bom, levaram a lendária cidade sertaneja  milhares de forasteiros  de toda a circunvizinhança.
Dali o sr. governador do Estado transmitiu pelo telégrafo os seus votos de bons anos aos auxiliares de seu governo e à imprensa pernambucana, bem como ao sr. presidente da República e ministro de Estado. Esses despachos foram aqui publicados no dia 1º.
No dia 2 após a visita aos estabelecimentos públicos municipais e à escola estadual, s. exe. e seus companheiros de excursão partiram de regresso, chegando a Rio Branco, as 21 horas.
As 22 1/2 horas (10 1/2 da noite) partiu de Rio Branco o trem especial que aqui chegou às 7 horas da manhã.
Na estação central foi sua exe. cumprimentado, apesar da hora matinal, pelas principais autoridades federais e estaduais, funcionários, comerciantes e numerosas pessoas gradas de todas as classes.
Mais tarde um dos nossos companheiros teve ensejo de ouvir do dr. Manoel Borba algumas das suas impressões a respeito da excursão que acabara de realizar:
  • A estrada que acabamos de inaugurar - disse s. exe. - representa um trabalho notável à vista dos limitados recursos com que foi realizada.
  • Obra de iniciativa particular, devida antes de tudo, a tenacidade do coronel Siqueira Campos, atual prefeito de Triunfo, teve apenas o auxílio de 35 contos dos ministérios da viação e agricultura, cerca de 15 contos do comércio de Recife. O mais é devido ao coronel Siqueira Campos.
  • As obras d’arte, na travessia dos rios e riachos, bem como alguns retoques e aperfeiçoamentos na construção, ficam a cargo do Estado.
  • Que a estrada é francamente carroçável, prova-o a recente excursão, feita em automóveis desde Rio Branco até o interior da cidade de Triunfo. D’antes os almocreves viam-se obrigados, em certos pontos da travessia, a desatrelar os animais e transportar a carga aos ombros, volume por volume.
  • Isso revela o valor do trabalho agora realizado.”
S. exe. referiu em seguida a boa impressão que lhe causou a cidade de Triunfo e a fertilidade dos terrenos em toda a circunvizinhança. Fez notar a distinção e boa ordem ali reinantes,  durante as festas de Ano Bom, sem que houvesse notícia do mais leve distúrbio, apesar de enorme afluência de gente dos arredores.
Citou a propósito o que, no início do seu governo, lhe dissera um distinto cidadão triunfense:
  • “De v. exe, ordem e paz a Triunfo que ali terá a terra mais tranquila e próspera do Estado.”
E no tocante à fertilidade do terreno, falou das diversas culturas da serra da Baixa Verde; café, frutas, fumo, cereais etc, mencionando também a subdivisão dos terrenos do município em pequenas propriedades, com grande vantagem para a variedade e intensidade das pequenas lavouras.
Referiu-se à instrução pública: “A instrução é deficiente. Visitei o edifício da escola estadual e achei-o em más condições de asseio e conservação e sem mobiliário - como o de Flores e a de Buíque. Mandei que o diretor das obras públicas procedesse a um exame para orçar as despesas a fazer e vou providenciar sobre os reparos necessários.”
S. exe. teve em seguida palavras muito amáveis para hospitalidade de que lhe proporcionaram os habitantes de Triunfo e demais lugares que visitou.
A respeito de Flores:
Tive também boa impressão da cidade. Vê-se que há um sopro de vida nova, depois de algum tempo de decadência. Há novas edificações ao lado das velhas casas construídas no tempo em que Flores era sede judiciária do alto sertão.
Estão todos os habitantes muito satisfeitos com a nova estrada que muito vai beneficiar. O que bem me impressionou ali foi a harmonia dos homens públicos. Dir-se-ia que só existe um partido político. Quando se trata do município, estão todos de acordo. Basta dizer que o presidente do conselho, por eleição unanime, é o chefe oposicionista. Visitei a cadeia que é a maior e a melhor do interior do Estado. É o lugar destinado ao cumprimento de penas de condenados dos municípios circunvizinhos. Encontrei lá, agora 24 homens sadios. Penso mandar aproveitar estes presos no serviço de conservação da estrada agora inaugurada e na construção de uma outra que se projeta dali para Princesa, distante 30 quilômetros. Para isso, o governo tomará as necessárias providências.
Com relação a Buíque:
Tive igualmente boa impressão de Buíque. Agradou-me bastante ver reunidas as crianças das escolas públicas, embora em época de férias. Nota-se que há um certo cuidado na instrução. Os alunos de ambos os sexos estavam uniformizados, cantaram o hino nacional e já estão ensaiando a educação física.
Não encontrei nenhum preso na cadeia. Há meses não há distúrbios nem crimes, o que denota a boa índole do povo.
  • “Em Custódia não encontrei escola estadual. Vou providenciar quanto esta falta.
  • Com a inauguração da nova estrada de rodagem, a cidade de Triunfo ficará há poucas horas do Recife: sete por estrada de ferro até Rio Branco e seis de automóvel em marcha regular de 25 quilômetros por hora.
Trata-se, como vê, d’uma considerável vantagem conseguida com um pouco de esforço e boa vontade.”
Concluindo, disse s. exe.:
  • Não poupar esforços, no sentido de facilitar, quanto possível, o desenvolvimento das estradas através do interior de nossa terra, e escolas que facilitem ao bom povo sertanejo o conforto material e espiritual de que tanto carece.
  • “É este o meu dever.»


23-03-1917 – Jornal Pequenogoo.gl/0JQf1M1ª col. «O governo federal fez entrega ao governo deste Estado de todo o material destinado à construção de uma estrada de rodagem de Rio Branco a Buíque. Os trabalhos dessa estrada, que foram começados pelo governo da União e suspensos à falta de verba, vão agora ser concluídos pelo governo do Estado.»
08-07-1917 - A Noite (RJ),  goo.gl/5lWXld , 6ª col.: «As estradas de rodagem de Pernambuco. Alagoa de Baixo (Pernambuco), 8 (Serviço especial da A Noite) - A expensas da municipalidade e com auxílio de alguns comerciantes e criadores deste município, começaram, ontem, os trabalhos da estrada de rodagem desta cidade à povoação de Algodões a encontrar também a estrada Rio Branco a Triunfo. Reina por isso regozijo em toda a população deste município. A estrada em construção será inaugurada pelo dr. Manoel Borba, governador do Estado, que virá de Recife até aqui em automóvel.»

1917 - goo.gl/xmYn35,página 6 (=5/50): «Relatório dos presidentes dos estados brasileiros. Estradas e caminhos carroçáveis. Também auxiliou o estado na construção do caminho carroçável de Rio Branco a Flores e Triunfo, já mandando para ali pessoal a fim de auxiliar os serviços, já se interessando perante o governo da união para a concessão de um auxílio monetário. Este caminho que ficou concluído em fins de dezembro último tem o desenvolvimento de 160 quilômetros. De Rio Branco a Custódia: 83 km [...]». Mais: goo.gl/zRwdXf  

07-03-1918 – Diario de Pernambucogoo.gl/bGE69z, 2ª col. «[...] Tendo o governo federal interrompido a construção da estrada de rodagem entre Rio Branco e Buíque, foram por solicitação minha cedidos no Estado, a título precário, todos os materiais e aparelhos existentes no local das obras, assumindo o governo de Pernambuco o compromisso de levar a termo a referida construção.»
01-04-1918 – Diario de Pernambucogoo.gl/1l0ois5ª col. «[...] subvenção concedida pelo governo do Estado [...] despesas com a estrada de rodagem de Rio Branco a Buíque
12-07-1918 – Diário de Pernambucogoo.gl/CtfRe96ª  col. «Ponte do Salobro e outras pequenas obras d´arte na estrada de Rio Branco a Buíque [...].»
18-09-1919 - A Provincia , goo.gl/hkXh24 ,7ª col.: «Os jornais dizem que se inaugurou ontem mais uma estrada, a de Rio Branco a Buíque, estrada para a qual concorreu muito o governo federal [...].»

23-09-1919 – A Provinciagoo.gl/JaKG2D , 2ª col.: «Estrada para Buíque. “[...] Porque efetivamente, construir 28 longos quilômetros de estrada de rodagem em QUATRO anos já se chama trabalhar. Pois bem, depois de quatro anos de serviços já se pode ir de automóvel a Buíque! Projetaram-se e levaram-se a efeito grandes festas para o ato de inauguração. Na véspera foi um sábado, à noite eu presenciei o começo dos festejos nesta pacata vila de Rio Branco, ex-Olho d´Água dos Bredos [...]».
1919 - goo.gl/6zeKL2 , pág.16 (=15/98): “Relatório dos presidentes dos estados brasileiros. [...] 4º Centro - Rio Branco. Foi nesse centro de estradas e caminhos carroçáveis onde mais intensa se faz sentir a ação do governo no que concerne a essas vias de comunicação, pois é nele que tem origem as estradas e caminhos de penetração na zona sertaneja do estado [...] Estrada de Rio Branco a Buíque - Essa estrada foi projetada e iniciada pelo governo federal mas, tendo-se esgotado o crédito destinado à sua construção, foi esta interrompida em começos de 1917 quando já se achavam prontos cerca de seis quilômetros, faltando apenas as obras de arte [... ] Rio Branco a Triunfo[...].”

07-10-1923 - A Provincia – 1ª  col. goo.gl/g8Jt2r,  «[…] Por falar em estradas de rodagem veio-nos à memória que o único município, talvez, de Pernambuco que não tem estradas é o município de Pedra. E o município de Pedra fica apenas a cerca de 20 quilômetros de Rio Branco, sem uma serra a cortar, sem pedras e sem outros empecilhos além de meia dúzia de córregos sem importância. Não vamos exigir que se construa uma estrada de rodagem de Rio Branco a Pedra não, porém, exigir que se faça uma estrada carroçável que possa ser transitada por automóveis e caminhões com pequenos bueiros nos córregos, mesmo sem grandes serviços porque esses são desnecessários - umas pontinhas de madeira sobre bases de madeira mesmo ou tijolo - eis tudo. Com quinze a vinte contos se teria de Rio Branco a Pedra uma estrada invejável, dependendo apenas de pessoas competentes, (particulares, porque as do governo não gostam de trabalhar) e Pedra progrediria fatalmente. [,,,].»
20-12-1924 - Diario de Pernambucogoo.gl/V3Rncr , 5ª col. «Obteve parecer favorável do Departamento de viação o pedido de um auxílio de 10 contos para as obras da estrada de Rio Branco a Pedra.»

01-01-1925 – Jornal do Recifegoo.gl/VHvDiJ, 4ª col. «Estradas sem roteiro. [...] E quem quer que se aventure, por necessidade ou desafio, pervagar os sertões, em Pernambuco, a partir dos limites onde termina a estrada de ferro, para logo uma angústia mortal o assedia, ao defrontar o maltrato dos caminhos, ressentindo-se de indicações das rotas, quer vicinais quer longitudinais, censura a que não escapa a má orientação administrativa em demandar melhoramentos de efeitos aleatórios que por natureza exigem provas de acuidade menos deplorável. Onde se viu construir 36 quilômetros de estradas de rodagem com um orçamento, a título de verba suficiente, de quinze contos de réis? A estrada Rio Branco a Pedra de Buíque vai apenas custar 15 contos!»

1927 - Almanak Adm., Merc. e Ind. RJgoo.gl/wq8e80, pág. 1012, vol.III. 3ª col. «Estado de Pernambuco - municípios Barão do Rio Branco. Vila e sede do 7º distrito do município de Pesqueira, ponto final da estrada de ferro da Great Western of Brazil Railway Co. da linha partindo do Recife da estação de Cinco Pontas. Tem 3 estradas de rodagem, sendo para Buíque, Triunfo e Pedra. Possui 900 casas e tem 4.500 habitantes. »

20-06-1931 - Diario de Pernambucogoo.gl/C4HPD1 3a col. «Problemas sertanejos. Mário Melo [...] as estradas do Rio Branco são regulares. Mas o percurso pelo território da Alagoa de Baixo é horrível. Faz quinze anos acompanhei o governador Manoel Borba na inauguração da rodovia Rio Branco-Triunfo. Tem-se a impressão - e creio que é mais do que impressão porque a própria verdade - de que nunca mais houvera uma enxada a beneficiar aquilo. Horrível, no território da Alagoa de Baixo. Subitamente a estrada melhora. É o início do território de Custódia. O prefeito de Custódia, como o do Rio Branco, teve a boa orientação de melhorar a sua estrada, de um extremo ao outro do município. [...].»
29-01-1946 – Diário Oficial – bit.ly/1OWVN8t 2ª col.: «Relatório N. 3 – Estrada Arcoverde-Pedra - Encontramos na cidade de Arcoverde o condutor técnico Manoel Bolitreau, encarregado dos serviços de engenharia da 5ª Residência, com o qual íamos percorrer as obras em andamento, de uma estrada que se destina a estabelecer a ligação de Arcoverde-Pedra e daí a Garanhuns com passagem pela vila de Venturosa (antiga Boa Sorte). Encontra-se em construção o primeiro trecho até a Pedra. A obra vem sendo por demais demorada e resta muito ainda a realizar em movimento de terra, acabamento e muitas obras d´arte. O maior defeito que encontrei porém, é a falta da mais elementar noção de ética profissional do empreiteiro José Vitor dos Santos. Entre outras faltas fez ele a tentativa de burlar a medição de obras, incluindo no cálculo, grande parte já medida anteriormente e paga. Descoberta a tentativa de dolo, teve a ousadia de escrever ao chefe da residência oferecendo compensação para que o mesmo acobertasse a bandalheira. O funcionário lealmente prestou informações por escrito em processo que foi encaminhado à Secretaria de Viação. Vou despachar mandando cancelar a "ordem de serviço" do empreiteiro improbo. Além desse detalhe grave, o seu trabalho é mal conduzido. Trata-se do mesmo indivíduo que havendo recebido a soma de 10 mil cruzeiros para a limpeza de um pequeno açude da cidade de Pedra, não apresenta serviços que justifiquem o dispêndio daquela soma. Deixou de realizar a parte principal que seria uma elevação do sangradouro, sob o fundamento de já ter haver dispendido a importância recebida. Trata-se de serviço que escapava a qualquer fiscalização, e agora tudo que resta é uma prestação de contas sem valor, partindo de gente sem a necessária responsabilidade.»

21-06-1947 – Diário Oficial, bit.ly/1Idr6HC, 2ªcol.: «Requerimento N. 184 - Requeremos, por intermédio da Mesa, ouvida esta Assembleia, seja encaminhada ao Governo do Estado a sugestão que ora formulamos, no sentido de que o competente órgão administrativo atenda à conveniência da alteração do traçado constante do projeto de construção da rodovia Arcoverde-Garanhuns de modo a serem no mesmo contempladas as vilas de Salobro e Capoeiras, respectivamente dos municípios de Pesqueira e São Bento do Una. Justificação: O Governo do Estado está levando a efeito a construção de uma rodovia destinada a ligar o município de Arcoverde ao de Garanhuns. O traçado constante do projeto da mencionada estrada é o seguinte: Arcoverde, Pedra, Venturosa, Caetés e Garanhuns. Ocioso torna-se salientar a importância sob os aspectos econômico e comercial, de que se reveste a execução da referida obra para uma vasta, populosa e produtiva zona do nosso território. Com ela se terá facilitado um intenso e avultado intercâmbio dos mais variados produtos[...].»

1961 - O Município de Arcoverde, Teófanes Chaves Ribeiro, Arcoverde, pág.14: «Departamento das Secas - O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 3º Distrito, sediado nesta cidade, muito tem contribuído para o progresso do município. Foi, em junho do ano de 1932, no rigor da seca que assolava o Nordeste, que o governo tomou a seu cargo amparar a região pernambucana atingida por esta situação climatérica, criando em Arcoverde, então Rio Branco, um serviço subordinado à Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas. Inicialmente os trabalhos foram dirigidos pelo engenheiro Francisco de Paula Pereira de Miranda. Em seguida, isto é, em julho daquele mesmo ano foi transmitido o cargo ao engenheiro Francisco Saboia de Albuquerque. Posteriormente, a sede desses serviços passou a denominar-se Comissão de Estudos e Obras nos Estados de Pernambuco e Alagoas, e foi fixada em Arcoverde graças ao empenho do governo revolucionário do município, junto ao então ministro José Américo de Almeida.
Foram grandes as perspectivas abertas com este acontecimento aos destinos de Arcoverde.
Os trabalhos desenvolvidos pela Inspetoria, que em construção de estradas de rodagem, que em perfuração e instalação de açudes públicos e particulares, têm constituído uma fonte de realizações de inestimável valor para o município, bem como para outras zonas castigadas pelo rigor das longas estiagens.
Os seus primeiros anos foram marcados por trabalhos intensos, muitos dos quais tiveram como estaca inicial Arcoverde; pois daqui partiram as construções das estradas de rodagem: Arcoverde-Mimoso-Caruaru, Arcoverde-Pedra, Arcoverde-Algodões-Custódia-Serra Talhada-Salgueiro-Parnamirim. E assim esses trabalhos iam-se distanciando em procura das metas a serem atingidas, previamente estabelecidas no plano rodoviário, na zona delimitada pelo polígono das secas.
Após 17 anos de constantes realizações, essa repartição conseguiu levar as cidades mais longínquas do interior do Estado de Pernambuco a sua linha tronco, contribuindo para aumentar consideravelmente o intercâmbio comercial entre o Sertão e a Capital, sendo Arcoverde o ponto de comunicação por excelência entre as duas zonas.»


Coronel Siqueira Campos, em foto do Jornal do Recife, de 11-11-1915goo.gl/GWnDhk. O coronel Manuel Siqueira Campos é entrevistado pelo Jornal de Recife. Ele faleceu em 30-07-1928, Jornal Pequeno. 4ª col. goo.gl/UvIrIk   



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Feira de gado do sertão


JORNAL DE ARCOVERDE n.298 – Julho/Agosto de 2017


Feira de gado do sertão


Pedro Salviano Filho



«Nossa feira de gado (foto de 1918 ou 1919). Estendia-se do local em que está hoje a sede das Obras Contra Secas até o oitão da igrejinha de Nossa Senhora do Livramento.»


«Outra vista ainda da mais famosa feira de gado do sertão do estado (1918/1919). À esquerda, o oitão da igrejinha de Nossa Senhora do Livramento. À direita, a entrada da “rodagem” que vai para Buíque.»


«Mais ou menos em 1925, nossa feira de gado foi para o Tamboril, nome originário do vegetal da mesma designação existente naquele local, em Rio Branco. A foto é de 1929 ou de 1930 (Arquivo de Gumercindo Cavalcanti).»
Fotos e legendas acima, do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luís Wilson, Recife, 1982.

«O curral de embarque dos bois para o Recife, nos carros da Great Western, mesmo depois que a feira se mudou para o Tamboril, ficou sendo, durante muitos anos, no local em que está o Bandeirante.» Foto do livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, 2008, pág. 48


A maior feira de gado do sertão pernambucano durou cerca de 40 anos e promoveu o crescimento da então vila Rio Branco que, junto a outros fatores, induziu sua emancipação do município de Pesqueira. 
Inicialmente, em 1916, ela era realizada onde depois funcionou o DNOCS (goo.gl/r8m5Do), sendo mudada para o “triângulo” e, finalmente, em 1925, para o Tamboril (em frente à casa que pertenceu ao cel. Augusto Cavalcanti- goo.gl/2vi7zf). Até por volta de 1945 o embarque do gado pela Great Western era feito num curral onde depois foi construído o cinema Bandeirante. De vários estados chegavam gado para feira, tornando-se rapidamente um importante fator de desenvolvimento da pecuária. Mais dados são captados nesta pesquisa para complementar conhecimentos sobre esta atividade.
Como já vimos nesta coluna (goo.gl/4S0Wz8), a partir de 1953 passaram a ser realizadas as Exposições Regionais de Animais de Arcoverde, outro fator preponderante para o amadurecimento da pecuária regional.


1614 - Primeira feira de gado - Os sertaníades. Rinaldo dos Santos, 2017. goo.gl/F8aUBg. «Com o correr do tempo, a exigência cada vez maior de terras para o cultivo da cana-de-açúcar foi expulsando a boiada dos limites da área agrícola. Iniciava-se uma segunda etapa na colonização, na qual existia uma nítida delimitação entre a agricultura e a pecuária, embora seguissem ainda vizinhos e interdependentes.
A primeira feira de gado realizou-se na Bahia em 1614. A pecuária torna-se mais independente, ocupando terras cada vez mais para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos exigia grandes extensões desbravadas. Os rebanhos destinavam-se à produção de carne, leite e couro ao mercado interno e, também, bois-de-carro para os engenhos e transportes em geral. As feiras de gado surgiam como ligação entre o açúcar e o Agreste-Sertão, sendo um fator de povoamento do interior, reunindo pessoas e gerando negócios. Os Sertões eram, de fato, muito importantes para abastecimento dos engenhos de açúcar. Diz Simonsen corretamente: “Não existiria produção de açúcar sem a pecuária nos Sertões nordestinos”. As secas, porém, desestimavam um projeto de colonização mais abrangente. Somente quando a seca entrava nos engenhos, fazendo declinar a produção do açúcar, os aristocratas conseguiam sensibilizar o Governo para algumas ações de enfrentamento e abrandamento das consequências das longas estiagens. Se a seca, porém, permanecesse restrita aos Sertões, ninguém saberia, a não ser os sertanejos que lá viviam. A seca não tinha data marcada, podia acontecer, ou não e, por isso, a ocupação dos Sertões não foi uma ação planejada pelos que detinham capital. O povoamento dos Sertões não tinha a garantia que o açúcar oferecia, no Litoral e no Agreste e, por isso, aconteceu de forma desordenada.
Desde o século XVII, até meados do século XVIII a pecuária irá ocupar diversas regiões do interior do Nordeste. Na Bahia, o gado foi ocupando as terras do “Sertão de Dentro˜. Em Pernambuco, o gado foi ocupando as terras do “Sertão de Fora”, sempre através dos rios (ou mar), ao longo dos quais se desenvolveram os currais. Os Sertões nordestinos tinham, assim, duas pecuários, a “de  Dentro” (ou originária), que ocupou o Siará, Piauí e Maranhão, e a “de Fora”, que ocupou a Paraíba e Rio Grande do Norte.
De 1580 a 1616, os pernambucanos incorporaram a faixa litorânea que liga Olinda até o Maranhão. A seca entre 1614-1615 suspendeu a guerra contra os índios, fazendo Dias d’Ávila retornar para sua casa, no litoral baiano. Ali seria construída a famosa Tatuapara, ou Casa da Torre, na década de 1620, monumento para a posteridade.
Em 1614 foi lançado o livro “Histoire de la Mission de Péres Capucins en lísle de Maragnon”, de Claude d’Abbeville. Em 1615 sai o livro “Histoire des choses plus mémorables advenues en Moragnon”, de Yves DÉvreux. Os franceses escreviam livros, deixando claro que pretendiam permanecer na terra, mas não conseguiram. Os portugueses escreviam menos, mas combatiam muito mais. Os franceses mostravam livros, os portugueses mostravam seus arcabuzes.»

1809 – Viagens ao Nordeste Brasileiro, de Henry Koster (Volume XVII – Sec. Educação e Cultura, de Pernambuco, Recife-1978, 2ª edição, [Pág. 163]. «O interior de Pernambuco, Rio Grande, Paraíba e Ceará não contém, propriamente, gado selvagem. Duas vezes por ano os vaqueiros de várias fazendas se reúnem com o fim de apanhar o gado. As vacas são levadas, de toda a parte, para uma área em frente da casa e aí, cercadas por numerosos cavaleiros, são impelidas para os espaçosos currais. Isto feito, desmontam os homens e se alguma vaca se torna furiosa, como sucede, um laço pelos cornos é bastante para prendê-la bem ou, ainda outro meio é adotado, que é passar o laço numa pata traseira, e trazer a corda enrolando completamente o animal, sendo fácil derrubá-lo. Os bezerros são presos sem grandes dificuldades e marcam-lhe a coxa direita, com ferro incandescente, com que é feito o sinal, anteriormente fixado pelo dono, como sua marca privativa.» 

1856 - 28-8-1957 - Diário de Pernambuco, goo.gl/Ptxtsc 1ª col. «Há um século. Viagem de boiadeiro. O abaixo assinado [Antonio Gonçalves da Silva], negociante de gado nesta cidade da Vitória, declara que tem comprado desde o 1 de março de 1856, até 22 de agosto do corrente ano, 5.614 bois, assim como consta de seus livros [...]. Nota da redação: Após a Restauração Pernambucana, em 1654, e o abastecimento dos currais de fora no agreste e na parte oriental do sertão de Pernambuco, a localidade de Santo Antão da Mata começou a ter enorme importância, como passagem obrigatória dos que viajavam do Recife para a zona das catingas. Em 1788, o chamado roteiro do Ipojucas incluía Vitória, a 12 léguas de Recife, de onde se alcançava Catinga Vermelha, no rebordo da Borborema, em terras do atual município de Gravatá. Com o tempo, a feira de gado da Vila e, depois, Cidade da Vitória ficou famosa no Nordeste. Há cem anos, por exemplo, o boiadeiro vitoriense Antônio Gonçalves da Silva negociou 5.614 bois em 18 meses, adquiridos no sertão, onde também comprava escravos. As "pessoas do sul", que lhe compravam gado, certamente eram senhores de engenho da parte meridional da nossa zona da mata, onde a agricultura canavieira impedia as atividades pecuárias.»

1900 - Moxotó Brabo, Rio de Janeiro, 1960, Ulisses Lins de Albuquerque, pág. 33. goo.gl/HWKYZG. «Boiadeiros e tangerinos. Na minha infância, um dos grandes dias na fazenda, era quando meu avô (ou meu pai) se dirigia ao curral com seus tangerinos, para abrir a porteira e soltar a boiada a ser conduzida às feiras de gado em São Caetano da Raposa e Caruaru - dali a umas quarenta léguas. O gado ia saindo e espalhava-se pela várzea, enquanto os vaqueiros e tangerinos o rodeavam, até encaminhá-lo para a estrada. Algumas reses ariscas, indóceis, tentavam furar o cerco, e, não raro, uma e mais outras saíam em desabalada carreira, dando trabalho à vaqueirama que as perseguia, por vezes internando-se pelo mato, até trazê-las ao rebanho. E lá se ia o gadão estrada afora, ocorrendo às vezes que as reses da fazenda, ali por perto, começavam a urrar -  chorando decerto a separação. As que seguiam, urravam também… e o pessoal da fazenda sentia-se comovido ante aquela cena, de um certo modo tocante. Os vaqueiros, acostumados a lidar com as vacas e bois da fazenda que seguiam na boiada, não escondiam seu constrangimento, e uns com outros falavam desolados: “Lá se vai a Mimosa velha…” Ou “Coitados do Azulão e do Redondo! Bois velhos bons no arrasto…” E na guia da boiada lá estava o tangerino aboiador, a entoar aquela melopéia dolente: “Ê… boi… ê… ê… boi mansão… ô… vaca bonita… ai… ôi… ê… boi… mansão…” O tom plangente do aboio parecia amansar as próprias reses mais esquivas, e a boiada marchava calmamente, pisando a erva e fazendo rolar os seixos na estrada. Aí os vaqueiros voltavam, despedindo-se dos tangerinos. A propósito, contava-me em Pesqueira o velho Felizardo Mendes, antigo boiadeiro no sertão da Paraíba que, quando trazia as boiadas do Piauí, ao subir a serra da Borborema, como que o gado compreendia ter deixado bem longe os seus pastos, e, voltando-se para o poente, derramava-se num choro, em uníssono, que fazia cortar coração. A urrar, escavando o chão, como que enviava o seu último adeus aos campos natais! Naqueles tempos, os boiadeiros mais afamados eram meu avô (conhecido na estrada por Chico Alves, do Mossoró), meu pai, Chico da Vargem Grande, Chico Vieira, o português Monteiro, de Serra Talhada, Domingos Siqueira, de São José do Egito, major Tenório, de Pesqueira, e alguns mais, de menos categoria. Mais tarde, outros iam surgindo - Antônio Ferraz e Antônio Serafim (Tonho Boiadeiro), de Floresta, Chico Lopes, do Pantaleão, Lula, do Rio Grande, Antônio Zeferino, do Cariri, João de Brito, da Ipojuca (Pesqueira), Quincas Gordo (do Tapuia), Gonçalo Brandão e Campo Verde, de Belém de Cabrobó, Enoch Nogueira e Domingos Rodrigues, da Bahia e tantos outros…
E lá se iam para as feiras. Quantos calotes lhes eram passados! Muitos, precisariam vender, depois, seus gados, das fazendas, para que pudessem reembolsar os fazendeiros das reses adquiridas a crédito para as boiadas. Eram homens de vergonha e não trastejavam no saldar seus compromissos. Lembro-me que meu pai, em 1898, passou noites e noites sem dormir, porque, devendo um pouco, não recebia dez contos de réis de um marchante do Recife - um tal Rapouso - que lhe comprara uma boiada. Só depois de quase um ano foi que o devedor remisso começou a pagar-lhe em prestações, e isso mesmo com a intervenção de Pedro Pernambuco, deputado federal, chefe da política restrita no terceiro distrito, por meu pai dirigida no município… Ainda hoje a situação continua a mesma. Sem nenhuma garantia, os boiadeiros vivem à mercê dos riscos, entregando sua sorte aos marchantes da capital (e aos piabas), registrando-se vez por outra um bolo: prejuízo total, a arruinam-se-los sem apelo ou agravo! E os pobres tangerinos? Pobres coitados! léguas e léguas a pé, tangendo o gado alheio, curtindo o sol escaldante, dormindo ao relento, quase sempre no chão, internando-se pelo mato em busca de alguma rês que lhes prega uma sortida fugindo do bando à noite… É quando há o estouro da boiada? Ah! Só Deus e eles sabem o quanto sofrem, nos lances dramáticos a que se atiram através das catingas espinhentas, na luta tremenda para juntar o gado que um acidente qualquer assustou.
E vêm e vão, e vão e vêm - muitos dos mais longínquos sertões, do Piauí até -, resignados, cantando estrada afora, por vezes soltando piadas, quando à porta de um casebre onde se vende aguardente reúnem-se por um instante para o trago de um gole, como “refrigério”…
Habituados àquela eterna labuta, calejados os pés - e em todos os sentidos também calejados -, velam pela sorte dos patrões - os boiadeiros que os esperam nos dias de feira, e neles confiam cegamente, na certeza de que nenhuma rês, a não ser que haja tombado no caminho, lhes faltará nas boiadas.
E quanto dói, ouvi-los cantarolar, em marcha lenta - pobres que nada possuem de seu - as trovas rústicas que algum deles compôs e correm mundo.[…]»

06-04-1914 - A Provínciagoo.gl/wX9R8L2ª  col. «Faz-se em Vitória, conhecida cidade do interior, a feira de gado […]. Ali fui e dali trouxe impressão que me não furtarei de publicar, chamando a devida atenção dos poderes competentes para o modo selvagem por que se tratam os infelizes animais destinados a alimentação pública.[…]»

1916 - Minha cidade, minha saudade. Recife, 1972,  Luís Wilson. Página 131.
«Em 1916, no lugar que está, atualmente, a residência do dr. Ruy de Barros Correia e Adalgisa, onde era a casa de Ernesto Lima, onde ficam, hoje, os edifícios da Obras Contra Secas e imediações, tinha Rio Branco a sua primeira feira de gado. Exatamente onde fica a casa do dr. Ruy, havia, até 1924, ou 1925, um rancho de boiadeiros, almocreves e tangerinos. Recordo-me de outro rancho daqueles no fim do Cuscuz, e de outro, parece-me, na rua dos Mascates.
Nossa feira de gado, das imediações das Obras Contra Secas, saiu para o “Triângulo” e, depois, para o lugar em que está, agora, o cinema Bandeirante. Mais tarde, foi embora para o Tamboril, onde permaneceu até alguns anos passados. Hoje, já não existe mais a grande e tradicional feira de gado.
O curral de embarque dos bois para o Recife, nos carros da Great Western, mesmo depois que a feira se mudou para o Tamboril, ficou sendo, durante muitos anos, no local em que está o Bandeirante. Ali, na quarta feira, embarcavam as boiadas. Era uma noite de trabalho de verdade, ou de trabalho puxado para o pessoal encarregado de meter os bois no trem. Luiz Aleixo era o encarregado dos trens de gado. Vez por outra, um boi mais brabo rebentava o curral, ou o pulava, e saía, cidade a fora, a botar mulher e menino pra correr, pelo meio da rua.
Mas, em 1919, Rio Branco já era, então, uma cidadezinha. Possuía, conforme consta de uma Antologia de Trabalhos de Zeferino Galvão, “590 casas (distribuídas em nove ruas), 1 praça, 1 largo, 2 travessas, 2.000 habitantes na sede, 1 agência de Correio, Estação do Telégrafo, Via Férrea, feira (às quartas-feiras), grande comércio com 57 estabelecimentos, 1 cinema, Luz Elétrica, Liga Contra o Analfabetismo, 1 banda de música, 1 fábrica de goiabada, 1 de bebidas espirituosas, 4 bilhares, 2 cafés, 2 Hotéis, 1 farmácia (deviam ser 2, a “Holanda” e a “Osvaldo Cruz”) , 4 mil habitantes no distrito, 6 fazendas de primeira ordem e 4 quarteirões policiais”.
A primeira feira de gado, no entanto, vinha do local em que estão hoje, os Edifícios das Obras Contra Secas e imediações, até o oitão da Igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, na entrada da estrada de Buíque, mandada construir pelo governo, em 1915, para dar comida aos flagelados da seca, a maior, sem dúvida, que já houve até agora, no nordeste.»

1916 - Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Recife, 1982. Pág. 84  - «É realizada a primeira feira de gado de Rio Branco, em nossa outrora Rua do Comércio ou Rua Grande, entre o Armazém de Compra de Algodão de “Seixas & Veloso”, a um lado do oitão da Igreja de Nossa Senhora do Livramento e o Hotel de seu Mesquita, logo depois das Obras Contra Secas.
Transferiu-se depois para o “Triângulo”, mais tarde para o local em que está hoje o Cine Bandeirante e mais ou menos em 1925 para o Tamboril, quando era, então a famosa feira de gado do Sertão do Estado.
Vez por outra soltava-se um boi brabo do Tamboril e fechava as ruas de Rio Branco por onde passava.
Chamavam “espacio”, em nossa feira de gado e em todo o sertão, ao boi que tinha os chifres abertos e grandes. Um chifre torto, “corombó”. Curvos para baixo, “combuca”. Muito curtos para dentro, quase se tocando, “redondo”. Se o feitio dos cornos da rês era descomunal, chamavam-lhe “espanhóis”.
Havia, outrora, muitas e muitas estórias de bois, sabidas de cor, cantadas em homenagem aos bichos brabos que viviam como “heróis”, “famosos pela resistência em escapar aos melhores vaqueiros, atravessar as secas, ocultos, famintos e livres, reaparecendo com um halo de invencibilidade que os iluminava de uma glória humilde e teimosa na memória coletiva”, constituindo aqueles romances para Luís da Câmara Cascudo (Tradições Populares da Pecuária Nordestina, Documentos da Vida Rural n. 9, 1956 RJ), a mais alta e realística das constantes do ciclo de nossa pecuária, em sua doce ingenuidade e graça comunicante.
1919 […]. Visita também o filho, Cel. Augusto Cavalcanti (Augusto Mouco), em Rio Branco, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. André Cavalcanti.
Foi para receber o pai que o coronel mandou construir uma de nossas mais belas casas de residência, algum tempo depois vizinha à feira de gado do Tamboril e onde esteve entre os anos de 1932 e 1936, em Rio Branco, as Obras Contra Secas.»

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Recife, 1982.  Pág. 203: «Nossa feira de gado (a famosa feira de gado do sertão do estado, em Rio Branco), no Tamboril, não existe mais, faz 25 ou 30 anos, o nome “tamboril” tendo origem, sem dúvida, no vegetal da mesma designação ali existente. [...] Não se vê também em Rio Branco, há 20 ou 25 anos, um velho boiadeiro ou os seus vaqueiros e tangerinos, por nossas estradas, com o gado, tão submisso aos seus “aboios”, “canto sem palavras, marcado exclusivamente em vogais, finalizando com uma frase de incitamento à boiada e legítima melodia em neumas, recordando a prece da tarde, caindo do alto dos minaretes” (Luís da Câmara Cascudo, “Mouros e judeus na tradição popular do Brasil”, 1978). Entende também aquele velho mestre que o “aboio” aqui chegou, vindo dos escravos mouros da Ilha da Madeira, trazido pelo português. Não conhece o vocábulo em documento anterior ao século XIX, acreditando que o nome é brasileiro e levado ao reino “em nossa acepção”, porque lá “aboiar” é deitar água abaixo, marcar com boia, tornar fluente, alijar, como é registrado por João de Barros e Diogo Couto e, em sentido diferente, não o empregou o Padre Antônio Vieira. [...] O último chapéu de couro que vi em “Rio Branco”, faz 8 ou 9 anos. “Nascido com o desbravador destemeroso da caatinga e que o acompanhou sempre em sua aventura de gigante”, usava-o Bonifácio, sobrinho de Zé Pereira, de Manuel Quinca do Xilili e de D. Etelvina, senhora do cel. Félix de França, do Brejo de São José, em Buíque. Nossas estradas (a partir de 1932), o automóvel, o caminhão, o rádio, a televisão, como que estão deixando apenas do sertão de outra época, as serras distantes e azuis, que estas serão sempre as mesmas ou nunca mudarão, como não mudam o mar e o céu.»
6-10-1920 - A Província. goo.gl/6N27ei 4ª  col. «Alagoa de Baixo, 5 (Do nosso correspondente especial) - Nas imediações da vila de Samambaia, deste município, foram assassinados e roubados um boiadeiro e dois portadores quando regressaram da feira de gado, da vila de Rio Branco. Depois de perpetrado o hediondo crime, o grupo homicida evadiu-se. O destacamento daqui é insuficiente para fazer o policiamento do município que é vasto.»

08-10-1920 - A Provínciagoo.gl/L8Quap, 7ª col. «Os horrores do sertão. Escreve-nos o sr. Eneas Gomes dos Santos, datando sua carta de Rio Branco, em 5 de outubro. […] Tendo vindo a esta localidade vender uma boiada, tive que me demorar por alguns dias, fazendo porém voltarem os meus tangerinos […] pernoitaram na proximidades do lugar denominado Jeritacó, a 16 léguas de Rio Branco, dois dias depois foram encontrados todos os três mortos […]. São tantos os grupos de degenerados salteadores que operam nas estradas, de modo a não se saber a quem atribuir a prática do delito. […]. Por aqui lamento o não ter a quem peça ao menos garantia para regressar ao sertão, pois a vila de Rio Branco, apesar de ser o centro mais comercial dos sertões de Pernambuco, um lugar com mais de dois mil habitantes, não dispõe de uma só praça de polícia que assegure a garantia pública. Os grupos de malfeitores, cruzam os caminhos com a curta distância de um quilômetro a esta localidade, pois contam com a proteção escandalosa dos políticos dominantes nos vizinhos municípios de Buíque e Alagoa de Baixo; não é de se admirar que em breve eles venham efetuar a “cobrança de impostos” dentro desta florescente vila Rio Branco.»

19-12-1923 - Jornal Pequenogoo.gl/6d2ZrM ,  6ª col. «Prefeitura do Recife. Nota oficial. […] o prefeito ter recebido resposta de consulta, enviada aos prefeitos de Garanhuns, Pesqueira [no então distrito Rio Branco], Caruaru e Vitória, localidades onde há feiras de gado […].»
1926 - 21-10-1934 - Diário da Manhãtinyurl.com/y8yhp56y , 2ª col.
«Em uma tarde de outubro de 1926, Lampeão com sua horda assaltou na fazenda Juá, do município de Floresta, um cercado onde pastavam 127 bois, pertencentes a um meu parente, destinados à feira de gado em Rio Branco, abatendo todos a balas, como uma torpe vingança, pelo fato de haver o seu dono se recusado a lhe fornecer munições e dinheiro.»

05-06-1928 - Jornal do Recife, goo.gl/SDYqzf 1ª  col. «Sertão em fome. […]. Quem assiste à uma feira de gado em Rio Branco, desola-se em ver a que estado está reduzida a nossa pecuária, não há uma só boiada gorda do nosso Estado, alguma partida de gado melhor é de origem baiana, essa mesma não pode chegar em boas condições, pois desde que passa para o nosso Estado nada encontra que comer, há travessias de 3 e 4 dias de caminhadas onde nem água para o gado existe. […].»

01-02-1929 - Jornal Pequenogoo.gl/LVVdJU, 3ª col. «[…] Desses dados, colhe-se que não tem havido feira de gado em Rio Branco, suprindo-se o Recife em Caruaru e Itabaiana. A feira de Caruaru não pode fornecer semanalmente mais de duzentas cabeças, distraídas a terça parte para alguns municípios próximos. A de Itabaiana não oferece margem apenas para 150 cabeças, que estão sujeitas a um novo imposto de trânsito de 13500 por cabeça […].»

11-06-1931 - Jornal Pequeno - goo.gl/UnL71i ,1ª col. «[…] Viajei do Recife a Rio Branco de automóvel - quatorze horas de martirizante viagem com duas pequenas paradas, uma na Vitória, para saborear o delicioso café do sr. Nestor & Holanda e outra em Caruaru, para o almoço no Grande Hotel. Manhã chuvosa, estradas ruins, chegamos felizmente vivos ao Rio Branco, onde tivemos fidalga hospedagem do sr. Getúlio Cézar, no Campo de Sementeira. […] No Rio Branco sente-se frio. Um frio delicioso, que me faz recordar o da primavera na América do Norte. Os campos estão verdes, o que dá ao sertão uma tonalidade de beleza e de alegria, em contraste à seca, que é o comum. Assisti a uma feira de gado. Quatrocentas cabeças, quase todas provenientes do norte da Bahia e do sul do Piauí. Pernambuco quase não tem pecuária. O gado passa a noite nos currais da municipalidade para ser pesado no dia seguinte. É uma exigência do comprador. Passa a noite preso, para que não coma, não beba nem se enlameie, a fim de não aumentar o peso. A balança é como as das usinas. Tange-se um lote para a balança, verifica-se o peso e abre-se a porta. À saída um indivíduo com ferro em brasa vai marcando com um número, uma por uma, cada rês pesada. Ao contato inesperado do ferro em brasa no pescoço o animal salta, escoiceia, urra e corre. Grande parte do gado de hoje foi adquirida pela firma André Bezerra, a razão de seiscentos e poucos réis o quilo, para o matadouro do Recife. O vendedor explica-me: o gado em pé dá apenas 50% de carne verde para o mercado, de modo que vendido a 600 réis corresponde a 1$200. - E o couro? e as unhas? e os chifres? e os ossos? e as fressuras? - interrogo. Tudo isto se vende no Recife, onde a carne está a 2$000. Vende-se, sim senhor, como também se vende o cabelo da cauda. É o lucro do matador. Por onde se vê a carne verde, não é mau negócio, pois, além do lucro da venda do couro, de chifres, de unhas, de fressuras etc. que nada custa, os arrendatários do matadouro cobrem-se com mais 60%, quando, por gentileza, nos vendem a carne com osso por 2$000. Mário Melo.»

08-12-1933  Diário de Pernambucogoo.gl/9bmF453ª col. «- Feira de gado de Rio Branco. O Sertão Jornal tratando de interesses da hinterlândia, registra novas iniciativas do governo municipal do Rio Branco.
Assim, depois de dar aos seus leitores notícia da inauguração, no próximo domingo da barragem do Salobro, ˜trabalho de alto alcance às necessidades locais. notadamente para a classe pobre, dos que não podem pagar 2$400 por uma carga de quatro latas d’água˜, - faz o seguinte registro:
˜Rio Branco é o centro de convergência das grandes ˜boiadas” que procedem do Piauí e da Bahia, sendo por isso grandemente movimentada a nossa “feira de gado”, que se realiza às quartas-feiras.
Localizada numa grande área do “bairro do Cuscuz”, o referido comércio de rezes é bastante concorrido pelos interessados.
A Prefeitura Municipal, por iniciativa do operoso chefe do executivo, o sr. dr. Luiz Coelho, atendendo ao acentuado movimento daquela feira, está construindo ali um amplo pavilhão de abrigo para os feireiros livrando-os de resolverem suas transações comerciais no campo livre, expostos ao sol causticante ou aos rigores dos dias invernosos.
É este mais um melhoramento de utilidade e que está sendo acolhido com muita simpatia.»

29-12-1933 - Diario de Pernambuco - goo.gl/hmi4go, 2ª col. «Melhoramentos em Rio Branco. A população de Rio Branco assistiu, festivamente, à inauguração dos novos melhoramentos municipais.
A barragem do Salobro, distante três quilômetros da cidade, tem capacidade para trezentos mil metros cúbicos d’água, estando o serviço de fundação do aterro com um volume de cerca de 3.770 metros cúbicos de matéria de boa qualidade.
O sangradouro é de alvenaria, defendido por uma placa de concreto armado.
No bairro do Cuscuz está o pavilhão da feira de gado com trinta e seis metros quadrados de área.
O Sertão Jornal, registrando essas inaugurações, diz:
“Melhoramentos de positiva utilidade pública tanto a barragem do Salobro como o pavilhão de feira de gado, atestam e concepção clara do ponto de vista administrativo com que vai o dr. Luiz Coelho governando o município, cuja estabilidade econômico-financeira é também uma afirmação que honra a um povo e dignifica a um governo.»

31-07-1938 - Diario de Pernambuco , goo.gl/cTTLyy2ª col. «-  […] Rio Branco - antigo centro comercial que vem cedendo lugar à Alagoa de Baixo. Estamos na zona da criação, do mocó e do caroá.
Fomos à feira de gado. A pecuária ali não é tratada de modo tão estúpido como nas bandas do oeste do Estado. A fazenda de criação que o governo mantém em Rio Branco já educou um pouco o fazendeiro daqueles mundos, que vai compreendendo a necessidade do zebu”. Os corumbás, na feira de gado falam nesses nomes ainda considerados difíceis para muitos fazendeiros zebu, gir, nelore, guzerá, gado puro, mestiço e uma porção de coisa que ouviram do veterinários do Estado e acham direito. Pegamos uma explicação pitoresca dum vendedor de gado:
-“Qué comprá, é zebu. Esse bicho é duro de morrê na seca qui nem jumento. Si o sinhô levá um desse prá fazenda, nunca mais tem garrote merim, feito gado criôlo”. […].»

23-04-1939 - Diario de Pernambuco-  goo.gl/GBDPRn, 1ª col.  «- […] Porque o sertão está seco e os rebanhos perecem de fome e de sede é que continuamos a importar, largamente, gado em pé dos estados vizinhos. Ainda na última quarta-feira, em Rio Branco, na feira de gado, onde havia 700 rezes, 10 eram de Pernambuco. O mais tinha vindo dos sertões baianos, através de fatigantes caminhadas.” As estatísticas oferecem ao estudioso dos problemas econômicos pernambucanos conclusões muito interessantes. E estas clamam pelo aproveitamento da zona sertaneja. Porque o litoral e a mata é que sustentam nossas exportações. No dia em que o governo federal se dispuser a realizar o plano em estudos de aproveitamento do São Francisco, então assinalaremos para Pernambuco um surto de verdadeira renovação.»

Foto do Diário de Pernambuco, 18-08-1945: “Tipo característico do vaqueiro da região”.

18-08-1945 - Diário de Pernambuco - goo.gl/gTuKYg, 2ª col.  «A feira de gado de Arcoverde. Arcoverde é um município que fica a 270 kms do Recife, à margem da estrada de ferro é cortada por estradas de rodagem. É uma cidade das mais movimentadas do interior do estado, em vista de sua posição. Toda gente que vai ou vem do alto sertão, gente que vem de certos municípios da Paraíba, Alagoas, Bahia, Goiás, Minas, Sergipe e outros estados passa por Arcoverde. É muito conhecida a feira de gado que se realiza ali, às quartas feiras. Afim de assistir a uma dessas feiras, a reportagem do DIARIO viajou esta semana para aquela cidade do interior.
Chegamos na terça-feira, à noite, e o movimento de criadores e boiadeiros já era grande. Viam-se, pela cidade, muitos tangeres, com sua vestimenta característica: alpercatas, chapéu de couro, um cacete e toda sua bagagem em torno do corpo, formando o que eles chamam o “malote”.
Milhares de animais. Os negócios se realizam, geralmente, na tarde da quarta-feira. Foi nessa ocasião que estivemos na feira. No fim da rua Augusto Cavalcanti ficam os currais. Uma enorme área, divididas em diversos currais - mais de 20 - fica apinhada de gado. Nada menos de 2.500 bois foram levados para a feira de gado de Arcoverde, no último dia 15. E quem viu, como nós, tanto boi junto, exposto à venda, fica pensando, sem encontrar explicação, porque havendo tanto gado ali, a população do Recife sofre tanto por falta de carne de boi. Vimos, ali, animais morrendo, cansados ou doentes das longas caminhadas. E chegamos a uma conclusão paradoxal, enquanto no Recife quase se morre de fome, por falta de carne de boi em Arcoverde os bois morrem e não tem quem os compre. Diante da quantidade de animais que vimos, procuramos saber se em todas as feiras a quantidade de gado era assim tão grande. Informaram-nos de que todas as quartas feiras o movimento era aquele. Na penúltima quarta-feira, dia 8 por exemplo, a quantidade de gado foi uma das maiores dos últimos tempos. Cerca de 3.000 bois. Na quarta-feira última, mais ou menos 2.500. E é assim toda quarta-feira.[…].»

20-08-1955 Diário de Pernambucogoo.gl/hyVKMh, 5ª col. «Falou o sr. Ney Maranhão. O orador seguinte foi o sr. Ney Maranhão. Afirmou que, na última feira de gado em Arcoverde, no dia 17 do corrente, comprara, ele pessoalmente, 714 bois, a diferentes preços, variando no mínimo de 280 cruzeiros ao máximo de 326 por arroba. Apresentou uma relação detalhada da compra feita, indicando a quantidade de cada partida comprada, o preço, o nome do vendedor e a origem do gado. Afirmou que o gado mais caro custa 328 cruzeiros a arroba. Tratava-se de animais de primeira qualidade, procedentes da Bahia e com mais de 10 arrobas cada um.»

17-09-1957 - Diario de Pernambucogoo.gl/2YpNXi, 6ª col.  «Arcoverde, vende-se boa propriedade, distante 14 quilômetros da maior feira de gado do estado [...].

11-04-1983  - Diário de Pernambuco -goo.gl/KpczJF3ª col. «Como medida que poderá incentivar o maior desenvolvimento da pecuária, o prefeito pretende promover o funcionamento da “Feira de Gado”, que há 30 anos deixou de ser realizada em Arcoverde  e que era considerada como a maior do estado, Para isso, ele manterá contatos com a direção regional do Banco do Brasil, no sentido de assegurar crédito mais fácil aos pecuaristas. O gado, atualmente, é vendido em Caruaru.»

Correios de Arcoverde



JORNAL DE ARCOVERDE n.299 – Setembro/Outubro de 2017

Correios em Arcoverde

Pedro Salviano Filho

Agência da E.C.T. - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, localizada à Praça Barão do Rio Branco, 9, Centro - Arcoverde, Pernambuco.
E.C.T. localizada à Avenida José Bonifácio, 632, São Cristóvão - Arcoverde, PE. (Fotos Jornal de Arcoverde, setembro de 2017).

Foi em 2 de janeiro de 1883 (há 134 anos!) que os Correios começaram a funcionar em Arcoverde (então Olho d´Água dos Bredos, nosso segundo topônimo).
Em 1951, Teófanes Chaves Ribeiro publicou em seu livro que “sua população era servida por uma agência Postal instalada em 1910”. Esta informação, que não pudemos confirmar em pesquisas, foi reproduzida em alguns outros livros sobre o nosso município.  
Somente em 1933 foi inaugurado o prédio da sua agência, na Praça Barão do Rio Branco.
Agora um convite aos leitores para um passeio sobre a história dos Correios, visitando inicialmente alguns livros e também jornais da época e esclarecendo alguns pontos históricos.

1951 - O Município de Arcoverde, Teófanes Chaves Ribeiro, 1951, Arcoverde, Prima.

Pág.3: «Vale salientar que, já naquela época, sua população era servida por uma Agência Postal instalada em 1910.»
Pág. 16: «Serviço Postal - Uma agência Postal de 2ª classe, funciona na sede, cujo agente é o sr. Gerson Tavares Campos. Edifício próprio confortavelmente instalado, onde funcionam correios e telégrafos.
Serviço telegráfico - Arcoverde dispõe de grande facilidade quanto ao serviço telegráfico, pois além do Telégrafo Nacional, de que é sede, fá-lo ainda através da Estação da Rede Ferroviária do Nordeste e da Estação de Rádio Telegrafia da Polícia Militar do Estado, instalada no edifício do cine Teatro Bandeirante, cuja inauguração foi efetuada em 20 de junho de 1950. A renda do serviço telegráfico, no Nacional, em 1950, foi de Cr$ 115.181,10.»
Comentário sobre o livro: 23-10-1951 -  Diario de Pernambuco, 2ª coluna (Um município sertanejo): goo.gl/n3DznT
Minha cidade, minha saudade, Recife-PE, 1972 - Luís Wilson,
Pág. 55: «[...] São filhos de Leonardo Pacheco de Albuquerque (6º  filho de Leonardo Duque): Valério (antigo funcionário dos Correios e Telégrafos em Rio Branco) falecido [...]. […] Leonardo Pacheco de Melo, que casou com D. Maria e são filhos do casal: 1 - Leonardo Pacheco Luna (Cambirimba), que foi o primeiro agente do Correio em Rio Branco), […]»
Pág.  138: «Dona Almerinda, sua esposa (hoje, com mais de 90 anos de idade), era agente do Correio, em uma casa na rua do Jatobá. A Agência mudou-se depois para a rua das Lombrigas. Antônio Napoleão, o filho mais velho do casal, fazia o serviço da Agência , ou ajudava dona Almerinda [...].»
Pág. 178: «... Nosso velho amigo Chico Numerador (Numerador, contou-me Milimba, foi um nome que veio do fato de "seu"Chico numerar dormentes, numa estrada, onde trabalhou, antes de fazer a mesma coisa com as cartas do Correio, em Rio Branco), era pai de 6 filhos [...].»
Pág. 232: «Em 1928 chegou a Rio Branco um telegrafista, no qual botaram o apelido de "Escanzinado", ou se chamava mesmo "Escanzinado". Tinha 3 filhos: um rapaz, chamado Ubirajara, e duas moças. João de "seu" Tito (João de Barros Correia) começou a namorar com uma das filhas de "Escanzinado", de nome Ivone, que uma tarde apareceu na loja, com 3 amiguinhas..... »
Pág. 340: «Vez por outra eu levava cartas de Belinha [1926] para botar no Correio que ficava depois da residência de Napoleão Xavier, perto da Igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, na casa de Chico Numerador.»
Pág. 400: «João (que em 1945, vendeu o "Ponto Certo"a Mário Caboré) e Rosália, funcionária dos Correios e Telégrafos, desde 1952 [,,,].»
Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Recife, 1982. Luís Wilson.
1910 (pág. 78)- «É instalada uma Agência Postal em Olho d'Água dos Bredos. Mais ou menos entre os anos de 1918 e 1929 era seu "agente"- Francisco Inácio de Freitas (Chico "Numerador"), pai de D. Maria (esposa de Aprígio Estevam Tavares), Quitéria (mãe de Maviael de Oliveira, que faz muitos anos, vive em João Pessoa, Estado da Paraíba), Zulmira (que casou com Napoleão Xavier, irmão do professor Elesier Xavier, ambos de Triunfo), e Manuel e José de Oliveira. Chamavam-no "Chico Numerador, porque numerava os dormentes da "Great Western", quando trabalhava naquela estrada, antes de vir para Rio Branco. O primeiro "agente" de nosso Correio foi Cambirimba.»

1933 (pág. 135) -«Neste ano ou no anterior, inauguração de nosso novo prédio dos Correios e Telégrafos, a um lado da caixa d'água da Estação da "Great Western" (lado esquerdo), presentes entre outras autoridades: Dr. Luís Coelho (prefeito do Município), Dr. Francisco Saboia (chefe da Comissão de Estudos e das Obras Contra Secas em Pernambuco e Alagoas, com sede em Rio Branco), Catuária Barreto (chefe do escritório daquele Serviço), Cel. Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Jé (tabelião público), Euclides Arantes (juiz municipal em exercício), Antônio Napoleão Arcoverde (Secretário da Prefeitura e diretor-proprietário de O AMIGO DO MATUTO), José Sampaio de Barros (funcionário federal), Joel de Holanda Cavalcanti (coletor estadual), Cel. Manuel Sinuca Mulatinho (comerciante), Demócrito Japiassu (coletor federal), Ernesto Lima (gerente de Pinto Alves e Cia. e da Sanbra, Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro) e Paulo Augusto de Oliveira (diretor do SERTÃO JORNAL em Rio Branco).»

Baboseiras. Waldemar Arcoverde. Avellar Gráfica e Editora, 1991.
Pág. 12. «D. Almerinda era também agente do Correio, ganhando vinte ou vinte e cinco mil réis por mês, dinheiro que nunca chegava em tempo e às vezes nem fora dele, mas a política ouvindo políticos mais influentes e mais políticos, demitiu D. Almerinda, sem mais aquela.»

Um resumo da história dos Correios está disponível no site dos Correios: goo.gl/KDBG7g

1809 – Ilustração Brasileira, 1922, goo.gl/a6dEHR , 2ª  col. «Decreto firmado pelo príncipe-regente D. João, depois D. João VI, organizando no Brasil a Repartição dos Correios.»

23-03-1882 Jornal do Recife, goo.gl/KGaiPh , 2ª  col. «Abaixo assinados, moradores e proprietários no distrito de Olho d´Água dos Bredos da freguesia de Cimbres - Informe o Sr. Administrador  dos correios.»

30-12-1882 Jornal do Recifegoo.gl/3U16UT , 5ª  col. «Administração dos Correios de Pernambuco. Faço público que do dia 2 de janeiro vindouro começa a funcionar a agência do correio da povoação de Olho d’Água do Bredos, comarca de Cimbres, sendo a mala expedida nos dias 2, 7, 12, 17, 22 e 27 de cada mês. Administração dos Correios de Pernambuco, 29 de dezembro de 1882 - O administrador, Affonso do Rego Barros.». Igual conteúdo, mesmo jornal, col.2, em 01-01-1883: goo.gl/1SA1VP

16-05-1885  - Jornal do Recifegoo.gl/KC2ets,  1ª col. «Edital - Correio Geral - Condução de malas terrestres. Esta repartição de conformidade com a Circular da Diretoria Geral de 13 de abril, aceita propostas até o dia 15 de junho vindouro, para contrato com particulares que durante o exercício de 1885-1886, se quiserem encarregar, por arrematação, do serviço da condução de malas postais para o interior da província, partindo desta cidade para as seguintes linhas de correios: […] Petrolina - 960 quilômetros, expedições nos dias 2, 7, 12, 17, 22 e 27, viagem máxima de 32 dias de ida e volta, passando por Olho d’Água dos Bredos, Floresta, Cabrobó e Boa Vista; “[…] Correio de Pernambuco, 14 de maio de 1885. O administrador Afonso do Rego Barros.»

20-08-1904 - Jornal do Recife,  goo.gl/YEdDer, 7ª  col. «Agentes postais. Por ato de ontem do dr. Administrador dos Correios […] por ter de retirar-se da localidade em que reside, foi exonerada do cargo de agente de Correios de Olho d’Água dos Bredos, d. Francisca Eleutéria de Mello e nomeada em substituição d. Jovina Maria dos Santos.»

18–05-1912 - Jornal do Recife, goo.gl/ukNeQm, 5ª col. «Pedimos para que soliciteis da administração dos correios, prolongar até a estação Barão do Rio Branco (Olho d’Água dos Bredos) a viagem do carteiro que transita nos trens de segundas, quartas e sextas feiras, até Pesqueira, a fim deste conduzir diretamente, mala para Olho d’Água dos Bredos, onde já tem agência postal, cujo correio para ali tem sido nas segundas e quintas feiras, seguindo de Pesqueira a pé até ali. É justo e necessário a bem da repartição e do comércio, que o digno administrador atenda este pedido. Agradecemos vosso concurso. Recife, 17 de maio de 1912 - Vossos assinantes.»

19-05-1912 Jornal do Recifegoo.gl/ysdn8K , 8ª col. «Repartição dos Correios. A 1ª  seção da administração dos Correios, devidamente autorizada, fornece à imprensa, para conhecimento do público o seguinte: Com referência às reclamações na “Província”, “Pernambuco” e “Jornal do Recife” de hoje relativas à condução de malas para Olho d’Água dos Bredos diretamente pela Great Western, o administrador manda informar o seguinte:  As providências solicitadas, são de exclusiva competência da diretoria geral (à qual  esta administração já deu conhecimento do prolongamento da estrada de ferro até aquela localidade, aguardando a respeito as necessárias ordens. As expedições de malas para a agência Olho d’Água dos Bredos verificam-se nos dias pares de cada mês e não somente nas segundas e quintas feiras como alegam os reclamantes, sendo de notar que os respectivos malotes que partem de Pesqueira e fazem o trajeto da viagem à pé, utilizam-se agora da Great Western para transportá-los.»

10-09-1912 - Jornal do Recifegoo.gl/PVrrLQ , 5ª col. «Repartição dos Correios […] a) suprimir  linha do correio de Pesqueira a Vila Bela por Olho d’Água dos Bredos e Alagoa de Baixo. b) criar uma linha de correio entre Olho d’Água dos Bredos e Vila Bela por Alagoa de Baixo; c) prolongar até Olho d’Água dos Bredos a Este da Central de Pernambuco a Pesqueira. Dando cumprimento à mesma reclamação, determinou o sr. administrador seja instalada no dia 22 do corrente a nova linha de Olho d’Água dos Bredos à Vila Bela por Alagoa de Baixo, para a qual transferiu os estafetas João Ferreira Leite, Mathias Ferreira Leite, Antônio José dos Santos, Sebastião Ferreira Leite, João Rodrigues Alves de Freitas, Thomas Ferreira Leite e João Severiano, da linha da linha ora extinta, de Pesqueira à Vila Bela, sendo estabelecido em sete o número de estafetas, devendo as respectivas malas ser fechadas nesta administração aos domingos, terças e quintas feiras, a começar de manhã, além do que a partida dos estafetas, no ponto inicial da linha, se verifique nas terças, quintas e sábados, às primeiras horas do dia, ficando marcado o prazo de 12 dias para a execução das viagens de ida e volta. Outrossim, sendo estabelecido novo horário para as expedições de Olho d’Água dos Bredos e Vila Bela e estando esta linha em comunicação com as de Vila Bela e Ouricuri por S. Francisco, S. José de Belmonte, Salgueiro e Leopoldina e Leopoldina e Exu, por Granito, foi recomendado que as expedições para essas últimas linhas possam ser feitas por esta repartição às quintas feiras e domingos, a começar do 12 do corrente. Fica designado o próximo dia 11 para ter lugar a primeira viagem dos condutores de malas até Olho d’Água dos Bredos, cujas malas devem ser fechadas pela agência central, que continuará a fazer expedições até Pesqueira nos dias em que o trem não chegar ao ponto terminal da linha. E como há muito tenha desaparecido a linha de Central e Vitória, figurando tão somente uma linha com a denominação de Central de Pernambuco a Olho d’Água dos Bredos, com 4 condutores, determinou o sr. administrador passasse a servir no percurso de toda a linha o condutor de malas José Maria de Holanda Cavalcanti, cabendo ao respectivo agente da Central designar, por escala, diariamente, com exceção aos domingos, um condutor para conduzir as malas até Vitória no trem de 3,50 da tarde, regressando na manhã do dia seguinte.»

29-03-1913 - Jornal do Recifegoo.gl/v8BJSh , 4ª  col. «Por portaria foi nomeado estafeta distribuidor da agência da Estação Central, José Rigueira Mello Trindade. Foi removido da linha Central a Olho d’Água dos Bredos, para a da Central a Vitória, o condutor de malas José Maria de Holanda Cavalcanti. Para exercer o cargo de condutor de malas da linha da Central a Olho d’Água dos Bredos, foi nomeado Antonio de Albuquerque Cavalcanti.».

26-04-1913 - Jornal do Recifegoo.gl/gDQEnt , 2ª col. «Foi criada uma linha entre Olho d’Água dos Bredos a Triunfo, passando por São José do Egito, Afogados da Ingazeira e Flores, com 302 quilômetros de extensão, servida por duas viagens semanais.»

02-07-1914 - Jornal do Recifegoo.gl/qAeWos , 5ª col. «Foi exonerado, a pedido, do lugar de condutor de malas da linha de Central a Olho d’Água dos Bredos, Antonio de Albuquerque Cavalcanti e nomeado, em substituição, Manoel Ferreira dos Santos.»

23-10-1917 –A Provinciagoo.gl/HY7aaN ,6ª col.: «Agência de Correios Olho d´Água dos Bredos  passa a denominar-se Rio Branco».

20-01-1925 - Diario de Pernambuco - goo.gl/e4quWv  2ª col. […]  Por ato de hoje, do sr. administrador dos Correios deste Estado, foi o cidadão José Cândido Galvão nomeado para o lugar de agente de Correio, de Rio Branco, neste Estado com os prazos de trinta e de sessenta dias, respectivamente, para a sua posse no referido lugar e a prestação da fiança da importância de um conto e quinhentos mil réis (1:500$000), a que fica obrigado a fazer afim de poder assumir o exercício de suas funções.

Vista panorâmica de Rio Branco em 1925. Álbum de Pesqueira – Rio Branco, adm. Cândido Cavalcanti de Brito 1923/1925; fotos de Nettinho (Severiano Jatobá Netto), cortesia de Marcelo Oliveira, de Pesqueira. A imagem (emendada) foi parcialmente mostrada no livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas), de Luís Wilson (pág. 106), onde há a citação que foi feita do “Cruzeiro”.

1927 - Almanak Adm., Merc. e Ind. RJgoo.gl/wq8e80, pág. 1012, vol.III. 3ª col. «Estado de Pernambuco - municípios Barão do Rio Branco. Vila e sede do 7º distrito do município de Pesqueira, ponto final da estrada de ferro da Great Western of Brazil Railway Co. da linha partindo do Recife da estação de Cinco Pontas. [...] Possui 900 casas e tem 4.500 habitantes. [...] Repartições e serviços federais. Correio. Agente: José Candido Galvão. Ajudante: José Pacheco Lima. Carteiros: Valério Pacheco de Albuquerque. Francisco Ignácio de Freitas. Telégrafo Nacional. Agente: Manoel Mendonça Junior. Auxiliar: Emílio de Almeida Lima.»
 Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luís Wilson, Recife, 1982. Pág. 189, com a legenda: «Casas comerciais de Rio Branco, na atual avenida Antônio Japiassu, em 1927. Na primeira casa, à esquerda, esteve durante muitos anos a agência de nosso correio "Chico Numerador").»


20-09-1930 - O  Cruzeiro – Filatelia - goo.gl/kDR1PH  

10-01-1931 - O  Cruzeiro - Correio aéreo -goo.gl/vGU2HE  

13-06-1931-  O Cruzeiro -  Telégrafo nacional - goo.gl/2pXBeN


1933
Texto do livro Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág . 76 : «[Administração Luís Coelho Alves da Silva]. Nessa administração foi inaugurado o novo prédio dos Correios e Telégrafos, para cuja construção concorreu o município com a doação do terreno, das telhas e dos tijolos, dispendendo a importância de 3:300$400.» Foto do livro  Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 64. Atual: goo.gl/maps/KQ5ZF 

10-01-1933 – Jornal do Recifegoo.gl/HvFomQ ,1ª col.: «A inauguração do edifício dos correios e telégrafos em Rio Branco. Sobre esse importante melhoramento de que acaba de ser dotado o futuroso município de Rio Branco, neste Estado, recebemos dali as seguintes informações telegráficas. “Com solenidade, acaba de ser inaugurado, novo prédio correio telégrafo sessão presidida doutor Luís Coelho prefeito municipal que pronunciou palavras referentes ação trabalhista governo revolucionário por melhoramento que tanto enriquece patrimônio União e beneficia população local tendo bem instalados serviço postal telegráfico”. Discursou em seguida jornalista Paulo Oliveira diretor "Sertão Jornal" que o referiu ao ato inaugural aludido também benefício acabava prestar governo ao comercio e interessados serviço público correios telégrafos. Solenidade teve presença engenheiro Francisco Saboya, chefe serviços ações funcionários federais estaduais municipais famílias e grupo musical Independentes. Após sessão houve danças e recepção bom acolhimento agente serviço local senhor Oscar Alves dos Santos que foi um dos maiores esforçados para abreviar inauguração novo prédio.»
Telégrafos no Brasil. Destaque (Pernambuco) de mapa de 1944. goo.gl/tKj7vq


03-06-1947 - Diario de Pernambucogoo.gl/LLdKSF   4ª  col. «[...] Os correios e telégrafos funcionam num prédio feito em 1932, para 1932 [3]! Para os dias que correm hoje um prédio acanhado, onde abnegados funcionários fazem o possível e impossível para bem servir ao público e se este não é melhor servido é que ninguém pode trabalhar vinte e quatro horas por dia. As ruas laterais servem para o depósito do lixo das ruas mais centrais. O caminhão que transporta uma parte do lixo é o mesmo que transporta a carne para o velho e carcomido açougue público.»

20-03-1969. Decreto lei nº 509. Dispõe sobre a transformação do Departamento dos Correios e Telégrafos em empresa pública, e dá outras providências. goo.gl/c8Hqqn

Em correspondência pessoal de Maria Bernadete Galvão [2017], arcoverdense que reside em São Paulo, obtivemos as informações:
«Meu pai, José Cândido de Galvão [citado acima, em 20-01-1925trabalhou 37 anos nos Correios e foi substituído pelo meu irmão Ismar de Moura Galvão, que lá ficou até a transformação ou seja quando os correios deixaram de ser estatal.
Foi Zeferino Galvão o responsável pela implantação da agência de Arcoverde. Meu irmão entrou como telegrafista, aprendeu com sr. Vital que logo se aposentou. Também eram telegrafistas Odete Vital e Justo Pacheco. Nessa época a tesoureira chefe era Nair Brito. Outros funcionários que consigo lembrar: Jonas, Tito, Carminha, Doralice e Edith Barbosa. »

1971 – Vista aérea de Arcoverde – (O Cruzeiro -18-11-1967 goo.gl/ENvc4R )

Energia elétrica em Arcoverde


JORNAL DE ARCOVERDE n.300 – Novembro/Dezembro de 2017


Energia elétrica em Arcoverde

Pedro Salviano Filho


Foi em dezembro de 1919, um mês após seu casamento, que o dinâmico empreendedor, cel. Augusto Cavalcanti, inaugurou a luz elétrica, essencial para o funcionamento do Cine Rio Branco, outra novidade sua, na então Vila Rio Branco (terceiro topônimo de Arcoverde).
Como postes de iluminação, eram utilizados trilhos da rede ferroviária que aparecem em muitas fotos da época.
O rápido desenvolvimento econômico que ocorria tornou o singelo motor, movido a óleo, insuficiente para acompanhar o ritmo, fazendo os gestores procurarem alternativa, em 1929, nos motores da Sanbra, que durou até 1948, quando a iluminação pública de Arcoverde passou a ser fornecida pela Elfasa (Empresa de Luz e Força de Arcoverde), sociedade de iniciativa particular.
Com a inauguração, em 15 de janeiro de 1955, da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso, finalmente surgia a solução para o grande problema da energia elétrica em toda região.
Na gestão do prefeito Murilo de Oliveira, em 1956, começava a construção da rede de alta tensão para, no dia 1º de março e 1957, ocorrer a inauguração, com a chegada definitiva da luz da Chesf.

Este recorte do jornal carioca Correio da Manhã, do dia 02-01-1920 – goo.gl/2psxPF,  7ª col. novamente esclarece a data correta das inaugurações da luz elétrica e do cinema em Arcoverde: dezembro de 1919. Mais informações: https://bit.ly/2XdYjm3
.
Foto de 1933/34, do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Ao fundo o “Serrote do Cruzeiro”. No prédio à esquerda do “Beco do Motor da Luz” (depois conhecido como “Beco do dr. Luiz Coelho”), era onde ficava o motor. Atualmente é Rua Vitorino José Freire: goo.gl/C9FwA6

Primeira fachada, onde aparece o nome “Cinema Rio Branco”. Detalhe de foto de 1932, do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. Pág. 176. 1982. Luís Wilson.

Pesquisando o tema em algumas publicações compartilhamos os fatos a seguir com os leitores:

15-01-1920 - Jornal do Recife ,goo.gl/Wa1FEI , 7ª col.: «[...] - O cinema "Rio Branco" tem proporcionado encantadoras "soirées" aos seus "habitués". A luz elétrica, quer pública, quer particular, fornecida pelo coronel Augusto Cavalcanti, continua regular, esperando este cavalheiro entrar em acordo com o município afim de melhor servir ao público em geral. Presentemente o coronel Augusto Cavalcanti fornece gratuitamente a iluminação pública o que vem provar a sua boa vontade de colaborar no progresso de Rio Branco. Rio Branco, 11-1-1920 (Do Correspondente). »[Sobre o cinema https://bit.ly/2Tk4jbP].


Arcoverde. História político-administrativa, 1995. Brasília-DF. Sebastião Calado Bastos.
Pág. 54 - «O Cel. Antonio Japyassu, em 1929, assinou um contrato com a Sanbra (Sociedade Algodoeira deu Nordeste Brasileiro), para fornecimento de luz elétrica. Como consequência, a cidade passou a dispor de um melhor serviço de iluminação pública e particular.»
Pág. 79 - «Ocorrendo um colapso no sistema de luz da cidade, o dr. Luís Coelho e alguns amigos, mesmo enfrentando dura oposição, conseguiram reabilitar-se-lo, sendo pois fundador e presidente da Elfasa - Empresa de Luz e Força de Arcoverde S/A.
Estava solucionado o problema de energia, pois essa empresa prestou inestimáveis serviços até a chegada da Chesf.»
[12-02-1956 – Diario de Pernambucogoo.gl/i1ynXd  3ª col. Convocação de Assembleia Geral.]
Pág. 122: «[Severiano José Freire Filho] Em 26 de outubro de 1947 foi eleito prefeito do município,"[...] Também durante sua administração, particulares fundaram a Elfasa (Empresa de Força e Luz de Arcoverde S/A) pois a energia elétrica era fornecida à cidade com bastante deficiência pela Sanbra, que tinha contrato assinado com a prefeitura desde 1929.»
Pág.142. «[...] Já estando Murilo à frente dos destinos de Arcoverde, o velho Diário de Pernambuco de março de 1956 noticiava que o Secretário de Viação, após despacho com o Governador Interino José Francisco, autorizara a construção da rede de alta tensão da cidade, bastando que a Chesf levasse até o município a linha de distribuição. E que a verba para esses serviços seria repassada pelo Fundo de Energia Elétrica, O Secretário Leal Sampaio declarava aos jornalistas que o Estado se encarregaria da construção da rede na cidade cuja potência seria igual à da Capital (13.800 kilowatt) em 60 ciclos.
Por essa ocasião o Dr. Paulo Parisio, que representava a Chesf no Estado, informava ao prefeito que os três transformadores já se encontravam em Recife e que a Companhia já estava providenciando a ligação dos cabos condutores de Pesqueira a Arcoverde.
Em 23 de junho de 1956, através de ofício, o prefeito dirigia-se ao Gal. Carlos Berenhouser Junior, Diretor-Comercial da Chesf, dando conta das providências que a prefeitura estava adotando, como a remodelação da rede distribuidora e a chegada de grande parte do material necessário, ou seja, postes, fios, isoladores e cruzetas. Logo em seguida, dia 28, o Dr. Berenhauser enviava do Rio telegrama ao prefeito Murilo de Oliveira, congratulando-se com este pelos esforços empreendidos, o que possibilitava abreviar o prazo para a chegada da luz elétrica ao município.
No mês seguinte, em julho, Murilo esteve em Paulo Afonso com o Dr. Alves de Souza, presidente da Chesf, ocasião em que essa autoridade prometeu chegar com a linha de transmissão a Arcoverde no mês de novembro. Entretanto, dificuldades técnicas não o permitiram.
Em setembro de 1956 o diretor do DAE, engenheiro Telmo Maciel, através do ofício n. 1.101 informava ao prefeito a pretensão do Governo em administrar diretamente os serviços de energia, com a criação do Serviço de Industrialização de Luz e Força de Arcoverde (Silfa), como consequência da encampação da empresa fornecedora de energia elétrica.
Nesse mesmo mês estiveram na cidade os engenheiros Gadelha e Nigri, da Chesf, para o acerto em definitivo da questão do terreno destinado à instalação da subestação abaixada que serviria a cidade de energia farta e barata.
A esta altura surgiria um complicador. Escolhido o local, formou o prefeito uma Comissão de três pessoas (Pedro de Oliveira, Félix de Paiva e Secundino Lúcio dos Santos), para que fosse avaliado o terreno onde seria instalada a subestação. A prefeitura necessitava desapropriar um hectare no Bairro da Boa Vista, de uma propriedade de dois mil hectares entre Pesqueira e Arcoverde.
Essa área, a ser doada à Chesf, foi avaliada em trinta mil cruzeiros. O proprietário exigia cem mil. Nem um centavo a menos.
Não houve como conciliar o preço exigido e o estipulado pela Comissão. Teve Murilo que recorrer à Lei n. 3.365, de 21 de junho de 1941, editada por Getúlio Vargas, dispondo sobre desapropriações por utilidade pública. Verificando-se os arquivos da prefeitura, ficou constatado que o proprietário da gleba de dois mil hectares pagava impostos com base em declaração de que o mesmo valia hum mil cruzeiros.
Baixou então o prefeito a Lei Municipal n.331, de 16 de novembro de 1956, desapropriando, por utilidade pública, uma gleba de terra medindo 100 x 100 metros, a ser desmembrada da Fazenda Boa Vista, da propriedade Aldeia Velha, destinada à construção da subestação da Chesf, por Cr$ 5.000,00. Como o proprietário não concordava com esse valor, foi feito o depósito em seu nome no Banco do Brasil
Com base no Decreto Municipal n. 1, de 17 de novembro de 1956, o chefe do executivo assinou a respectiva escritura pública de doação à referida Companhia.
Essa atitude, necessária para que Arcoverde recebesse a luz de Paulo Afonso, causou sérios transtornos políticos ao prefeito, em vista do rompimento que se verificou tanto com o proprietário do terreno quanto com o próprio vice-prefeito, entre outros.
Por se tornar necessário readaptar a rede elétrica, vários problemas técnicos foram enfrentados junto ao Departamento de Águas e Energia da Secretaria de Viação e à Chesf.
Em dezembro de 1956 a rede de transmissão Pesqueira-Arcoverde, confiada à firma "Morrison", já estava instalada. No perímetro urbano estava em fase de conclusão o primeiro circuito, que partia do Bairro da Boa Vista em demanda à Av. Pinto de Campos. Em seguida eram iniciados os trabalhos o segundo circuito, o qual terminava no depósito da Shell, próximo ao Campo de Aviação.
Além da doação do terreno para a subestação, a prefeitura cedeu um prédio para o almoxarifado do DAE e colocou pessoal e material à disposição desse Departamento.
Valeo o esforço, justiça se faça. O determinismo de Murilo estabelecera o fiat lux. E numa sexta-feira, dia 1º de março de 1957, em Arcoverde fez-se luz.
A Avenida Zeferino Galvão (Rua da Linha) era o cartão postal da cidade para aqueles que viajavam de trem.
O prefeito Murilo preocupou-se com o aspecto plástico dessa artéria, visando mostrar a realidade da urbe.
Empreendeu, então, a construção do cais dessa avenida, obra esta que seus adversários e detratores insistem em citar como sua única realização.
Como infraestrutura dessa obra, foi construída uma galeria de médio porte, com cerca de oitocentos metros de extensão, indo do prédio da antiga Pinto Alves até a residência de José Bezerra, toda escavada em moledo duro e recoberta com lajões, sobre a qual foi colocado o calçamento. Também ali o governo municipal construiu a extensão  da rede abastecera de água, em ferro fundido de três polegadas, assentada pela calçada do lado par, derivada da tubulação de oito polegadas à altura do prédio da Sanbra, atual Cecora.
A arborização em flamboyant, nas laterais e centro da avenida, foi feita a partir de pequenas mudas cedidas pela prefeitura de Recife.
Há de se registrar que o governo municipal teve de enfrentar um grande problema em relação a essa obra.
A Rede Ferroviária do Nordeste (RFN) embargou a construção do Cais da Rua da Linha, exigindo vinte metros para cada lado da linha férrea.
Acionado pelo prefeito Murilo de Oliveira Lira, o Cel. José Bezerra resolveu a demanda, junto ao Ministro José Américo. [...].»

Nos nove meses que antecederam a inauguração informa-se que Arcoverde ficou sem energia elétrica.


Minha cidade, minha saudade.  Rio Branco (Arcoverde). Reminiscências. 1972. Luís Wilson
Pág. 306  - «Os postes da iluminação pública eram poucos e de trilhos da Great Western. Lá no alto, uma lâmpada de 5 ou 10 velas, com um chapeuzinho em cima. Quase em frente à nossa casa, exatamente na divisa do chalé do dr. Leonardo Arcoverde com a atual residência do dr. Luiz Coelho, havia um daqueles postes, onde eu, à noite, e mais dois ou três amigos, batíamos, às vezes, com uma moeda, das grandes, de 200 réis, e era uma batucada que devia encher todo o mundo. No fim da rua, na entrada do beco que vai para Buíque, recordo-me de outro poste, embaixo do qual conversava, até altas horas, o meu velho amigo Mário Caboré. Só subia para a "Vila Almerinda" depois que a luz dava o sinal de apagar-se.»


Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Pág. 176, Luís Wilson.

Pág.86. «[...] Ainda em 1917 [1919], Augusto Cavalcanti (Augusto Mouco), ilumina também com luz elétrica a sua cidadezinha. O motor ficava no beco que dá passagem de nossa atual av. cel. Antonio Japiassu para a rua Velha, hoje, "Beco do dr. Luís Coelho. Era antes o "Beco do motor da luz”. Nossas ruas não foram iluminadas antes com campeões de gás, como aconteceu com as do Recife, as de Pesqueira e as de outras cidades do interior do Estado, não tendo tido, assim, Olho d'Água dos Bredos ou Rio Branco, em outra época, o seu "acendedor de lampiões". [...] Ainda naquele ano de 1917, a Rua Velha (nossa primeira rua, passa a ser denominada "Rua Leonardo Pacheco Couto”.)»

Pág. 103 - «A Sanbra, cujos edifícios foram inaugurados no dia 8-12-1919, era nosso principal estabelecimento fabril, acionado por dois motores Deutz de 265 HP, mantendo no período da safra cerca de 200 operários.»

Pág. 122:  «1929 - «O cel. Antonio Japiassu, prefeito do município, assina um contrato com a "Sanbra" para o fornecimento de luz elétrica a Rio Branco, que passa a ter um melhor serviço de iluminação pública e particular. Com o velho motor do cel. Augusto Cavalcanti ficávamos, vez por outra, 10, 15 e 20 dias sem luz. Voltávamos às candeias de azeite, às velas (primitivamente de sebo, depois de cera e depois, ainda, de estearina ou de espermacete), aos bicos de "carbureto", de ótima luz (mais utilizados em nossas casas de comércio, das 5 e meia ou das 6 às 8 e às 10 horas da noite), aos alcoviteiros (candeeiros de flandeiros, surgidos depois que na quarta década do século passado apareceu o gás líquido ou o querosene), aos candeeiros com mangas de vidro, de parede, ou de suspensão (a estes últimos chamados "candeeiros belgas") e às lâmpadas à álcool.»

Pág. 167: «1948 - A iluminação pública de Arcoverde passa a ser fornecida pela Elfasa (Empresa de Luz e Força de Arcoverde), sociedade de iniciativa particular, fundada a 28 de junho, por elementos de projeção da cidade. Substituíra a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro - Sanbra, com a qual o município tinha um contrato desde o ano de 1929 (administração cel. Antonio Japiassu).»

Pág. 183: «1955 - Inauguração, a 15 de janeiro, da Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso, pelo presidente Café Filho, entrando em funcionamento com 2 grupos geradores de 60.000Kv, cada um, tendo sua capacidade projetada para a capacidade de 1.000.000 de Kw.»

Pág. 184: «1957 - No dia 1º de março Arcoverde é beneficiada com luz e força da Cachoeira de Paulo Afonso, acendendo-se as lâmpadas de suas principais ruas. Luís Gonzaga e José Dantas (intérpretes extraordinários da alma do Sertão e de sua gente) nos dariam alguns anos depois (1965) o baião “Paulo Afonso”[ goo.gl/vr3wwB ]:

«Delmiro deu a ideia
Apolônio aproveitou
Getúlio fez o decreto
E Dutra realizou
O Presidente Café
A Assim inaugurou
E graças a esse feito
De homens que têm valor
Meu Paulo Afonso foi sonho
Que já se concretizou
Olhando pra Paulo Afonso
Eu louvo o nosso engenheiro
Louvo o nosso cossaco
Caboclo bom verdadeiro».



Foto de 1922.  Na hoje Av. cel. Antonio Japiassu. Postes de iluminação pública. Foto do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. Pág. 44, Luís Wilson, 1982. E do livro Minha cidade, minha saudade.  Rio Branco (Arcoverde). Reminiscências. 1972. Luís Wilson. Pág. 39.




1933 - Postes de iluminação na ora Av. Cel. Antonio Japiassu. Do livro Minha cidade, minha saudade . Rio Branco (Arcoverde). Reminiscências. 1972. Luís Wilson. Pág. 323.
Foto de 25-10-1933 da então av. João Pessoa (hoje col. Antonio Japiassu), onde à esquerda aparece o grupo escolar Sérgio Loreto (depois de 1930, grupo Escolar Quatro de Outubro, hoje Secretaria da Fazenda, Agência da Receita Estadual, Sefaz (goo.gl/maps/beXrt), Escola Monsenhor Fabrício (recém demolida) e o cinema Rio Branco. Foto do livro do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas.  1982. Luís Wilson.


 Murilo de Oliveira Lira (prefeito, de 1955 a 1959). Na primeira imagem, aos 18 anos, em 1942. 

Acima, inspeciona a montagem da linha de transmissão entre Arcoverde e Pesqueira. Abaixo imagem de Murilo de Oliveira, já residindo em Recife, no ano de 1984, aos 60 anos de idade. (Fotos: acervo da família).


18-10-1945 - A Noite, bit.ly/1IdqcKZ, 9ª col.: «Arcoverde - Em meu nome e no das classes produtoras deste município, manifestamos nossos aplausos pelo ato benemérito de V. Excia. consubstanciado no decreto de criação da Cia. Hidro Elétrica de São Francisco, que vem demonstrar a todos os brasileiros conscientes, a atitude progressista do Governo de V. Excia. Respeitosas saudações - Severiano Freire, prefeito.»
1947 – O Cruzeirogoo.gl/bzSfc5  Um novo surto de prosperidade para o Nordeste.
29-08-1951 – Diário Oficial,  bit.ly/1IuAA0i,  Encampação Elfesa; 02-09-1951 – Mais, 11-09-1951, bit.ly/1IdDes1, Sugestão de requerimento à Chesf para inclusão de Arcoverde. bit.ly/1OFI31h, Mais: 11-09-1951, bit.ly/1KELdo2, Requerimento 375; Mais: 22-09-1951, bit.ly/1JW978M, Parecer 752. 
1955  O Cruzeiro – Salvação de Paulo Afonso. goo.gl/JeYdF1

2007 – Como surgiu a Chesf - goo.gl/tL9tKd

2007 - Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco). goo.gl/vA51dt

2016 -  História da Celpe – goo.gl/ufj8tq. Energia em Pernambuco.


Prefeitura Municipal de Arcoverde



JORNAL DE ARCOVERDE n.301 – Janeiro/Fevereiro de 2018

Prefeitura Municipal de Arcoverde

Por Pedro Salviano Filho


A posse do primeiro prefeito eleito do município de Rio Branco (3º topônimo de Arcoverde), sr. Antonio Japiassu, ocorreu no dia 15 de novembro de 1928, no primeiro paço municipal, no local onde depois foi a Sorveteria Caboré.
Inaugurado em 7 de setembro de 1941, o segundo paço municipal se localizava na mesma avenida, hoje av. Antonio Japiassu, e contou com a presença do então interventor federal em Pernambuco, Agamenon Magalhães.
Já o prédio atual da Prefeitura de Arcoverde foi inaugurado em 30 de janeiro de 1977, quando o sr. Arlindo Pacheco finalizava seu mandato de prefeito de Arcoverde.
Procurando esclarecer sobre onde, como e quando funcionou a Prefeitura Municipal de Arcoverde nesses quase 90 anos, mostramos para os leitores desta coluna novos aspectos deste assunto pouco estudado.

Localizada na hoje av. Antonio Japiassu, a primeira prefeitura ficava ao lado de uma padaria (ver foto acima) e onde posteriormente funcionou a sorveteria “Caboré” e atualmente funciona uma livraria (ver texto e fotos abaixo). No livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 66, está a primeira foto acima com a legenda: «Em 1935, em frente ao prédio da Prefeitura Municipal acontecia o primeiro exame de motoristas. Presentes o prefeito Antônio Napoleão Arcoverde, inspetor, coronel, capitão e demais autoridades[...].».


A Sorveteria Caboré pertenceu a Mário “Caboré” Arcoverde, que a adquiriu de João Rafael em 1945, e se localizava entre a Casa Sálvio Napoleão e a Padaria Confiança. Hoje o local é ocupado pela livraria “Grafite”. (Foto abaixo, do Jornal de Arcoverde, janeiro 2018).


Sobre o primeiro Paço Municipal:
Inauguração em 15 de novembro de 1928. Esta coluna já apresentou informações sobre a posse do primeiro prefeito eleito em goo.gl/5ws8pV.
1928 - A Provincia, edição 270, do dia 21 de novembro de 1928, na página 2, goo.gl/ORD5rX , 5ª col. aparece a cobertura jornalística do evento: «Tiveram muito brilho as festas realizadas, nesta cidade, não só para comemorar a data da proclamação da República como para solenizar a posse da sua primeira administração. A posse foi solene no edifício do Paço Municipal perante seleta assistência. Presidiu o ato o juiz municipal de Pesqueira que empossou o prefeito e conselheiros. Às 17 horas efetuou-se a passeata escolar.[...]». No dia seguinte o mesmo jornal mostra mais detalhes: goo.gl/1d9DUs , 4ª col.: “Podemos hoje dar mais pormenores sobre as festas comemorativas do dia 15 de novembro, nesta cidade, em adiantamento à correspondência de ontem. Às 5 horas da manhã após a alvorada tocada pela banda musical, teve início a parada escolar tomando parte perto de cem crianças. Ao meio dia teve lugar a posse do coronel Antônio Japiassu para prefeito do novo município. O Paço Municipal estava repleto do que havia do mais distinto na sociedade riobranquense e demais cidades limítrofes. O coronel Japiassu deu ingresso no recinto ladeado pelo deputado Dr. Gilberto Fraga Rocha, Dr. Carneiro Leão, sr. Caetano Manoel e todos os conselheiros, sendo carinhosamente recebido pela assistência. Em seguida prestam o compromisso legal sendo o ato presidido pelo Dr. Zacarias dos Santos, juiz municipal de Pesqueira. às 7 horas da noite realizou-se o banquete oferecido ao coronel Japiassu pelos seus amigos, no hotel "Bolleiro", que estava ornamentado e feericamente iluminado. [...] À noite realizou-se animado baile no Paço Municipal, que estava interno e exteriormente iluminado, prolongando-se as danças até alta madrugada [...].»
1935 – Correio da Manhã, 05-09-1935- tinyurl.com/y76yospc5ª col. As programações das comemorações cívicas sempre tinham início na frente da Prefeitura Municipal. Como exemplo, as intensas atividades festivas dos dias 7 e 11 de setembro podem ser avaliadas na edição do Diário da Manhã, de 1935.

Arcoverde-História político  administrativa. 1995. Sebastião Calado Bastos. Brasília-DF.Pág. 74: «Ainda na administração do dr. Coelho foi adquirido na artéria principal um prédio (que posteriormente viria a ser a Sorveteria Caboré) que recebeu adaptações para funcionar como sede da Prefeitura. [...]»

Minha cidade, minha saudade. Rio Branco (Arcoverde). Reminiscências. 1972. Luís Wilson. pág.471.
1937 – O Combate – 30-05-1937. [...]«As audiências cíveis no Juízo de Direito desta Comarca e do Juízo de Órfãos realizam-se às sextas-feiras pelas 14 horas no Edifício da Prefeitura Municipal. As da Provedoria e Feitos da Fazenda Estadual e Municipal serão dadas às terças-feiras, às mesmas horas e no mesmo local.
A Prefeitura Municipal de Rio Branco, naquela época, ficava no prédio de duas portas de frente, entre a “Casa Sálvio Napoleão” e a “Padaria Caprichosa”, de Mário Caboré”.

A segunda sede da Prefeitura Municipal:


1936 - Diario da Manhã – 13-09-1936 – 6ª col. PLANTA TOPOGRÁFICA RIO BRANCO
Nesta planta podemos observar que, apesar do grande desenvolvimento que vivia Rio Branco, ainda era pequena a nova cidade. O Riacho do Mel ladeava as poucas avenidas e ruas, como bem confirmam as fotos daqueles anos 30.

O destaque acima de uma foto de 1933 do livro Minha cidade, minha saudade. Rio Branco (Arcoverde). Reminiscências. 1972. Luís Wilson, pág. 323, mostra no 3º prédio à esquerda, na esquina, então açougue público municipal (hoje ACA – Associação Comercial e Empresarial de Arcoverde, ao lado da câmara municipal goo.gl/maps/f7jaK), e, na esquina oposta, na praça do livramento, as três casas adquiridas em 1938 na gestão do prefeito Delmiro Freire, para futuro edifício da prefeitura municipal. Ao fundo destas, as duas torres da antiga igreja do Livramento.

1938 - Diario da Manhã, 11-10-1938, tinyurl.com/y88vzkzw, 6ª col. «De Rio Branco - Tenho satisfação de comunicar vossência acabo efetuar pagamento desapropriação grupo três casas rua principal cidade valor 4:000$000 as quais serão demolidas a fim de ser no local construído Paço Municipal cuja obra tenho objetivo iniciar brevemente. (a) Delmiro Freire, prefeito.»

1939 - Diario do Estado - 14-11-1939, bit.ly/1E200jj ,1ª col.: «Inauguração de bueiro de 22 m ligando a rua Padre Roma com prç. João Pessoa e escola Cardeal Arcoverde recentemente construída bem como assentamento da pedra fundamental do futuro edifício da Prefeitura Municipal, Tenente Olímpio Marques, prefeito.»

1940 – Diario da Manhã – 01-08-1940, tinyurl.com/yc7koztp , 3ª col. «Interventor Agamenon Magalhães (foto dos eleitos)… “A tarde, prosseguirá viagem até Rio Branco onde inspecionará as obras de construção do prédio destinado ao Paço Municipal.»
Diario de Pernambuco - 3-08-1940: goo.gl/xrDjVz , 3ª  col. Mesma notícia acima.



1941 - A Manhã (RJ), 07-09-1941  - goo.gl/bV89Qb , 2ª col.: “O interventor Agamenon Magalhães inaugura em Rio Branco o Paço Municipal.” Mais: 10-09-1941, goo.gl/dXlGpp , 1ª col.
Minha cidade, minha saudade. Rio Branco (Arcoverde). Reminiscências. 1972. Luís Wilson. Pág. 400«João Rafael  em 1945, vendeu o “Ponto Certo” a Mário Caboré [...].»



Em frente ao caminhão, que aparece nesta foto, está o açougue público inaugurado em 1925 (na atualidade goo.gl/maps/f7jaK - ver também edição anterior: goo.gl/XggCjX ), em frente “à rua que vai para Buíque”.  Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).


No canto esquerdo aparece pequena parte do açougue público, na outra esquina a PMA, ainda sem quiosques (ver imagem abaixo). Paralelamente à av. Antonio Japiassu, algumas casas na rua Zeferino Galvão. Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).




Arcoverde-História político  administrativa. 1995. Sebastião Calado Bastos. Brasília-DF.Pág.103
«O tenente Olímpio Marques de Oliveira, que esteve à frente do executivo de 25 de maio de 1939 a 22 de setembro de 1943, realizou muitas obras. […] No seu segundo ano de governo, foi alienado o patamar da igreja de Nossa Senhora do Livramento para construção de um prédio de dois pavimentos, para abrigar a prefeitura e o fórum, edificação que serviu de sede ao Poder Executivo Municipal até a administração  Arlindo Pacheco. A proposta de alienação, de início, sofreu grande resistência por parte do Pe. Luiz Wanderley Simões (1915-   ) e dos Vicentinos, pois argumentavam que a construção de um prédio ali tiraria a vista da igreja. Mas, finalmente, igreja e prefeitura chegaram a um acordo.»
Pág. 141 - «[…] A Escola Monsenhor Fabrício - apesar de muitas informações em contrário - pertencia à Prefeitura. Quando o tenente Olímpio, como prefeito, resolveu construir o prédio da prefeitura ao lado da igreja de Nossa Senhora do Livramento, propôs a troca da escola pelo espaço contíguo à igreja. De início houve muita resistência por parte dos Vicentinos. Porém, após alguns entendimentos, aconteceu a permuta. Essa permuta, por delegação do Vaticano, foi assinada pelo Pe. Luiz Wanderley Simões, representando a Igreja. Tal documento foi entregue ao Pe. Luiz como souvenir, pouco tempo antes da morte desse clérigo, por Murilo Lira.»

O prédio da segunda prefeitura estava cedido à Secretaria de Desenvolvimento do Governo do Estado para funcionamento da Agência do Trabalho e em fevereiro de 2017 houve um incêndio, ficando desativado desde então. Foto Jornal de Arcoverde, janeiro 2018.



O terceiro (e atual) prédio da Prefeitura Municipal de Arcoverde:
Arcoverde-História político  administrativa. 1995. Sebastião Calado Bastos. Brasília-DF.Pág.184 - «Arlindo Pacheco, como prefeito, construiu o novo prédio da prefeitura na avenida Pinto de Campos.»

1976 - Diario de Pernambuco - 25-12-1976, goo.gl/6bRdmc , 6ª  col. «O Palácio Municipal já em fase de conclusão. Deverá ser inaugurado pelo atual prefeito, capitão Arlindo Pacheco de Albuquerque.»

1977 – Diario de Pernambuco -  30-01-1977 - goo.gl/sNTYKq  4ª  col. «O novo Palácio Municipal foi inaugurado pelo prefeito Arlindo Pacheco de Albuquerque.»

No dia 31 de janeiro de 1977 teve posse o sr. Áureo Bradley e seu mandato foi prorrogado até 31 de janeiro de 1983.

O atual prédio da Prefeitura Municipal de Arcoverde se localiza na rua Cap. Arlindo Pacheco de Albuquerque, 88. Centro. (Foto Jornal de Arcoverde, janeiro 2018).

Paróquia Nossa Senhora do Livramento de Arcoverde


JORNAL DE ARCOVERDE n.302 – Março/Abril de 2018

Paróquia Nossa Senhora do Livramento de Arcoverde

Pedro Salviano Filho

Em 1841 há um registro da existência da capela curada de N.S. do Livramento, em Olho d'Água (primeiro topônimo de Arcoverde), que se presume, sofreu uma primeira reforma em 1865.
Apesar dos estudos para construção de um novo prédio, que seria localizado onde posteriormente foi construído o cine Bandeirante, incluindo a colocação de pedra fundamental em janeiro de 1940, somente em junho daquele ano teve início a reconstrução, no mesmo local, a atual matriz. Dois anos depois, em 1942, já estavam prontas as novas construções, incluindo uma casa paroquial. Em janeiro de 1945 acontecia a “festa de maior expressão de nossa padroeira”.
Em 1919, pelo Decreto n. 2, do Paço Episcopal de Pesqueira, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento que fará um século no próximo ano.
Tentamos, assim, recompor a linha do tempo com os dados coletados, desde as mais remotas informações. 

Século 19

1818 - Nos próprios livros da Igreja Católica, encontrei o registro de matrimônio  (planilha em goo.gl/KNokLQ) do pioneiro Leonardo Pacheco Couto, apresentado abaixo.

goo.gl/8NzYdU (imagem 3227/3673)
«Aos vinte e quatro de novembro de mil oitocentos e dezoito, no lugar Engenho nesta freguesia de Nossa Senhora das Montanhas da vila de Cimbres, tendo sido feitos as [diligencias], sem impedimento, tendo o nubente justificado o seu estado livre e dado fiança nos banhos da sua origem, como .. grista domandado que ... precedendo confissão, exame de doutrina cristã em minha presença e das testemunhas ... Luiz Cavalcanti, Francisco de Bernardes Rego, casados, moradores nesta freguesia, e receberam em matrimonio Leonardo Pacheco e Anna Antonia, brancos, aquele filho legítimo de Duarte Pereira e Francisca da Piedade, e esta filha legítima de Duarte Benevides Cordeiro e Antonia Maria, logo lhes fiz as benções nupciais e para constar fiz este assento que assino. Vicente Ferrer de Mello Vigário interino.»
1841-
Livro de Atas das Sessões da Câmara Municipal de Cimbres de 1840 a 1854. Centro de Estudos de História Municipal – CEHM. Recife, 2016. Pág. 16.
«Ata da Sessão Extraordinária de 28 de fevereiro de 1841. Presidência do Senhor Pessoa de Siqueira. [...] Foi enviada ao Governo da Província para apresentar a Assembleia legislativa provincial uma representação dos habitantes da povoação de Olho d´Água, exigindo a nomeação do juiz de Paz para aquele lugar por estar em circunstâncias de capela curada, e criação de cadeira de primeiras letras[...].»

Foi o pioneiro Leonardo Pacheco quem em terras da sua fazenda Santa Rita, mandou levantar uma Igrejinha sob o orago de Nossa Senhora do Livramento.
Também os registros dos livros mostram os primeiros batizados realizados na igreja de Olho d’Água, nosso primeiro topônimo. E no mesmo local em que se acha hoje a matriz! Descendo da matriz de Cimbres, os padres ali realizavam os batizados, matrimônios etc., registrando nos livros da Igreja. Neles aparece, inclusive, os nomes de Leonardo Pacheco e sua esposa. goo.gl/4dBisW

1843-Livro de batismo de Cimbres (1842-1846) da Igreja católica. Primeiros batizados na capela de Olho d´Água



«Jacinto, pardo, de um ano e meio, filho legítimo de Francisco Alves .. e Ana Maria Cavalcanti, moradores no Melado, foi batizado solenemente por mim na Capela de Olho d’Água no dia vinte de maio de mil oitocentos e quarenta e três; foram padrinhos João Domingues da Silva e Cunha e Maria Joaquina Cordeiro, moradores no Tamboril, do que mandei fazer este assento que assino Manoel José dos Prazeres.
Vigário interino.»

Em 1843 ainda não havia estrada entre Cimbres e Olho d´Água e provavelmente o vigário interino, padre Manoel José dos Prazeres, descia em lombo de mula para ali realizar os primeiros batizados. Os registros assinados por ele incluem muitos nomes das primitivas fazendas de criação de gado que se desenvolviam.
Apenas no meio do século 19 é que foi construída a primeira estrada, o Caminho das Boiadas ou Roteiro de Ipojuca, ligando a vila de Pesqueira a Olho d´Água.

1865 -
Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos, Recife, 1978, volume 3, pág.  911, Luís Wilson. goo.gl/NTF6v3

«Em terras de sua Fazenda Santa Rita, que naquela época vinha até os limites urbanos e suburbanos da atual cidade de Arcoverde, confinando ao pé da Serra da Caiçara, na Boa Vista, com a Fazenda Bredos, de João Nepomuceno de Siqueira Melo (João dos Bredos), mandou o Capitão Leonardo Pacheco Couto levantar uma Igrejinha sob o orago de Nossa Senhora do Livramento, acima de cuja porta principal lia-se até o ano de 1939 ou de 1940 (quando a derrubaram para construírem outra Igreja no mesmo local): — "1865".
A data de 1865 parece ter sido, todavia, a de uma reforma da capelinha e não a de sua construção, porque a 04.05.1843, o velho Capitão Leonardo Couto já doente, fazia curador de todos os seus bens e interesses o filho mais velho Capitão Verissimo José do Couto, então com 24 anos de idade (v. documento do Arq. de Orlando Cavalcanti) .
Seria possível Leonardo Pacheco Couto ter mandado construir a Igrejinha 22 anos depois, mas sabe-se que um dia, quando levantavam a capelinha, um trabalhador ou um operário caiu de um andaime muito alto e o Capitão, naquela ocasião na Igreja, "onde estava sempre vendo os trabalhos de sua construção", teria dito: — Valha-me Nossa Senhora do Livramento! — tendo sido o fato de nada o homem ter sofrido (tomado pelo português como um milagre), que teria dado lugar a que a padroeira da Igrejinha fosse Nossa Senhora do Livramento.»
1865 – Diário de Pernambuco
A edição de 15-09-1865 do Diário de Pernambuco apresenta uma pequena citação sobre a capela (cuja primeira reforma está citada em vários livros como naquele ano): Governo do bispado de Pernambuco, goo.gl/ZsCcvG, 5ª col.: «Dito ao vigário de Buíque - Acuso recebido o seu ofício de 20 de julho, e tendo em consideração o que V.Rvma. me expõe sobre a obra da capela de Nossa Senhora da Penha, julgo conveniente que V.Rvma. conserve a imagem da mesma Senhora na capela do Olho d´Água dos Bredos, até a conclusão da outra capela [...]». Mais: Contribuições para um novo histórico de Arcoverde goo.gl/zQZ9Dh .
Ainda sobre a reconstrução da Capela em 1865:
O Município de Arcoverde” Teófanes Chaves Ribeiro (Prima Editora, 1951) pág. 2: «[...]  que esse desbravador ampliou “o povoado recém-nascido, construindo depois de algum tempo uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Livramento, à qual doou um regular patrimônio. Dita capela foi reconstruída no ano de 1865.»

Século 20
1908 -Dicionário corográfico, histórico e estatístico de Pernambuco, de Sebastião de Vasconcelos Galvão, Rio de Janeiro, 1908, pág. 406 (vol.1), goo.gl/4CrWtS: «Olho d´Água dos Bredos. Povoação.  [...] Consta o povoado de umas 40 casas, dispostas em duas ruas, contando cerca de 300 habitantes, e possui uma boa capela, fundada por Leonardo Pacheco do Couto, sob a invocação de N.S. do Livramento.»
29-01-1919
29-01-1919 – A Noite (RJ), goo.gl/eujfGP , 4ª col. : Posse do primeiro bispo de Pesqueira.

1919 – Primeiros registros na Paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco, cujo primeiro vigário foi o padre José Kherle (1891-1978). goo.gl/pQEBLC.
23-02-1919 - Primeiro registro na Igreja N.S. do Livramento goo.gl/1EdtJf , Batismos 1919-1922, imagem 3/156:
«Aos vinte e três dias do mês de fevereiro de 1919 nesta Matriz de Rio Branco, bispado de Pesqueira, batizei solenemente o párvulo "José" nascido em .. de fevereiro de mil novecentos e dezenove; filho legítimo de Antônio Felipe de... e Joana Ferreira de Freitas, sendo padrinhos José Bezerra dos Santos e ... Maria da Conceição. E para constar lavrei este termo que assino. Padre José Kehrle, Vigário.»
21-08-1919 – Decreto da criação da freguesia de Nossa Senhora do Livramento.
«Tendo sido transferida a sede do bispado de Floresta para Pesqueira, em janeiro de 1919, o prelado diocesano, o Exmo. e revmo. Monsenhor D. José Antonio de Oliveira Lopes criou a nova freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco (Arcoverde), pelo decreto número 2 de 21 de agosto de 1919.»

Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos, Recife, 1978, volume 3, pág.  911, Luís Wilsongoo.gl/NTF6v3 .
«Em 1920, quando meu pai, minha mãe, eu e minha irmã Irene, chegamos a Rio Branco, a Igrejinha de Nossa Senhora do Livramento não tinha bancos, nem cadeiras.
Não me lembro, aliás, destas últimas, em nenhuma época, em nossa Igrejinha, vendo-as, mais tarde, em grande quanti­dade na Catedral de Sant'Águida, em Pesqueira (cada uma com o nome do seu proprietário: — “Cel. Adalberto de Freitas", "D. Maria Alfina Didier", "Dr. Lydio Paraíba", "D. Manieta Pita", "Otávio do Rego Barros", "Herudina Cavalcanti", "Thomaz de Aquino" e muitos outros), sabendo-se que o uso de cadeiras nas Igrejas significava, outrora, privilégio, que precisava ser solicitado aos prelados, pagando-se uma taxa e requerendo a autorização por Carta Régia.»
[Muitas dessas citadas cadeiras se encontram hoje no Museu Diocesano de Pesqueira. Informações de M. Oliveira].

«A “Igrejinha” de Nossa Senhora do Livramento, em Rio Branco (Arcoverde), em estilo barroco ou colonial, em 1919 ou 1920. A sua reforma ou reconstrução, tem-se a impressão que data de 1865. Era “capela curada” a 28-02-1841.» Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Pág.77.
«A antiga Igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, numa tarde de “Missões”, em 1929 (Arq. da negrinha Quitéria de “seu” Vicente Gomes ». Minha cidade, minha saudade, de Luís Wilson, Recife, 1972, Pág. 121. (Imagens colorizadas).


Bispos e titulares paroquiais
Dom Augusto Álvaro da Silva – 1911-1915 (Depois Cardeal na Bahia). Imagem colorizada.
Conta-nos o historiador pesqueirense Marcelo Oliveira (matéria completa em: goo.gl/z5jfT7 ):
«A maioria das pessoas, talvez todas, tem Dom José Lopes como o primeiro bispo de Pesqueira. No entanto a história oficial é diferente.
Em 5 de dezembro de 1910, a Igreja de Roma criou a Diocese de Floresta, a primeira do Sertão pernambucano, desmembrada da então Diocese de Olinda, que na mesma data foi elevada a Arquidiocese. Em 12 de maio do ano seguinte, a nova e imensa Diocese conheceria o seu primeiro bispo, Dom Augusto Álvaro da Silva, um recifense nascido em 8 de abril de 1876 e ordenado sacerdote em 1899. Sendo esta a mesma sede episcopal que depois, em 1918, seria transferida para Pesqueira, temos Dom Augusto oficialmente como seu primeiro bispo e Dom José Lopes, nomeado em 1915, como o segundo titular, embora este consagrado popularmente na cidade como o primeiro. […] Com a saída de Dom Augusto da Diocese de Floresta, lá ficou como administrador apostólico o padre Frederico de Oliveira, que era vigário de Tacaratu. Ainda naquele ano de 1915, em 21 de novembro, toma posse o novo bispo: Dom José Antônio de Oliveira Lopes, natural de Recife e nascido em 11 de abril de 1868.
Em 1918, no entanto, a cidade de Floresta sofre um duro golpe. O Papa Bento XV, pela bula Archidiocesis Olindensis et Recifensis, de 2 de agosto de 1918, transfere a Diocese de Floresta para Pesqueira. Esse é um ponto no qual muita gente ainda tem dúvida. O fato é que a Diocese de Pesqueira não foi criada em 1918 e sim em 1910 e Dom José Lopes não é bispo desde 1919 e sim desde 1915. A bula papal mudou o endereço da antiga diocese e o seu nome e, na verdade, não criou uma nova. Naturalmente Dom José já era o bispo titular, então se mudou para Pesqueira no ano seguinte. O ótimo site Catholic Hiearchy (goo.gl/yXyZFx) consegue mostrar bem esse processo. […] Nela pode ser constatado que a antiga Diocese de Floresta e a atual Diocese de Pesqueira são técnica e oficialmente a mesma. Vemos ainda as novas criadas a partir de Pesqueira, inclusive a nova Diocese de Floresta, que não é a mesma de 1910. [...]. Mais: goo.gl/8q61F1

O pesquisador Luís Wilson, no seu livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982, nos deixou importantes informações sobre a paróquia Nossa Senhora do Livramento, seus Bispos e párocos, que compilamos abaixo:
Pág. 90:
«1919 – Decreto n. 2. Paço Episcopal de Pesqueira. Dominus Jesephus Antonius de Oliveira Lopes, Dei et Apostolicae Sedis Gratia, episcopal Pesquenrensis in BrasiliaCriação da Paroquia de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco.
Aos que este decreto virem, saudação, paz e bênçãos em Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Fazemos saber que querendo nós remediar as necessidades espirituais dos Nossos Filhos, moradores no povoado de Rio Branco, da Freguesia de Cimbres deste Bispado, temos deliberado erigir em paróquia o aludido território; e, para esse fim, depois de ouvido o parecer do Revmo. Pároco de Cimbres, preenchidas todas as formalidades de Direito usando de nossa jurisdição ordinária, e se preciso for, da que nos é delegada pelo Sacrossanto Concílio Tridentino (sessão XVI, cap. 4 de Reform); Havemos por bem separar, dividir e desmembrar da Paróquia de Cimbres e território que, em seguida, vai indicado, e, pelo presente Decreto, erigimos e canonicamente instituímos a nova Paróquia que se denominará de Nossa Senhora do Livramento, cujos limites são os seguintes: com a freguesia de Cimbres, pelas serras do Mimoso, da Aldeia Velha,  e do Pau d’Arco; com a Freguesia de Alagoa de Baixo, pelo Riacho do Feliciano e Rio Moxotó; com a Freguesia de Buíque, pelas Serras de São José, inclusive a Capela do Carneiro; com a Freguesia da Pedra, com os limites já existentes.
Limitada, assim, a nova Paroquia, submetemos a jurisdição e ao cuidado espiritual do pároco que para ela nomeamos, os habitantes compreendidos nos limites acima indicados, aos quais mandamos que tanto para o Revmo. Pároco como para a Fábrica da Igreja, contribuam religiosamente com os emolumentos, oblações, benesses que respectivamente lhe sejam devidas por Estatutos, leis e costumes legítimos nesta Nossa Diocese, e ordenamos que o Revmo. Pároco funcione na Igreja de Nossa Senhora do Livramento, sita no povoado de Rio Branco, a qual gozará de todos os privilégios e insígnias que, de direito cabem às Igrejas Matrizes. Pelo que, concedemos a dita Igreja Matriz de Nossa Senhora do Livramento pleno direito e faculdade de ter sacrário onde se conserve o Augusto Sacramento da Eucaristia, com o necessário ornato e decência, e lâmpada acesa de dia e noite, bem como a faculdade de ter laphoterio e Pia Batismal, Livro de Tombo e de registro de batizados, casamentos e óbitos e os outros livros peculiares e todos os demais direitos, honras e distinções de uma Igreja Paroquial. E considerando as circunstâncias peculiares desta Diocese, de acordo com o Com. 454, 3º do Código de direito Canônico, declaramos amovível essa paroquia, acima descrita, a qual terá por titular Nossa Senhora do Livramento, cuja festa seja celebrada anualmente, de conformidade com as prescrições litúrgicas, no dia próprio, com devoção religiosa e esplendor.
Aos que este decreto virem, saudações, paz e benção em Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Mandamos que este nosso Decreto seja lido em um domingo ou outro dia santificado, à estação da missa parcial na mesma Matriz, como nas de Cimbres, Alagoa de Baixo, Buíque e Pedra, do que se passará certidão no verso deste, para em todo o tempo constar e será cuidadosamente conservado no arquivo da Paroquia de Nossa Senhora do Livramento. Seja este nosso Decreto registrado e transcrito no livro competente de nossa Câmara Episcopal e registrado também no livro de Tombo da Paroquia acima mencionada. Dado e passado em nossa Câmara Eclesiástica de Pesqueira, sob o sinal e Selo de Nossas Armas, aos trinta e um de agosto de 1919. E eu, Padre Landim, Secretário do Bispado a subscrevi. José, Bispo de Pesqueira.»
[Anotações complementares no Livro de Tombo da matriz de Arcoverde, que também registrou o Decreto acima]:
«Fazem parte da paróquia de Arcoverde duas capelas localizadas uma na vila de Algodões e outra na Fazenda Umburanas.
A igreja Matriz não obedeceu rigorosamente a nenhum estilo, notando-se apenas que houve uma certa preocupação em dar à fechada principal algumas coisas do Português.
A capela de Algodões foi modelada embora sem esmero, sobre o gótico em algo do romano.
A capela de Umburanas não seguiu nenhum estilo.
Não há nesta paróquia de Rio Branco nenhum edifício que apresente interesse histórico, a não ser talvez a casa em que nasceu o Sr. Cardeal J. Arcoverde.
De resto, não encontrareis nada mais de notáveis, podendo, porém, lembrar que, nos primórdios, quando ainda “Olho d’Água dos Bredos”, foi este lugar centro de malfeitores, caracterizando-se mesmo pela grande concentração de jogadores que, pelas “festas de S. João”, afluíam para execução de tanta miséria.
Aproveitando o ensejo, apresento-vos o meu protesto de solidariedade pela obra de patriotismo que estais a realizar em nosso Pernambuco.
De V. S. servo em Xto. – Padre Luiz Gonzaga de Campos Reis, vigário de Rio Branco. – 12–12–1930.»
Pág. 91:
«Nosso 1º  Vigário foi o Padre José Kherle, nascido a 19 de maio de 1891 em Reinstten (Wuttemberg, Alemanha) e falecido a 6 de agosto de 1978, em Buíque, no Sertão do Estado.
"D. José Antônio de Oliveira Lopes, por Mercê de Deus e da Santa Igreja Católica, Bispo de Pesqueira.
Fazemos saber que, atendendo ao que por petição nos enviou [...] o Reverendo Padre José Kherle, havemos por bem provê-lo, como pela presente provisão o provemos em a ocupação de pároco encomendado da Freguesia de Rio Branco e encarregado da Pedra, deste Bispado até 31 de Dezembro deste ano, se antes não mandarmos o contrário, a qual ocupação servirá como convém ao serviço de Deus e bem das almas dos paroquianos da referida Freguesia, administrando-lhes os sacramentos, absolvendo-os"...
"Dado e passado nesta cidade de Pesqueira, aos 21 de Fevereiro de 1919. Eu, José Landim, Secretário do Bispado, a escrevi. José, Bispo de Pesqueira".
Tem-se a impressão de que há um engano na data da nomeação do Padre José Kherle para vigário da Matriz de Nossa Senhora do Livramento (21.02.1919), ou na de criação da mesma Freguesia (31.08.1919), a não se que aquele sacerdote pudesse ter sido nomeado vigário de uma Paroquia criada seis meses depois de sua provisão para vigário da mesma.
Há outro equívoco no Livro do Tombo da Matriz de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco, em seu Termo de Abertura (folha de rosto), mas este de fácil compreensão:
"Termo de Abertura. Há de servir este livro para o lançamento dos assuntos das confirmações da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Rio Branco"... Aqui trocou-se, apenas, evidentemente, o nome de Nossa Senhora do Livramento pelo de Nossa Senhora da Conceição.

 “ A Casa Paroquial” de Rio Branco, em 1919/1920. Ali é hoje o Grande Hotel Magestic, de Jeferson Siqueira. Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Após pág. 106


«A primeira Casa Paroquial de Rio Branco ficava vizinha ao chalé do cel. Leonardo Guimarães, D. Maria, Emídio, Teodoro e as "meninas", na mesma residindo depois o dr. Marcionilo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (filho do dr. Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti), Enéas Mendes, Numeriano de Freitas e, entre outros, "seu" Noé e d. Maria Licor, esta última abrindo ali, mais tarde (mais ou menos em 1936) o Hotel Majestic, que vendeu depois a D. Maria Sobreira.
Era onde da igreja, motivo porque o padre José Kherle construiu a casa que ficava ao lado direito da igrejinha" de Nossa Senhora do Livramento, indo residir na mesma e tendo sido ali até 1977 ou 1978 a Das Paroquial de Rio Branco.
O último sacerdote que ali morou foi o padre Antônio Inocêncio Lima, diretor do Departamento Regional de Educação (DERE), em Arcoverde, diretor da Autarquia de Ensino Superior (AESA), do mesmo município e vigário há 12 anos da Matriz de Nossa Senhora do Livramento.»

Dom José Antônio de Oliveira Lopes[1º bispo de Pesqueira] – 1915-1932. Imagem colorizada. Original em goo.gl/oi91Sa.

«Ainda em 1919, o padre José Kherle devidamente autorizado por provisão de D. José Antônio de Oliveira Lopes, Bispo de Pesqueira, aforou por setecentos mil réis, anualmente, à Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro (SANBRA), o terreno de propriedade do patrimônio de nossa igreja, à sua direita e dos trilhos da "Great Western" (hoje Rede Ferroviária Federal), onde o dr. Francisco Brandão Cavalcanti levantou o grupo de edifícios daquela empresa, em certa época, um dos mais bonitos do Sertão do Estado.»
Pág. 93
«1920. É nomeado por provisão de D. José Antônio de Oliveira Lopes, bispo de Pesqueira, a 25.02.1920, vigário da Matriz de Nossa Senhora do Livramento, o padre Joaquim Traumaturgo, tomando posse na estação da missa paroquial do dia 7 do mês seguinte.
Era nosso segundo vigário, ficando encarregado pela mesma provisão, das igrejas da Pedra (Nossa Senhora da Conceição), e Buíque (São Félix de Cantalice). Fundou nossa Escola Paroquial Mista São Luís de Gonzaga e terminou as obras do coro da Matriz, pagando pelas mesmas a Juviniano Jovin a importância de 3.000$000.
O terreno do patrimônio da igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, aforado à SANBRA, é vendido a mesma pela importância de 3.000$000 (três contos de réis), conforme escritura lavrada no Cartório do cel. Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Jé, na rua 7 de setembro (rua do Grito), s/n., transcrita no Livro de Tombo (vol.1) da matriz de Nossa senhora do Livramento.
Fez-se, naquela época, certa reforma na fachada da igrejinha e construiu-se o grande "patamar" que ficava a seu lado esquerdo, edificando-se ali mais ou menos em 1940 o "Palácio da Prefeitura Municipal de Rio Branco"(Arcoverde).»
Pág. 97
«1922 - D. José Antônio de Oliveira Lopes, bispo de Pesqueira, por provisão de 7 de janeiro daquele ano, nomeia vigário da igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, o padre Inácio Maria Berenghera, 4º vigário de Rio Branco. Antes do mesmo estivera entre nós, por 3 ou 4 meses, o padre Fernando Guedes, nosso 3º vigário.»
Pág. 99
«Quando pela Bula Archiodicesis Olindensis Recifensis, de 2 de agosto de 1918, do santo padre Bento XV, foi reunida à Diocese do Sertão as paróquias de Pesqueira, Cimbres, Belo Jardim, Pedra e Buíque, e transferida a sede da mesma de Floresta para Pesqueira, veio D. José Antônio de Oliveira Lopes de Floresta para Pesqueira, como seu 1º  Bispo.
Dois ou três anos depois, reconhecendo em seu zelo pastoral não lhe ser possível atender às necessidades de sua Diocese, solicita do Santo Padre o seu desmembramento, aquiescendo Pio XI ao seu pedido pela Bula Dominicis Gregis de 30-11-1923, desligando 7 paróquias de Pesqueira, com as quais formou a nova Diocese de Petrolina, sufragânea da Arquidiocese de Olinda e Recife e tendo sido o seu 1º  Bispo D. Antônio Malas (Cuneo, Comune de S. Pietro, Paróquia de S. Pietro de Vincole, 16-12-1864 - São Paulo, Brasil, 28-10-1931).
Tomou posse de sua nova Diocese a 15-08-1924, dotando-a, entre outras coisas, do Palácio Episcopal, de dois colégios e construindo ali, em estilo gótico ogival, e toda em pedra, a Catedral do Sagrado Coração de Jesus de Petrolina, a mais bonita Igreja do Sertão do Estado, onde está sepultado.»

1924 - padre João Rodrigues é nomeado por provisão de 1º de janeiro de D. José Antônio de Oliveira Lopes (Bispo de Pesqueira), vigário da "igrejinha" de Nossa Senhora do Livramento (5º vigário de Rio Branco).»
1925 - O padre José Ribeiro Ferraz do Vale é nomeado vigário de Rio Branco por provisão de 15 de fevereiro, tomando posse na estação da missa de nossa matriz de 23 do mesmo mês. Era o 6º pároco de Nossa Senhora do Livramento.»
Pág. 117
«1928 - O padre Luiz Gonzaga de Campos Góes é nomeado por provisão de D. José Antônio de Oliveira Lopes, de 4-janeiro daquele ano, pároco da matriz de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco, nosso 7º vigário.»
Pág. 128
«1931 - D. José Antônio de Oliveira (Bispo de Pesqueira), nomeia por provisão de 1 de março daquele ano, para vigário da matriz de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco, o padre Zabulon Pereira da Lira, que tomou posse na Estação da missa da mesma igreja, do dia 6 de abril (nosso 8º vigário). Ao mesmo tempo, como todos os nossos párocos, fora nomeado fabriqueiro e administrador do patrimônio da igrejinha de Nossa Senhora do Livramento.
No dia 21 de agosto, no Cartório do tabelião Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Jé, o dr. Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti e sua esposa d. Carolina Arcoverde Cavalcanti assinam a escritura pública de doação que à igrejinha de Nossa Senhora do Livramento de Rio Branco, fizera o casal, de um terreno vizinho ao antigo cinema do cel. Augusto Cavalcanti (Augusto Mouco), "em que se acham construídos o Colégio Monsenhor Fabrício e uma Escola Municipal". (livro 7 do cartório, folhas 76, verso, 77 e 78 e versos).»

Pág 133 –
«D. José Antônio de Oliveira Lopes (1º bispo de Pesqueira), morre em seu palácio episcopal a 23 de novembro de 1932.»

Pág. 134.
«O padre Zebulon Pereira de Lira deixara a matriz de Nossa Senhora do Livramento a 27 de setembro daquele ano de 1932, tendo sido substituído no dia 2 de outubro pelo padre Geraldo Frosal (nosso 9º vigário).»

Dom Adalberto Accioli Sobral [2º] – 1934-1947. Imagem colorizada.

Pág. 142
«Em agosto [1934] chegava a Pesqueira o seu 2º  bispo, D. Adalberto Sobral, bispo da Barra do Rio Grande...
Nosso 3º  bispo foi d. Adelmo Cavalcanti Machado, ..sagrado bispo de Pesqueira a 15-08-1948.. Foi substituído por d. Severino Mariano de Aguiar (4º  bispo da Diocese de Pesqueira). Eleito bispo pela bula papal de Pio XII, de 03-11-1956.
Substituído em 1980 por d. Manuel Palmeira da Rocha (5º bispo de Pesqueira).»

Pág. 148 
«No dia 8 de junho é nomeado vigário da igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, Frei Bento Terrinca (12º vigário de Rio Branco).»

«No n.8, de 26 de setembro [1936] na primeira página de O TACAPE... No final do editorial escrevia Antônio Napoleão: "Já que encontramos no padre Saturnino Cunha um espírito empreendedor e interessado em dotar-nos de um templo digno de nosso progresso, auxiliado-lo em tudo quanto for possível".»
Pág. 149
«1937 - D. Adalberto Sobral (Bispo de Pesqueira), nomeia por provisão de 17 de janeiro, o padre Antônio Faustino Costa, vigário encomendado da igrejinha Nossa Senhora do Livramento (nosso 13º pároco), assinando o seu termo de posse, naquele mesmo dia.»
pág. 156
«1939 - É nomeado vigário de Rio Branco no dia 16 de fevereiro o padre Antônio Vieira Lima, tomando posse de sua freguesia na estação da missa paroquial no dia 19 (14º pároco da igrejinha Nossa Senhora do Livramento).»
1940 - No dia 1º de janeiro, no lugar vulgarmente conhecido por cuscuz, na praça da Bandeira (onde está hoje o cine Bandeirante), é lançada a 1ª pedra da futura matriz de Rio Branco, que foi benta pelo sr. bispo da Diocese de Pesqueira D. Adalberto Sobral.
No dia 3 de março o padre Antônio Vieira Lima deixa a cidade em gozo de férias e assinava o nosso livro de tombo "pelo vigário" o padre Luiz Wanderley Simões, nomeado por provisão de D. Adalberto Sobral, de 8 de abril, vigário ecúmeno.»
pág. 157
«16 de junho tem início a construção de nossa nova matriz (planta de Francisco Bolivar), não na praça da Bandeira, mas no mesmo lugar da antiga igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, do capitão Leonardo Pacheco Couto, cuja primeira reforma datava, talvez, de 1865, contando-se que da antiga igreja ficou apenas o frontão
Pág. 158
«1941 - No dia 3 de janeiro, às 14 horas, um sinistro nas obras de reconstrução (sic) da igreja Nossa Senhora do Livramento, do qual saíram feridos dois operários, um dos quais morreu poucos minutos depois do ocorrido e outro oito dias mais tarde.
O desastre tivera origem em um "consolo", sobre o qual se achavam aqueles trabalhadores montando uma "tesoura". 
"Foi um castigo, porque os operários por várias vezes ouviram dos meus lábios que seriam castigados por Deus caso não frequentassem a missa aos domingos. Há outras coisas mais que me abstenho de escrever por caridade... Deus sabe"...»
Pág. 159
«1942 - Escreve o padre Luís Simões no livro de tombo da igrejinha Nossa Senhora do Livramento: "Revestiu-se com duas massas toda a igreja, ladrilhou-se de mosaico sua capela e foram postas todas as suas janelas, com respectivas vidraças, orçando tudo em cerca de 18.000$000 (Nossa nova moeda, o cruzeiro, tenho a impressão de que entraria em vigor no ano seguinte, 1943).
Demolida também a antiga Casa Paroquial de Rio Branco e construída a atual, no mesmo lugar, "gastando-se na mesma 10.000$000 (dez contos de réis).»

Pág. 160
«Na quinta e na sexta feira (semana santa - abril) Frei Damião pregou em frente a igrejinha de Nossa Senhora do Livramento.»

Pág. 162
«1944 - No dia 31 de dezembro a "Bandeira" da Festa de Nossa Senhora do Livramento saía da residência de Emídio Guimarães e d. Maria José, iniciando-se o novenário da Padroeira do município.... No dia 7 de janeiro de 1945, procissão percorrendo as ruas da cidade.  À noite, muita chuva, tendo sido aquela, no entanto (escreve o padre Luís Simões no livro de Tombo da matriz) "a festa de maior expressão de nossa padroeira que já houve em Arcoverde, em organização, ornamentação e luzes"»

1947 - No dia 1º de janeiro, por provisão de d. Adalberto Sobral (bispo de Pesqueira) é nomeado vigário substituto de Arcoverde, o padre Augusto Prudenciano de Carvalho (16º pároco da matriz de Nossa Senhora do Livramento), mais tarde 2º bispo de Caruaru, sagrado a 12-12-1959.
Nosso 17º vigário seria o padre Olimpio Torres, o 18º frei Eduardo R. Branco (do Convento dos Franciscanos de Campina Grande) e o 19º ainda em 1947Frei Pascoal Baker.»
Pág. 166
«A 19 de fevereiro daquele mesmo ano de 1948 fora nomeado por provisão do monsenhor João Pires (vigário capitular de Pesqueira) o padre Pedro Gabriel de Vasconcelos, vigário ecônomo da matriz de Nossa Senhora do Livramento (20º pároco de Rio Branco) onde ficou até o dia 31-07-1954.»
Dom Adelmo Cavalcante Machado[3º] – 1948 – 1955. Imagem colorizada.


Pág. 179
«1952 - D. Adelmo Machado (bispo de Pesqueira), nomeia por provisão do dia 19 de março, o padre Delson Cursino de Freitas, vigário cooperador da paróquia de Nossa Senhora do Livramento (21º pároco de Arcoverde.»
Pág. 182
«1954 - No dia 15 de agosto, provisão de d. Adelmo nomeando o padre Godofredo Joosten vigário da matriz de Nossa Senhora do Livramento (nosso 22º pároco).»
Pág. 183
«1955 - No dia 2 de maio era nomeado o padre Geraldo Dennoch, pároco substituto da matriz Nossa Senhora do Livramento (23º vigário de Arcoverde), durante o impedimento do padre Godofredo.»
Arcoverde em 1956 – Foto de Tibor Jablonsky e Walter Egler. Foto colorizada. Original em goo.gl/2TU7wU.

Pág. 184 - 
«1956 - A 1º de abril, por provisão do monsenhor Luís Sampaio (vigário capitular da diocese de Pesqueira) é nomeado o padre João Pedrovigário substituto de Arcoverde, durante o impedimento do padre Godofredo Joosten.
[goo.gl/dqSjZT – 4ª col. Diario de Pernambuco].»
Pág. 189
«1959 - D. Severiano Mariano de Aguiar (bispo de Pesqueira) nomeia por provisão de 22 de fevereiro o padre Lambero Bogaerte, vigário cooperador de Arcoverde, "usque ad revocations"(nosso 25º pároco).»
Pág. 191
«A 13 de novembro, provisão de D. Severino Mariano de Aguiar nomeando o padre Raimundo Bergman César, pároco da matriz de Nossa Senhora do Livramento (nosso 25º vigário). Tomou posse no dia 22 do mesmo mês.»
Pág. 193
«1964 – A 12 de janeiro, com a presença do sr. Bispo de Pesqueira, mudam-se os padres redentoristas da freguesia de Nossa Senhora o Livramento para a do Santíssimo Redentor.
No dia 2 de fevereiro, por provisão de D. Severino Mariano de Aguiar, o padre Fausto Serafim Ferraz é nomeado vigário ecônomo da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Arcoverde (nosso 26º vigário). [goo.gl/bhzZPY , 1ª col. Diario de Pernambuco].»
Pág. 195
«1965 – Assume o cargo de vigário da freguesia de Nossa Senhora do Livramento de Arcoverde, por provisão de D. Severino Mariano de Aguiar (Bispo da Diocese de Pesqueira), de 10 de janeiro daquele ano, o padre José Cursino de Freitas (nosso 27º pároco). [ goo.gl/Ln2D7S , 4ª col. Diario de Pernambuco].»
Dom Severino Mariano de Aguiar[4º] 1956-1980.

Pág. 197

«1968 – São nomeados por provisão de D. Severino Mariano de Aguiar, de 21 de janeiro, os padres Antônio Inocêncio Lima (28º vigário) e Osvaldo Bezerra de Oliveira para “o serviço do povo de Deus” na matriz de Nossa Senhora do Livramento de Arcoverde.
Na mesma freguesia, entre outros fatos (Livro de Tombo da matriz de Nossa Senhora do Livramento), no período de 21-01-1968 a 31-12-1980, são construídos pelo padre Inocêncio o Centro Social D. Severino Mariano de Aguiar (Bairro de São Geraldo), o da Boa Vista, o da Vila Popular, o das Caraíbas, o da Aldeia Velha, a Capelinha de Santo Antônio da Serra das Varas e a de São João Batista do Riacho do Mel.»
Nossa Matriz, ainda sem os relógios em sua torre, que devem ter sido instalados no paroquinato do padre Antônio Inocêncio Lima.

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Após a pág.75. “ Atual matriz de N.S. Livramento, de Arcoverde. (1939-1940). Imagem colorizada. Matriz com relógios em sua torre. Como se vê, esta foto aparece no livro impresso em 1982.

Dom Manoel Palmeira da Rocha[5º] – 1980 - 1993
1984 – 29º pároco: Padre Airton Freire de Lima




1985 - 30º pároco:  Padre Adilson Carlos Simões Silva. Neste período foram instalados os relógios na torre da matriz.

Século 21
Dom Bernardino Marchió [6º] – 1993 - 2002

Dom Francisco Biasin [7º] – 2003-2011

31º pároco: 2007 - Pe. Adeildo Sebastião Ferreira
Dom José Luiz Ferreira Salles-[8º] – 2012 - ...

Titulares paroquiais da Paróquia N.S. do Livramento, no período de 1919 a 2018.

Síntese das listas dos titulares paroquiais que são numerados no livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Pág.90. Com * os que só aparecem no livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde. 2008 – Roberto Moraes. Pág. 98. São mostrados 38 nomes no total.

1919 - 1º titular paroquial - José Kherle
1920 - 2º - Joaquim Traumaturgo Albuquerque
1922 - 3º - Fernando Guedes
1922 - 4º - Inácio Maria Berenghera
1922 - * Antônio Araújo Antonino
1922 - * Joaquim Martins Pontes
1924 - * José Ribeiro Dias
1924 - 5º - João Rodrigues
1925 - 6º - José Ribeiro Ferraz do Vale
1928 - 7º - Luiz Gonzaga de Campos Góes
1931 - 8º - Zabulon Pereira de Lira
1932 - * Geraldo Frossel
1933 - * Urbano Carvalho
1934 - * Renato Menezes
1935 - * Saturnino Lopes da Cunha
1936 - 12º - Frei Bento Terrina
1937 - 13º - Antônio Faustino Costa
1939 - 14º - Antônio Vieira Lima
1940 - 15º - Luiz Gonzaga Wanderley Simões
1947 - * Olimpio Torres
1947 - 17º - Augusto Prudenciano de Carvalho
1947 - 18º - Frei Eduardo R. Branco
1947 - 19º - Frei Pascoal Baker
1948 - 20º - Pedro Gabriel de Vasconcelos
1952 - 21º - Delson Cursino de Freitas
1954 - 22º - Godofredo Joosten
1955 - 23º - Geraldo Pennock
1956 - 24º - João Pedro.
1959 - 25º - Lambero Bogaerte,
1959 - 25º - Raimundo Bergman César
1959 - * João Peters
1964 - 26º - Fausto Serafim Ferraz
1965 - 27º - José Cursino de Siqueira
1968 - Antônio Inocêncio Lima (28º) e
Osvaldo Bezerra de Oliveira.
1984 - Airton Freire de Lima
1985 - Adilson Carlos Simões Silva.
2007 - Adeildo Sebastião Ferreira

Agradecimento ao padre Eduardo Valença, da diocese de Pesqueira, por importantes correções.

Ginásios Cardeal Arcoverde e Imaculada Conceição


JORNAL DE ARCOVERDE n.303 – Maio/Junho de 2018

Ginásios Cardeal Arcoverde e Imaculada Conceição.

Pedro Salviano Filho



A partir da metade do século passado é que surgiram os primeiros estabelecimentos, hoje conhecidos como de ensino médio, em Arcoverde. Inicialmente, em 1952, foi inaugurado o Ginásio Diocesano Cardeal Arcoverde e, em 1953, para comemorar os 25 anos de emancipação do município, o Colégio Diocesano Imaculada Conceição.
Buscando resgatar mais informações sobre as origens destes educandários, procuramos acrescentar dados aos já divulgados nesta coluna (goo.gl/QVGWfb - goo.gl/pwFrRD ), incrementando novos subsídios para a memória destes tradicionais estabelecimentos de ensino.

Foto colorizada do Colégio Diocesano Cardeal Arcoverde. Original no livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 108.


16-09-1948 – Diário Oficial, bit.ly/1IP6P0A, 2ª col. «De Arcoverde: Virtude telegrama representei vossência festividade lançamento pedra fundamental Ginásio Cardeal Arcoverde. Saudações J. F. Ribeiro do Vale - Juiz de Direito.» 

09-08-1949 – Diário Oficial, bit.ly/1MzgHLG, 3ª col.
«Estatutos do Ginásio Cardeal Arcoverde.»

12-1949 - Arcoverde (Da publicação “O Democrático”, dezembro de 1949, pág.3; por cortesia do sr. Antônio Moreno).
Ginásio Diocesano de Arcoverde
«Estão em andamento e já bastante adiantadas as obras de construção do Ginásio Cardeal Arcoverde, desta cidade, iniciativa do exmo. e revmo. Sr. Bispo diocesano, d. Adalberto Sobral, com o concurso da diocese e do seu povo. Os arcoverdenses estão contribuindo na medida das suas possibilidades para que o ginásio da terra do Cardeal e que tem seu nome, seja concluído no mais curto espaço de tempo possível. Mas isto não basta. O custo da construção e das instalações do educandário requerem muito dinheiro, muito acima da capacidade da iniciativa particular. Ninguém ignora a ação do sr. Bispo junto aos poderes públicos que, digamos de passagem, apenas cumprirão o seu dever concorrendo com uma parcela do que daqui vai para os cofres públicos; no sentido de levar para a frente a ideia que não se destina ao uso e gozo dos iniciadores, mas às bases fundamentais da felicidade de uma população sedenta de saber. Os iniciadores são apenas apóstolos e desbravadores, dignos do amparo de quantos amam nossa terra e sua gente. O Democrático, como sempre, interessado nos assuntos culturais da cidade, unido a elementos ponderáveis do nosso meio, também vem concorrendo com o seu esforço para a construção da obra, tendo já destinado quotas de suas rendas para esse fim. A fotografia que ilustra esta página é da maquete do majestoso edifício em construção no terreno doado pelo sr. Emídio Soares Guimarães. Finalizando, queremos deixar registrado o nosso apelo aos que nos lerem para que as suas contribuições sejam mais generosas e frequentes.»

27-12-1949 – Correio da Manhã (RJ), bit.ly/1JW2YJy, 5ª col.
«Será comemorado o centenário do nascimento do Cardeal Arcoverde. Sancionou o presidente da República o decreto do Congresso Nacional que autoriza o Poder Executivo a promover festejos comemorativos do centenário do nascimento do primeiro cardeal brasileiro, D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, a transcorrer em 17 de janeiro de 1950, assim como mandar imprimir selos alusivos à data. O decreto sancionado autoriza, mais, a abertura do crédito especial de Cr$ 1.500.000,00 para conclusão e aparelhamento do Ginásio Cardeal Arcoverde, que está sendo construído sob os auspícios da Diocese de Pesqueira, na cidade de Arcoverde, Pernambuco.» Mais: 11-08-1950, bit.ly/1KFWHEZ.
Arcoverde+06.jpg
14-03-1950 – Diario de Pernambuco, goo.gl/9tSfC7,7ª col.
«[...] foram lidos ofícios de associações comerciais[...] telegrama do senador Apolonio Sales a respeito do Ginásio Cardeal Arcoverde, em construção.»


11-08-1950 – Diario de Pernambuco, goo.gl/SN5K35 ,1ª col.   
«Centenário do cardeal Arcoverde. O presidente da República assinou um decreto abrindo um crédito de 1 milhão e meio de cruzeiros para as comemorações do nascimento do cardeal Arcoverde.
Dessa importância, um milhão e 200 mil serão empregados na conclusão do Ginásio Cardeal Arcoverde situado em Pesqueira, Garanhuns [situado em Arcoverde].»

05-09-1950 – Diario de Pernambuco, goo.gl/uT4auG , 6ª col.
«De Pesqueira: Tenho satisfação comunicar vossência recebi auxilio crédito especial favor Ginásio Cardeal Arcoverde que será monumento vivo comemorações centenário  nascimento eminente purpurado pernambucano. Agradeço nome diocese cidade Arcoverde vossência que iniciativa projeto todo empenho aprovação autorização pagamento crédito especial. (a) Dom Adelmo Machado - Bispo Pesqueira.»

19-01-1952 - A Voz do Povo [Arcoverde]- pág.1 [do arquivo de Gaudêncio Vilela]
«Inauguração - Será inaugurado amanhã, ás 9 horas, o Ginásio Cardeal Arcoverde. O ato será solene e contará com a presença de D. Adelmo Machado, Bispo Diocesano e de D. João de Souza Lima, Bispo auxiliar de Diamantina. Estarão presentes, possivelmente, o sr. Governador do Estado e o dr. Secretário de Educação e Saúde, além de outras autoridades especialmente convidadas.
O povo, indistintamente, deve comparecer às diversas solenidades a se realizarem uma vez que a obra a ser inaugurada foi edificada com o objetivo de atender às suas necessidades no campo da educação.»

23-01-1952  – Diario de Pernambuco,  goo.gl/e1LfyH5ª  col.
«Inaugurado o Ginásio Cardeal Arcoverde.
Realizou-se domingo último no município de Arcoverde a solenidade de inauguração do “Ginásio Cardeal Arcoverde”.
A cerimônia foi presidida pelo secretário de Educação e Cultura, dr. Arruda Marinho, que representou o Governador do Estado, registrando-se a presença de dom Adelmo Machado, bispo de Pesqueira, dom Souza Lima, bispo-auxiliar de Diamantina, prefeito Otacílio Moraes, dr. Otílio Guedes, juiz de Direito local, deputado padre Wanderley Simões, além de numerosas outras autoridades, pessoas gradas e povo em geral.
Durante a solenidade de inauguração, que teve lugar às 10 horas, falaram dom Adelmo Machado, dr. Arruda Marinho e sr. Euclides Araújo, vice-prefeito, em nome da cidade de Arcoverde.
O “Ginásio Cardeal Arcoverde foi construído graças a uma verba consignada no orçamento federal em 1950, por iniciativa do então deputado Agamenon Magalhães.
À tarde do mesmo dia, realizou-se o lançamento da pedra fundamental do “Colégio N.S. das Dores”, tendo usado da palavra o dr. Otílio Guedes, juiz e Direito de Arcoverde.»

03-02-1952 – Diario de Pernambuco, goo.gl/V6aUCE1ª  col.
«Arcoverde. Operosidade e clarividência. Antonio Napoleão Arcoverde. Cidade de mais de 10 mil habitantes urbanos e perto de vinte mil com os arredores do município, de há muito vinha reclamando dos poderes públicos e das entidades mais representativas da organização social, um estabelecimento onde os jovens pudessem obter alguma coisa no que se refere a sua educação secundária.
A ideia de um ginásio jamais saiu das cogitações locais até que um bispo humilde, que soube se misturar com todas as classes veio concretizar os desejos dos filhos da terra do Cardeal Arcoverde. Coube a d. Adelmo Cavalcanti Machado a glória, de ver em pouco mais de três anos inaugurado o sonho transformado em realidade, inaugurando a 20 de janeiro de 1952 o Ginásio Cardeal Arcoverde.
Tendo vindo a esta cidade, em visita pastoral, no dia 13, acompanhado de dois missionários franciscanos, fez durante uma semana cheia de fé, a pregação da palavra católica ao católico povo de Arcoverde, para encerrar as festas missionárias com a inauguração preparada.
Depois da missa solene, dirigiu-se S. excia, o sr. d. João de Souza Lima, bispo adjunto da cidade de Diamantina nas Minas Gerais, que viajou especialmente até aqui para assistir dita inauguração, dada a parte saliente que tomou no início dos trabalhos do Ginásio; vigários de paróquias vizinhas autoridades civis e militares; representantes do sr. governador do Estado, dr. Arruda Marinho, Secretário da Educação; pessoas gradas, famílias e grande massa popular, para o edifício do ginásio, construído numa área de 120x300 metros, generosamente cedida pelo sr. Emídio Soares Guimarães, exmas. esposa e genitora.
S. excia. revma. d. Souza Lima, iniciou as solenidades, lançando a benção do saguão principal do edifício. O sr. bispo diocesano, d. Adelmo Machado usou então da palavra, que foi um hino de louvor a Deus pelo que concedeu a ele, aos padres e ao povo, fazendo ver-se realizada, em tão curto prazo, depois de tantas canseiras e até de incompreensões uma obra de tamanho vulto. Depois entrou na fase dos agradecimentos, não esquecendo um só dos beneméritos coadjuvares da obra. Desde o presidente Eurico Dutra à mais humilde autoridade municipal. Desde o bispo Souza Lima até zelador dos trabalhos, e o mestre das obras. Bela simples e emocionante saudação para quantos souberam valorizar o cumprimento do dever.
O dr. Arruda Marinho, em seguida, cortou o laço simbólico dando por inaugurado o Ginásio e falando em seu nome e no do sr. governador do Estado. Seguiu-se a benção do resto do edifício, a aposição do retrato do patrono - o saudoso Cardeal Arcoverde e imediatamente uma nova solenidade chamava a atenção do povo e das autoridades. Trata-se do lançamento da pedra fundamental do outro educandário - o Ginásio para moças.
Diante do momento que atravessa toda a humanidade, de tragédias, de dissolução, de um materialismo que ameaça dissolver todos os princípios da moral cristã, a operosidade e a clarividência de um homem da estatura de s. excia. revma, d. Adelmo Machado, precisa ser compreendida e estimulada por quantos ainda se interessam pelos problemas do espírito e pela estabilidade da família cristã.
Merece também um registro especial a atuação dos padres Francisco de Assis, até agora responsável pelas obras do Ginásio e Pedro Gabriel, vigário da freguesia, cujo devotamento não tem limites para bem servir aos seus paroquianos.
Convém notar-se também, o que é característico de Arcoverde, a presença ali de elementos de todas as cores partidárias e religiosas, num verdadeiro espírito de compreensão e de desejo de melhores dias para a terra generosa que acolhe indistintamente quantos a habitam.»

18-03-1952 - Diario de Pernambuco, goo.gl/tWJC4n, 5ª col.
Arcoverde - Ginásio Cardeal Arcoverde
«[…] Não sabemos porque, numa cidade de mais de dez mil habitantes, sem falar nos seus arredores, não tenham “chovido” candidatos ao curso ginasial, pois rapazes, em idade de frequentá-lo e usufruir os benefícios dessa frequência, não precisam ser mostrados. Todos estão vendo. No entanto, com tristeza, vimos que se inscreveram apenas 38, dos quais se matricularam apenas 23, havendo 8 transferências. E dos matriculados nem todos quiseram se submeter aos exames. Como as coisas mudam. O rabiscador destas linhas, quando veio para a atual cidade de Arcoverde, havia apenas terminado o primeiro ano do curso primário e na então vila não havia uma escola de qualquer espécie, obrigando-o a ficar analfabetozinho “de pai e mãe”. E ninguém pode avaliar a tristeza que sempre o acompanhou por não ter podido sequer terminar o curso primário, por falta de professores.
Agora que os temos, e dos bons, não seria o caso de aproveitarmos o que tão generosamente nos oferece? Que os pais de família e mesmo os rapazes pseudo-independentes aproveitem o ensejo que se lhes oferece e ocorram pressurosos ao Ginásio.
Os pais de família ponham ali os filhos e os rapazes persistam no nobre sentido de mostrarem que Arcoverde estava, de fato, ansioso por educar seus filhos. Presenciamos há pouco tempo um movimentado concurso que se abriu no Banco do Brasil, agência desta cidade.
Mais de vinte rapazes se inscreveram e apenas um satisfez às exigências do concurso, aliás coisa muito simples. Os rapazes de Arcoverde precisam mostrar que são capazes, mas isto só conseguirão com o estudo que abrirá o caminho dos seus conhecimentos.
Precisamos colaborar conosco mesmo, frequentando o estabelecimento que a tenacidade dos arcoverdenses, aliada ao alto espírito de compreensão de s. excia. revma, o sr. bispo D. Adelmo Machado e ao esforço do nosso pároco, pe. Pedro Gabriel de Vasconcelos, veio até nós, como uma benção do céu, para dissipar as trevas dos cérebros da nossa mocidade, tão necessitada de saber.
Aqui fica o nosso apelo, que não é apenas nosso, mas de quantos se interessam pelo futuro da mocidade de hoje.»

20-03-1952 – Diário Oficial, bit.ly/1KELzuJ, 1ª col.
«De Pesqueira: Tenho a satisfação comunicar vossência Ginásio Cardeal Arcoverde cidade Arcoverde acaba inaugurar retrato vossência uma das salas aula prestando merecida homenagem decidido empenho vossência consecução verba federal possibilitou construção equipamento grandioso prédio Ginásio. Respeitosas saudações Dom Adelmo. Bispo de Pesqueira.»

26-03-1952 – Diario de Pernambucogoo.gl/1nftMi, 6ª col.
«[...] Fez-se muito barulho na cidade, quando da construção do Ginásio Cardeal Arcoverde. O bispo Diocesano tomou o pinhão na unha e, num tempo recorde, construiu, mobiliou e pôs a funcionar o estabelecimento, para o bem dos que tem filhos para educar.
Mas acontece que, por isto ou por aquilo, a matrícula está abaixo de todas as previsões e o Ginásio em dificuldades para funcionar porque a receita não poderá cobrir as despesas, sabido que os professores terão salários determinados pelo governo. Vai daí quatro vereadores entenderem que a municipalidade poderia ir de encontro ao Ginásio e pediram ao presidente para convocar a Câmara e tratar do assunto e, também, para tratar do Ambulatório Médico, pedido ao Instituto dos Comerciários. Mas consta que o prefeito intimou os vereadores pessedistas, que não quiseram ou não souberam tomar a iniciativa, a não comparecerem à reunião da Câmara. O presidente não convocou...
É de lamentar que queiram transformar em assunto político coisa que nada tem com a política, pondo de água abaixo a tão decantada pacificação.[...].»

05-04-1952 - A Voz do Povo [Arcoverde]- pág.3 [do arquivo de Gaudêncio Vilela].
«Instantâneos - Airon Rios. Está funcionando, em condições muito precárias, o Ginásio Cardeal Arcoverde. Enfrenta o grave problema que atropela todos os educandários: a pequena matrícula de alunos.
Nenhum colégio, nenhum estabelecimento de ensino, com exceção das oficiais, mantidos pelas verbas públicas, poderá manter, por muito tempo, suas portas abertas com uma reduzida matrícula de educandos.
Sofre este angustiante problema o nosso pomposo edifício de ensino. Poucos foram os rapazes que se matricularam. Em consequência, insuficiente a verba para atender às despesas inadiáveis do próprio Ginásio.
Mas há um meio de se remediar, em parte, estas dificuldades: liberalizar a matrícula também para moças. Mesmo porque, com as dificuldades existentes, os dirigentes daquela casa de ensino, não podem se dar ao luxo de exigências que somente mais agravam a situação já precária do educandário.
E, do outro lado, seria um critério de justa recompensa aos vários chefes de família que contribuíram para a construção do Ginásio Cardeal Arcoverde. E que depois do prédio levantado com seu abnegado auxílio dele não poderem se servir para iniciar a instrução das suas filhas.
Muitos são os que contribuíram. E muitos vivem com a corda no pescoço, fazendo ginásticas de todo jeito, suando por todos os poros, para manter suas filhas em outros colégios, fora de Arcoverde, com todas as despesas agravadas... Cremos que o espírito esclarecido de D. Adelmo Machado encaminhará, muito breve esta solução justa e reclamada pelo povo desta cidade. Autorizando o sistema misto de ensino as próprias rendas do colégio aumentarão. E os chefes de família, já tão espezinhados e onerados se sentirão menos preocupados com o futuro,,, »


05-04-1952 – Diario de Pernambuco, goo.gl/51NtqQ , 4ª col.
«[...] Agora, porém, o que está pondo em reboliço a política de Arcoverde é o caso do Ginásio Diocesano, recentemente criado e que não dispõe de meios nem para pagar ao professorado, à base dos vencimentos estipulados pela lei.[...].»

16-07-1952 – Diario de Pernambucogoo.gl/ceXrDA , 1ª col.
«Ginásio de Arcoverde - Arcoverde possui um ginásio, instalado em edifício próprio, aliás um amplo e bonito edifício. Samuel Soares.
Começou a funcionar no começo deste ano e, por isso mesmo, só está ministrando a primeira série do curso ginasial. Ainda conta poucos alunos, tanto pelo motivo acima exposto, como porque ainda não tratou a sua direção de inaugurar o internato que seria muito útil à população dos municípios adjacentes. Também só admite alunos do sexo masculino, foi que não nos parece muito certo, apesar dos propósitos da fundação de um estabelecimento igual para moças.
Aliás, é bom dizer, ouvimos do padre Pedro Gabriel, vigário da paróquia e a quem muito se deve, do esforço e de tenacidade, pela existência do Ginásio, que estava cogitando de realizar entendimentos com uma ordem religiosa para dirigir o departamento feminino do educandário.
A despeito do período de férias ora em vigor foi-nos proporcionada, quarta feira última, do povo arcoverdense e com uma verba federal bem vultosa. Contudo, graças ao critério administrativo dos sacerdotes que tomaram a peito o controle dos serviços de construção, é que esta aparece como obra perfeita e bem acabada.
Faz gosto percorrer as instalações. Todas as dependências são amplas. O material empregado foi da melhor qualidade. Todo o prédio, enfim, representa uma obra de valor que impressiona muito bem.
Dali saímos bendizendo a iniciativa dos que, com o maior sacrifício e arrojo, empreenderam a instalação do Ginásio de Arcoverde. Sobretudo, saímos edificados com aquele sr. de bondade e de renúncia com que o padre Pedro Gabriel - o querido pároco da cidade - enfrentou, decididamente, contando, para isto, com o apoio moral do bispo de Pesqueira e com a cooperação e o esforço de outro sacerdote cujo nome não nos ocorre, no momento, a realização de uma obra tão gigantesca e tão meritória.
Salvo equívoco de nossa parte, o estabelecimento está contando, para sua manutenção, apenas com a ajuda financeira da Prefeitura de Arcoverde quando tudo indica a necessidade de um auxílio também do Estado.
É absolutamente certo que, no próximo ano, crescerá de muito a matrícula no Ginásio, com a promissão dos que estão cursando agora, a primeira série e com a entrada de outros rapazes arcoverdenses que se aproveitarão da possibilidade de estudar no próprio local. Maior ainda será a matrícula se se criar, como tudo indica, o departamento feminino e considerável, mesmo, se tornará o número de alunos, no caso de se admitir o internato com o que se beneficiarão, imensamente, os habitantes da região.
Assim, faz-se mister que o governo estadual, sentindo as vantagens decorrentes da instalação do Ginásio de Arcoverde se decida a cooperar para que ele se mantenha e alcance, menos penosamente os seus reais e nobres objetivos.»

14-09-1952 – Diario de Pernambucogoo.gl/G4Ht3L5ª col.
«Instrução de Arcoverde. [Por A. Napoleão] A instrução de Arcoverde está sendo administrada por um Ginásio, um grupo escolar estadual com 11 cadeiras, 3 cadeiras estaduais isoladas e 2 escolas típicas rurais também estaduais.
O município mantém 35 escolas isoladas, sendo 18 na sede e 17 na zona rural e mais 10 escolas supletivas noturnas, sendo 4 na sede e 6 na zona rural.
A iniciativa particular conta com o “Centro Educativo Leonardo Couto”, sob a orientação da professora Laura Rabelo com avultado número de alunos, ministrando além do curso primário mais uma escola oficializada de datilografia e rudimentos de escrituração mercantil. Segue-se lhe em importância o “Externato Batista” sob a orientação da professora Juvita Menezes, que ministra o curso primário a seus alunos. Existem ainda várias escolas primárias quer na sede, quer na zona rural.
Em 1951 a média de frequência das escolas públicas foi de 26 alunos por cadeira no Grupo Escolar; 27 alunos por cadeira nas escolas isoladas do Estado e nas escolas municipais de 25 alunos por cadeira.
 O Ginásio Cardeal Arcoverde foi fundado no começo deste ano contando, incompreensivelmente, com reduzido número de alunos. Está sob a orientação do pe. Délson Freitas, verdadeiro apóstolo que está dando tudo de si para que o Ginásio passe a ser um educandário à altura dos interesses da coletividade arcoverdense, funcionando em prédio próprio com as acomodações necessárias e construído especialmente para o fim a que se destina.
O Grupo Escolar Cardeal Arcoverde ainda se ressente de algumas necessidades para melhor comodidade de alunos e professoras. As escolas municipais se ressentem de tudo, salvo algumas exceções. A atual administração está procurando corrigir e sanar as necessidades das escolas municipais.»


11-10-1952 – Diário Oficial, bit.ly/1Hbx35X, 2ª col.
«Projeto n.305. Autoriza o Governo do Estado a abrir crédito especial de Cr$ 200.000,00 em favor do Ginásio N.S. Livramento de Arcoverde. [...] A primeira pedra do educandário para o sexo feminino foi lançada há cerca de um ano, quando das comemorações do primeiro centenário do nascimento do Cardeal Arcoverde. A obra está iniciada e urge que se lhe dê o apoio do Estado.[...] Não pedimos privilégios para a cidade de Arcoverde. O progresso excepcional da mesma, a densidade de sua população, sua posição chave de porta do sertão, seu clima, seu comércio e motivos outros justificam sobejamente a modesta contribuição do Estado, que pleiteamos para um tão nobre fim [...].»

1952 - Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág. 131.
«Em janeiro de 1952 havia sido inaugurado o Ginásio Cardeal Arcoverde, cuja pedra fundamental fora lançada em 1948. O bispo Dom Adelmo Cavalcanti Machado (1905-1983) pretendia inaugurá-lo em 11 de setembro de 1950, por duas razões: 11 de setembro porque esse clérigo sempre procurava realizar as cerimônias na data da emancipação política do município. E em 1950, por se tratar do ano em que se comemorava o centenário de nascimento do Cardeal Arcoverde. O terreno foi doado à Diocese por Emídio Guimarães.
Pe. Délson Cursino de Freitas, que estudara no Rio Grande do Sul e fora ordenado no dia 23 de dezembro de 1950, foi seu primeiro diretor. Esteve à frente desse educandário diocesano de 2 de fevereiro de 1952 a 28 de fevereiro de 1976.
Já o terreno para a construção do Ginásio Imaculada Conceição foi adquirido através de compra (com uma participação muito ativa, entre as partes interessadas) do sub-prefeito Murilo de Oliveira Lira. Também diocesano, esse educandário foi inaugurado (cujo orador foi Euclides Siqueira) em 1955, passando a funcionar em 1956, ano em que houve o primeiro exame de admissão.
Como o Imaculada Conceição não tinha estrutura suficiente para ser autônomo - o que só veio a ocorrer em 1961 - ficou como uma Seção ou Departamento Feminino do Ginásio Cardeal Arcoverde.
Essa situação causou inúmeros problemas ao Pe. Delson, como diretor, visto que apesar da sua não autonomia o Imaculada funcionava com independência.»

14-10-1952 - Diario de Pernambuco, goo.gl/j3Nsaj7ª  col.
«Auxílio a um ginásio de Arcoverde, É o seguinte o texto do projeto de lei, apresentado pelo deputado pe. Vanderlei Simões à Assembléia Legislativa do Estado, autorizando abrir um crédito especial de 200.000,00 cruzeiros em favor do Ginásio N.S. do Livramento de Arcoverde […]. Justificação. No próximo ano o município irá celebrar o primeiro quarto de século da sua emancipação política. É pensamento do Exmo. sr. bispo da Diocese de Pesqueira que a Paróquia de Arcoverde sob sua jurisdição, tome parte naquelas comemorações, mediante uma realização que seja um marco perene e benfazejo da data que se irá celebrar. Um educandário para meninas é o que se pretende, o que de melhor se poderia desejar para Arcoverde.
A primeira pedra do educandário para o sexo feminino foi lançada há cerca de um ano quando das comemorações de primeiro aniversário de nascimento do Cardeal Arcoverde. 
A obra está iniciada e urge que se lhe dê o apoio do Estado. Nada tão justo e razoável  porquanto a ajuda do Poder Público no caso em apreço, que representa apenas uma parte do dever do Estado, cuja obrigação total de iniciativa própria é criar e manter educandários com o objetivo do futuro Ginásio Nossa Senhora do Livramento de Arcoverde […].»

04-09-1953 – Diario de Pernambuco, goo.gl/2TLMXh6ª col.
«Bodas de prata da emancipação do município. Programa a ser realizado - Solenidades. É o seguinte o programa organizado para as solenidades das bodas de prata do município de Arcoverde, no dia 11 deste mês:
Em frente à Prefeitura Municipal, às 0,5 horas, alvorada pela banda musical e Bandas Marciais do Tiro de Guerra 154, Escolas Reunidas do Município, Grupo Escolar Cardeal Arcoverde, Centro Educativo Leonardo Couto, Ginásio Cardeal Arcoverde, acompanhada de uma salva de 21 tiros; 6,30 horas concentração de todos os estabelecimentos de ensino. Tiros de Guerra e agremiações esportivas; 7 horas, missa solene em ação de graças, celebrada por dom Adelmo Machado, bispo diocesano; 8 horas, hasteamento do pavilhão nacional, no edifício da municipalidade, pelo sr. Otacílio Morais, prefeito do município, ao som do hino nacional; 8,10 horas, saudação ao povo, pelo vereador Francisco Canindé de Morais; 8,30, distribuição de sanduíches e refrigerantes; 9 horas, revista à tropa; 9,30 horas início do desfile em continência às autoridades presentes; 11 horas inauguração do Ginásio Diocesano Imaculada Conceição, discursando em nome do município o jornalista Airon Rios; 12,30 horas, Banquete às autoridades e pessoas gradas, no salão do Esporte Clube de Arcoverde durante o qual será levantado um brinde de honra ao governador do Estado pelo sr. Murilo de Oliveira, sub-prefeito do município.
Segunda parte - às 13 horas sessão solene, sob a presidência do prefeito Otacílio Moraes, presentes o representante do governador, bispo diocesano, outras autoridades, delegações dos estabelecimentos de ensino, associações culturais e desportivas e o povo em geral; saudação por uma professora do município; distribuição dos prêmios conferidos aos vencedores das provas desportivas realizadas no dia 7; palestra sobre a data pelo padre Luis Wanderley Simões especialmente convidado, enaltecendo o significado da data e prestando uma homenagem ao governador Estácio Coimbra; franquia da palavra aos presentes.
Encerramento - 18 horas, arriamento do pavilhão nacional, em frente ao edifício da Prefeitura e às 21 horas, a municipalidade recepcionará a sociedade local, oferecendo-lhe um baile nos salões do Democrático Esporte Clube, no qual tocará a famosa Serra Talhada Jazz.»

10-9-1953 – Jornal Pequenogoo.gl/V6eZ5e , 4ª col.
«Bodas de Prata de Arcoverde. [...] - 11,00 - Inauguração do Ginásio Diocesano Imaculada Conceição, discursando em nome do município, o jornalista Airon Rios. [...].»

«Ginásio Imaculada Conceição. Em 11-09-1953 iniciavam-se suas atividades e sua primeira diretora foi a Irmã Alzira Guimarães Pereira Bernardino. Oficialmente o Ginásio foi inaugurado em 1955.» Foto colorizada. Original no livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 113. Inicialmente chamado Ginásio N.S. do Livramento, depois de N.S. da Conceição e, por fim, Ginásio Imaculada Conceição, também conhecido popularmente como “Ginásio das freiras”.

15-09-1953 – Diario de Pernambuco,  goo.gl/wpo8p8 , 7ª col.
«Telegramas.[...] De Arcoverde “Ciente grande interesse vossência difusão ensino zona sertaneja, tenho satisfação comunicar inauguração Ginásio Diocesano Imaculada Conceição confiado religiosa cidade Arcoverde. Cordiais saudações, Dom Adelmo - Bispo de Pesqueira.” »

20-09-1953 - Diario de Pernambucogoo.gl/4Ec59V4ªcol.
«Dia do município. - Grandes festividades assinalaram as “bodas de prata” da emancipação política do município. O programa elaborado pela Prefeitura foi fielmente obedecido. Das solenidades destacaram-se desfile dos escolares, Tiro de Guerra 154, Agremiações desportivas etc. como também o banquete oferecido às autoridades e pessoas gradas no qual foi levantado um brinde de honra ao governador do Estado representado pelo sub-prefeito do município.
Às 15,20 horas no Cine-teatro Bandeirante realizou-se uma sessão solene, sob a presidência de d. Adelmo Machado, bispo de Pesqueira. Nessa ocasião falou o dep. Luiz Wanderley Simões.
À noite foi oferecido à sociedade local e convidados de outros municípios, um baile nos salões do “Democrático Sport Clube”. É digno de elogio o trabalho prestado pelos guardas de trânsito aqui destacados, que dirigiram o tráfego de maneira a tornar ainda mais brilhante o desfile realizado nesse dia.»


Foto colorizada dos primeiros alunos GCA - Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág.111
«Uma das turmas de estudantes do Ginásio Cardeal Arcoverde com o seu diretor, Pe. Delson Cursino de Freitas, e o professor Cleto Cursino Padilha.
Identifica-se na foto: Edvaldo Simões, Giovane Oliveira, Milton Lira, Gilberto Neves, Ararão, doca Farias, Juventino Mariano, Evandro Branco, Paulo Guimarães, Martiniano Ferraz, Raimundo, Blesman Modesto, Edier Napoleão, Leonardo Guimarães,, Paulo, José Fernandes, Geraldo Bezerra, Raimundo, Reginaldo Almeida, Ademir, Meu, Romero Lima, Zezito Magalhães, Jorge Pires, Zózimo, Evilásio Padilha, Aurecir Valença, Silvio Vidal, Elísio Dourado, Zé Maria Fonseca, Dia, Lula Veinho, Catre, Agobar, Jamildo Pacheco, Geraldo Maciel, Roosevelt e Pedro Donato.»

06-11-1953 – Diário Oficial, bit.ly/1I8aRh4, 1ª col.
«Projeto 368 - Ementa [autor Pe. Luiz Wanderley] - Autoriza a concessão de um auxílio em favor do Ginásio Nossa Senhora da Conceição de Arcoverde. Art. 1º. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir um crédito de Cr$ 100.000,00 em favor das obras do Ginásio Nossa Senhora da Conceição, de Arcoverde.»

09-03-1954 –Diário Oficial, bit.ly/1Ud5uT3, 1ª col.
«Lei 1833 - Autoriza a concessão de um auxílio ao Ginásio Nossa Senhora da Conceição, de Arcoverde.»
07-04-1954 – Diario de Pernambucogoo.gl/qtQFHE , 5ª col.
«Nota de Arcoverde - Cleto Padilha. A última quinzena de março é início do ano letivo para  os nossos dois únicos estabelecimentos de instrução secundária. Desde alguns dias o ir e vir dos estudantes envergando orgulhosamente suas fardas oferece à cidade um colorido inteiramente novo. Arcoverde adquiriu um aspecto mais sério e no sorriso da sua gente se divisa todo o orgulho e encanto pelo acontecimento.
Na verdade, nenhum empreendimento terá tido tanta significação para os que vivem nesta comuna como a fundação desses educandários - Ginásio Cardeal Arcoverde e Ginásio Imaculada Conceição - que o dinamismo e o espírito de iniciativa de D. Adelmo Machado trouxe até aqui e que o culto pe. Délson de Freitas vem conduzindo com acerto.
Os dois Ginásios cumprem uma missão sublime através da educação das gerações mais novas, educação essa realizada não somente sob o aspecto meramente didático mas também  pela orientação moral e cristã que lhes permita trilhar o caminho certo nesses primeiros e naturalmente incertos passos da vida.

O futuro nos dirá do valor real deste empreendimento. Os primeiros frutos estão sendo colhidos. Existe já entre nós uma nova mentalidade dirigida e aprimorada no sentido do belo do bom e do justo. E isso sem dúvida descortina novos horizontes a Arcoverde de Amanhã.»

13-04-1954  - Diario de Pernambuco, goo.gl/AYg6AE2ª col. 
«Ginásios: Teve início no dia 15 de março p.p. o ano letivo nos ginásios Cardeal Arcoverde e Imaculada Conceição, desta cidade. O número de alunos matriculados em cada um dos estabelecimentos de ensino citados, ascende a uma centena.»

08-03-1957  – Diario de Pernambucogoo.gl/ypJwzC, 6ª col.
«Vida Escolar […]. Ginásio Cardeal Arcoverde (Arcoverde) – [Bolsistas] Sebastião José Freire - Maria da Conceição Barbosa - Maria Corália Marques de Barros e Edward Soriano de Sá.»

28-03-1960 – Diário Oficial, bit.ly/1JBiP4I, 1ª col.
«Decreto n. 502 - É criado o Ginásio Estadual Carlos Rios, com sede na cidade de Arcoverde, tendo por finalidade ministrar o ensino secundário gratuito.[...] O referido Ginásio funcionará, a título precário, no edifício do Grupo Escolar Cardeal Arcoverde.»

23-06-1960 - Diário Oficial, bit.ly/1IuF1Iu, 3ª col.
«- Estatutos do Ginásio Imaculada Conceição.»





2012 – 50 anos depois eles se encontram



Fachadas atuais. Fotos do Jornal de Arcoverde. Junho de 2018
Colégio Cardeal Arcoverde.
Colégio Imaculada Conceição.

Colaboração de Milton Oliveira Lyra, em 22-08-2018:


A foto de 1954 apresenta o conjunto das três séries do GCA, então em atividade: 1º. 2º. e 3º ano ginasial, cada turma com cerca de 30 alunos.

Na foto foram identificados:



1 - Frazão, membro da família Gaião, proprietária na época da farmácia de mesmo nome, na cidade alta. No livro Ícones, de R. Moraes, figura com a alcunha de “Ararão”.
2 - Edvaldo Simões
3 - Nilton Lima (“Touro Azul”)
4 - Giovane Oliveira, falecido.
5 -?
6 - José Antônio de Souza (“Zé Pipa”), falecido.
7 - Milton de Oliveira Lyra
8 – Jeferson, professor primário e Hotel no São Cristóvão.
9 – Jackson, filho de um coletor da época (estadual ou federal).
10 - Gilberto Neves, falecido.
11 – Benjamim, (da Serra das Varas ou da Caiçara.)
12 - João Mildes, do bairro da Boa Vista.
13 - Zezito Magalhães, filho de Mário Magalhães e Maria Magalhães.
14 - Edmundo Veloso, (filho de Ângelo Veloso, professor pioneiro de música do GCA.
15 - Adilson Falcão (Doca) - falecido *
16 - Aurecir Valença, da mercearia.
17 - Juventino Mariano.
18 - Evandro Branco
19 - Wilton (ou Uilton) Napoleão Arcoverde. (*)
20 - Paulo Guimarães.
21 - Deodício Alves (Deó) cunhado do padre Delson.
22 - Celestino Ramígio, falecido.
23 - José Martiniano Ferraz, falecido.
24 - José Raimundo (filho do “seu” Leite, dono de uma importante miudeza na cidade, irmão de “Bia” Leite. Foi locutor no serviço de difusão do Cine Rio Branco.
25 - Blesmam Modesto.
26 - Ede Napoleão.
27 – Enoe, sobrinho de Dona Lela e seu Américo, funcionário público (coletor)
28 - Aluísio Guimarães.
29 – William, filho do chefe da Estação Ferroviária na época.
30 - Geraldo Nunes Ferraz (“Diagonal”)
31 – Nena, cunhado de Martiniano Ferraz, que foi casado com Do Céu
32 - Geraldo Bezerra, falecido.
33 - José Eudes Lima, sobrinho de Milvernes Cruz Lima.
34 - Edson (de Buíque, ligado a Juventino Mariano, o 17º da foto.
35 - Raimundo Medeiros, filho do “seu” Altino, dono de loja, na cidade alta.
37 - Rivaldo de Almeida França.
38 - Aldemir Nonato, irmão de Pedro Nonato, o último, este sentado na fila inferior.
39 - Dão Bezerra, da rua Velha, irmão de Dudé, figura muito popular na época). (*)
40 - Peu (da av. Pinto de Campos, ligado à família de Edvaldo Simões (2º da foto).
41 – Carlos Ferraz, filho de Ercílio Ferraz e Dinorá, irmão de Socorro Ferraz.
42 - Romero Lima, irmão de Nilton Lima, o 3º da foto (Romero é falecido).
43 - Zezito Magalhães, filho de Mário Magalhães e primo do homônimo, o 13º da foto.
44 - Jorge Pires.
45 - Zózimo Neves.
46 - Evilásio Padilha.
47 - Cláudio Brito, filho do Sr. Luiz de Brito (prático em enfermagem, exímio aplicador de injeção, sem prejuízo de sua função em órgão público) e D. Maria José de Brito, distinta e conhecida professora da instrução primária. (*)
48 - Gilson Duarte, falecido. (*)
49 - Galêgo, irmão de Aurecir, 16 º da foto.
50 - Silvio Vidal.
51 -?
52 - Juan Bispo, filho de D. Madalena e “seu” Bispo, na época, funcionário da SANBRA.
53 - Reinaldo (ou Rinaldo), falecido. Foi professor de matemática, funcionário do Banco do Brasil. Quando estudante, atendia, com incrível presteza, na “Venda do seu Olímpio”, seu pai, na av. Antônio Japiassu, estabelecimento famoso pela desarrumação de objetos estranhos, raros e em desuso. Verdadeira catrevagem, daí o apelido dele - “Catré”.
54 - Mariceu Freitas Magalhães.
55 -  ?
56 - Jansen Magalhães, (irmão de Zezito (nº 13  da foto), filho de Mário Magalhães e Maria Magalhães.
57 - Humberto Miranda Pacheco, falecido.
58 -?
59 - Alísio Dourado Filho ( Alisinho) *
60 - José Maria Fonseca.
61 - Possivelmente Fernando, filho de sr. João da Sodeco, armazém na av. Antônio Japiassu. (*)
62 - Rivaldo Bezerra (“Diba”), falecido, irmão de Geraldo Bezerra, o 32º da foto.
63 - Expedito de Souza Leão. *
64 - João Fernando Salviano, irmão de Pedro Salviano Filho.
65 - Luiz Pacheco Freire (“Lula Veínho”).
66 -Paulo Rubens Feitosa *
67 -?
68 -?
69 -?
70 - Waldemir (ou Valdemir) Albuquerque, falecido, filho do “seu” Acácio e de D. Maria Ozita, notória professora, de alto gabarito. (*)
71 - Jamildo Ferraz Pacheco, falecido.
72 - Geraldo Maciel, filho de D. Lia e Sr. Milton Maciel.
73 – William, o filho do Sargento Irineu (TG-154).
74 -?
75 - Padre Delson Cursino de Freitas.
76 - Cleto Cavalcanti Padilha.
77 - Antônio Farias, já se destacava, desde o 1o ano do curso, pelo talento em matemática, sobrinho do dr. Nilson, professor de matemática do Ginásio Cardeal.
78 -?
79 -?
80 -?
81 - Pedro Moura Nonato, irmão de Aldemir Moura Nonato, o nº 38 da foto.

Falecidos:
Giovane
José Antônio de Souza
Gilberto Neves
Celestino Remígio
José Martiniano Ferraz
Geraldo Bezerra
Romero Lima
Gilson Duarte
Reinaldo (Catré)
Humberto Pacheco
Waldemir Albuquerque
Rivaldo Bezerra (Diba)
Jamildo Pacheco
Cleto Padilha (professor)


·         Notas
·         Na página 110, do livro ÍCONES, do saudoso Roberto Moraes, há um registro que diz, logo no início, “uma das turmas de estudantes…” em referência à extensa foto. Na fotografia, que, se não histórica, marcante, estavam reunidos quase todos alunos componentes das três séries do curso ginasial daquele estabelecimento de ensino, com três anos de funcionamento, aproximadamente. Lembro-me do momento e do empenho da Direção em arrebanhar o maior número de componentes possíveis.
·         Os alunos nominados, no registro de ICONES (uns pelo primeiro nome, outros pelo sobrenome e alguns pelo apelido), alcança o número de 42, o que é perfeitamente normal, dada a dificuldade do reconhecimento, pelo decurso do tempo.
·         Conta-se 79 estudantes, que aparecem na fotografia. Com o diretor, padre Delson, e o nosso inesquecível professor Cleto Padilha, 81 estão na foto.
·         Observações sobre do texto no livro:
·         Em lugar de Leonardo Guimarães, leia-se Aluísio Guimarães, que está na foto e é irmão de Paulo Guimarães, também na foto. Leonardo, irmão mais velho dos mesmos, fez todo o curso ginasial em Pesqueira, iniciado em 1951.
·         Outro nome, simplesmente Paulo, não consegui identificar na foto, assim como José Fernandes, Iranir, Agora e Roosevelt.
·         Aproveito para esclarecer, tendo em vista os nomes de dois Raimundos: O primeiro trata-se de José Raimundo Leite (o 24º da foto, cópia numerada) e o segundo Raimundo Medeiros (o 36º da mesma foto).
·         Ressalto, ainda, que o nome Reginaldo Almeida, é um equívoco compreensível. O certo é Rivaldo Almeida (37º da foto), pois o primeiro é irmão mais velho e não estudou no Cardeal.


·         Na turma do 3º  ano, minha turma na ocasião, detectei as ausências de:
·         Genildo (falecido), figura dinâmica e de muita iniciativa, mormente em eventos desse tipo (sessão de foto). Era funcionário do BB de Arcoverde e músico amador, na época do Ginásio. Tornou-se advogado e morreu assassinado no exercício da função.
·         Hélio Araújo, cuja família era proprietária do de Hotel no São Cristóvão. Formado em Economia, foi presidente da Casa do Estudante de Pernambuco em meados dos anos 60. Irmão de Damião Araújo, médico cardiologista.
·         Saturnino Vieira, de Buíque.
·         Jaime, de Tacaratu.
·         Walter Arraes, do alto sertão pernambucano.


Milton Oliveira Lyra
Recife-PE.
Em 22 agosto 2018

Hospital Regional Ruy de Barros Correia, antiga Unidade Sanitária de Arcoverde


JORNAL DE ARCOVERDE n.304 – Julho/Agosto de 2018

Hospital Regional Ruy de Barros Correia, antiga Unidade Sanitária de Arcoverde


Pedro Salviano Filho

 

Hospital Regional de Arcoverde Ruy de Barros Correia. Foto em agosto de 2018, do Jornal de Arcoverde. (Streetview goo.gl/R3W39U ).
Unidade Sanitária Agamenon Magalhães. Foto colorizada. Original no livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, de Roberto Moraes, Recife, 2008. Pág. 86


O atual Hospital Regional Ruy de Barros Correia teve início com o lançamento da pedra fundamental da Unidade Sanitária de Arcoverde, em 6 de junho de 1952. Construída a partir do pleito do deputado José Rodrigues da Silva (Zé Batatinha), no governo de Agamenon Magalhães (que faleceu em 24 de agosto de 1952), foi inaugurada no dia 21 de dezembro de 1953, com a presença do governador Etelvino Lins. Foi o primeiro diretor da então Unidade Sanitária Agamenon Magalhães, a partir de janeiro de 1954 (até 1958), o dr. Luís Coelho, em seguida substituído pelo dr. José Cursino. A Unidade teve o seu primeiro internamento em 6 de março de 1954.
Nesta apresentação, procuro resgatar informações relativas à implantação da assistência médica em Arcoverde pelo poder público. Foi a partir destas realizações que o município começou o seu desenvolvimento médico, hoje consagrado em toda a região.
Sobre o tema saúde, esta coluna já mostrou alguns dos primeiros médicos arcoverdenses (ver Médicos de bem antigamentegoo.gl/H27zui).

14-08-1920 Jornal do Recifegoo.gl/C9M4mm , 1ª col.: «Na sala de operações da "Farmácia Hollanda", no dia 6 do corrente, submeteu-se à delicada intervenção cirúrgica o sr. Antônio Marques, extraindo dois cancros do lábio inferior. Serviu de operador o dr. Liciniano de Almeida, tendo como auxiliares o dr. Luís Coelho e o farmacêutico Agostinho de Hollanda, este cloroformizador. O resultado foi satisfatório, continuando o operado em excelentes condições.»

08-11-1951 - Diario de Pernambuco - goo.gl/Lgxv2r , 5ª  col.: [foto do] «Posto de Puericultura do Serviço de Proteção à Maternidade e à Infância no município de Arcoverde.»

28-11-1951 -  Diario de Pernambuco - goo.gl/Zbb3sy ,  6ª  col.: «Atos do governo [...] designando o promotor público, em exercício, da comarca de Arcoverde para, como representante do Estado, assinar a escritura de doação de um terreno localizado na sede daquele município, destinado à construção de uma Unidade Sanitária.»

03-05-1952 – Diario de Pernambucogoo.gl/68N7BH , 7ª  col.: «O Departamento de Obras e Fiscalização dos Serviços Públicos, está chamando a atenção dos interessados para o seu Edital n.2 que está sendo publicado no Diário Oficial e que abre concorrência pública para a construção de um prédio destinado à unidade sanitária na cidade de Arcoverde, neste Estado.»

19-06-1952 – Diario de Pernambuco - goo.gl/HBbDZD , 5ª  col: «Lançada a pedra fundamental de uma Unidade Sanitária. Antônio Napoleão (para o D.P.).
O fato de maior repercussão nos últimos tempos nesta cidade foi, sem dúvida, o lançamento da pedra fundamental da "Unidade Sanitária de Arcoverde”, pelo cunho da compreensão e de interesse demonstrado pela população local, tradicionalmente conhecida pela sua independência política.
Ninguém tomou pelo lado político o benefício que Arcoverde vai receber do Governo do Estado, todos unânimes naquilo que já externamos em nossa vida pública - qualquer governo que deseje contar com a unanimidade deste povo, que faça o que ele precisa, sem partidarismo, sem protecionismo, sem segundas intenções. E é o que acontece agora.
Graças a atuação do deputado José Rodrigues da Silva, que teve a iniciativa, o governo do Estado mandou lançar a pedra fundamental da unidade sanitária tão reclamada por quantos aqui vivem, laboram... e adoecem.
Em avião do Governo do Estado viajou para esta e para outras cidades do interior o Secretário de Saúde e Assistência Social, dr. Orlando Parahym, que não é um desconhecido para esta coletividade.
Verdadeiro estudioso dos assuntos que se relacionam com a saúde e a alimentação do povo sertanejo, o dr. Orlando Parahyn conta em cada arcoverdense e em cada sertanejo um admirador incondicional. A sua obra é conhecida de quantos se interessam pelo assunto. Isto também ocorreu para maior brilhantismo das festas realizadas, no mais impróprio dia e hora da semana e por isso mesmo mais expressivas.
Tudo feito de improviso, com o sabor do improviso. O deputado José Rodrigues da Silva mandou distribuir na véspera um prospecto de propagando convidando o povo para assistir ao lançamento da pedra fundamental e às pessoas mais gradas da sociedade um convite para o almoço que ofereceu ao ilustre representante do governador e seu secretário de saúde. E ninguém o decepcionou. Aproximadamente às 10 horas era lançada a pedra fundamental da unidade sanitária, que teve a benção da igreja, na pessoa do seu digno vigário, padre Pedro Gabriel de Vasconcelos, que enalteceu o significado da obra que se vai realizar, agradecendo aos céus em nome dos seus mais humildes paroquianos, pela lembrança de José Rodrigues e do Governador.
Em seguida o dr. Orlando Parahin produziu uma oração digna de figurar como verdadeira aula de sociologia cristã, citando o acervo de problemas que defrontam os governantes e governados na sua solução no mais breve tempo possível, destacando entre todos os problemas, como o de mais urgente necessidade, o problema da saúde do povo, mostrando que ele deve ter prioridade sobre todos os outros, pois sem saúde o homem não pode enfrentar quantas dificuldades surgem a cada momento principalmente no mundo conturbado de hoje, quando necessitamos ter um lugar de vanguarda entre os povos da terra. Contentou-se extraordinariamente com o interesse demonstrado pelos arcoverdenses pelo seu progresso que dentro de um ano estará funcionando a unidade sanitária.
Ao ilustre secretário, o dr. Rui de Barros Correia ofereceu um drink, em sua residência e posteriormente realizou-se  o grande almoço oferecido ao dr. Orlando Parahim pelo deputado José Rodrigues da Silva e no qual tomaram parte, dentre os que podemos anotar, os seguintes cavalheiros: dr. Otílio Guedes, juiz de direito da comarca; dr. José Fulco, promotor; sr. Otacílio Moraes, prefeito; drs. Rui de Barros Correa, Cursino Galvão, Freire Filho, médicos; drs. Antonio Antero e Luciano da Costa Barros, engenheiros; Manuel Artur de Souza Leão e Airon Rios, advogados; e srs. João Gonçalves Lima Dioclécio Nepomuceno, José Caitano de Melo, Altino de Siqueira Freire, Florismundo Oliveira, Manuel Sitônio, Alberto Coriolando de Barros, Dorgival Galindo, Luiz Alves da Silva, Manoel Soares de Melo, Gumercindo Cavalcanti, Álvaro Ramos Cruz, dr. Rivaldo Carneiro, Francisco Cordeiro de Albuquerque, Hertz Santos, Euclides Siqueira, Valdemar Queiroz, Emanuel Veras, Mário Magalhães Bastos, Crispiniano Neves, Joaquim Belarmino Duarte, Alísio da Costa Dourado, Audo Howard Bradley, Antonio Cadena, Rafael Barbosa, Natalício Martins de Farias, Angelo Veloso da Silveira, Euclides Arantes, Napoleão Cunha, José Mirtes, Antonio Honorato dos Santos, Manoel Muniz Falcão, Oscar Olímpio de Araújo, Nestor Pires de Carvalho, Antonio Francisco Moreno, Sebastião Araujo, José Fernandes Rouce, Pergentino Feitosa, Abdoral de Godoy e outros.
A Câmara Municipal esteve presente pelos vereadores Cleto Padilha, James Pacheco, Elizeu Marques Magalhães, Severiano de Brito Freire e Paulo Tavares.
Falou oferecendo o almoço o deputado José Rodrigues, secundado dos srs. dr. Airon Rios, Cleto Padilha, dr. José Fulco, dr. Otílio Guedes. Respondeu agradecendo o homenageado, dr. Orlando Parahym.
Verdadeira festa de congraçamento em torno de um ideal coletivo, ali estiveram representados todos os partidos políticos com influência no município.
Logo após o almoço o dr. Orlando Parahym seguiu para a capital do Estado.
Não somente Arcoverde, mas todo o sertão pernambucano muito esperam da administração profícua do prof. Agamenon Magalhães e do seu seleto secretário.
Arcoverde, 6-6-1952.»

30-08-1953 – Diario de Pernambuco goo.gl/qHZAtR , 7ª col.:  «Unidade Sanitária. [Murilo Oliveira]. A magnífica unidade sanitária iniciada no governo Agamenon Magalhães encontra-se quase concluída. O povo esperava a sua inauguração no próximo dia 11 de setembro. Infelizmente, ainda não foi adquirido o seu mobiliário bem como o necessário equipamento médico.
A crise financeira que atravessa o Estado nos traz um pouco de desesperança no que se relaciona com o funcionamento imediato do nosso Hospital. Enquanto isso, as pessoas que necessitam de assistência hospitalar procuram o hospital de Pesqueira, principalmente, indigentes que a Prefeitura quase todos os dias remove para aquele nosocômio. Contudo, resta uma esperança...»

24-12-1953 – Diario de Pernambuco - goo.gl/CC2S9B8ª col.: «Inauguração da Unidade Sanitária de Arcoverde.
Realizou-se, no dia 21 do corrente, às 16 horas, a inauguração da Unidade Sanitária de Arcoverde, com a presença do governador Etelvino Lins, secretário de Saúde, Artur Coutinho, sr. Lincoln Santa Cruz, diretor do Departamento de Saúde Pública, deputados padre Vandereli Simões e José Rodrigues, Otacílio Morais, prefeito de Arcoverde, sr. Luiz Gonzaga Ribeiro dos Reis, juiz de direito da comarca.
Falaram, no momento em que foi cortada, pelo governador Etelvino Lins, a fita simbólica, inaugurando o hospital os srs. Ribeiro dos Reis e o secretário de Saúde, o governador de Estado.
A Unidade Sanitária de Arcoverde, uma das mais bem aparelhadas do agreste, dispõe de trinta e sete leitos, além de salas de cirurgia, raio X, laboratório, e a secção especializada destinada à Maternidade.»

30-01-1954 – Diario de Pernambuco - goo.gl/1Qyweh , 5ª col.: «Atos do Governo Estadual. […] nomeando Maria Celeste Fernandes da Silva e Luiza Valdevina da Silva, para exercerem os cargos de enfermeira, padrão da Unidade Sanitária de Arcoverde, do Departamento de Assistência  Hospitalar, presentemente vagos; nomeando Diogenes Domingues Cavalcanti e Carmelita Bezerra Rocha, para exercerem respectivamente, os cargos de guarda e visitadora padrão “B”, da Unidade Sanitária de Arcoverde, do Departamento de Assistência Hospitalar, atualmente vagos;
nomeando Luiz Barbosa de Macena, Lucilio Tenório de Brito e José Monteiro de Carvalho, para exercerem respectivamente, nos cargos de administrador, padrão “C”, auxiliar técnico de laboratório, padrão “B”e  atendente padrão “A”, da Unidade de Arcoverde o Departamento de Assistência Hospitalar presentemente vago. [...].»

12-02-1954 – Diario de Pernambuco -  goo.gl/B9AMHN , 6ª  col.:  «Atos do Governo
Estadual. […] transferindo o dr. Jeneci Ramos do cargo de cirurgião chefe, padrão “F”, do Hospital Regional de Pesqueira, para o de cirurgião obstetra, de igual padrão, da Unidade Sanitária de Arcoverde, atualmente vago, fazendo-se no seu título, a necessária apostila;»

13-04-1954 – Diario de Pernambuco - goo.gl/GzgcYX , 1ª col.: «UNIDADE SANITÁRIA - Encontra-se em pleno funcionamento a Unidade Sanitária local, a qual vem prestando incalculáveis serviços à população. Merece especial registro a ordem e a disciplina reinantes em todos os setores de atividades do referido nosocômio, graças à eficiente orientação do seu diretor, dr. Luiz Coelho Alves da Silva.»

21(e 22)-04-1956 – Diario de Pernambuco - goo.gl/J5hJbp , 1ª col.: «Notícias de Arcoverde. Congresso médico - Paulo Cardozo. Pela primeira vez nesta cidade, realizar-se-á um Congresso Médico, sob os auspícios da Sociedade de Medicina de Pernambuco, no período de 6 a 9 de setembro do corrente ano.
Este conclave reunirá grandes personalidades da medicina pernambucana e terá um cunho altamente significativo, diante dos temas oficiais que serão debatidos por vários médicos, inclusive os residentes nesta cidade. Iremos assistir um fato inédito em Arcoverde, escolhida que foi para o referido Congresso, numa demonstração inequívoca do seu prestigio no cenário Nacional.
Cidade centro do interior pernambucano, Arcoverde dia a dia mais se projeta, em face do seu progresso - vertiginoso, fadada a futuro brilhante. A prova desta nossa afirmativa, se encontra alicerçada pelo fato de nestes últimos anos a mesma estar sendo ponto de atração de pessoas que aqui procuram se instalar e de realizações de pesquisas.
O Congresso Médico a ser realizado, honrará sobremodo a nossa cidade e a classe médica local. De acordo com as declarações do dr. Luís Coelho, diretor da Unidade Sanitária de Arcoverde com quem nos avistamos, o mesmo teve oportunidade de salientar o grande valor do certame, nos apresentando na ocasião a organização do conclave e os temas que irão ser debatidos que estão assim organizados:
Temas escolhidos: " Enterocolites parasitárias" e "Contusões e ferimentos do abdômen". Relatores Drs. Luiz Tavares de Barros, para o tema clínico e Odacy Varejão, para o tema cirúrgico. Realização de dois simpósios: "Condições de alimentação do trabalhador rural do Nordeste" e "Proteína e Fígado". Simposiastas Drs. Orlando Parahyn para o primeiro e o professor Nelson Chaves para o segundo.
Para simposiastas do simpósio sobre alimentação, os drs. Jamerson Ferreira Lima, José Nivaldo Barbosa, Djalma Vasconcelos, José Luiz de Almeida e Rui de Barros Correia.
Para simposiastas do simpósio sobre "Proteínas e Fígado", os drs. Waldir Pessoa, Naide Teodósio, Luiz Lessa (Garanhuns), Waldomiro Ferreira (Caruaru) e o professor Luiz Inácio de Andrade Lima.
A fim de acertas as providências que se tornam necessárias para o bom êxito do Congresso, estiveram no gabinete do prefeito, os drs. Luiz Coelho, Rui de Barros Correia, Jenecy Ramos e José Cursino Galvão, os quais mantiveram demorada palestra com o chefe do Executivo Municipal acerca do assunto, comprometendo-se o prefeito a dar todo o apoio moral e financeiro ao aludido conclave.»
Mais sobre o congresso: 29-04-1956: goo.gl/PbazWR ,(2ª col.).

13-10-1959 -  Diario de Pernambuco -  goo.gl/ErZuL7 , 8ª col.: «Atos do Governo Estadual - O governador do Estado assinou, ontem, o seguinte ato:
exonerando o dr. Luiz Alves Coelho da função gratificada de diretor de Unidade Sanitária de Arcoverde nomeando para substituí-lo o dr. José Cursino Galvão, médico clínico, nível 16.»

Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos. II Volume (8). Centro de Estudos de História  Municipal. Recife, 1978 – Luiz Wilson, Pág. 1210
«Nota – Ruy morreu há 4 ou 5 dias em “Rio Branco” (27-11-1976), de um tumor maligno do mediastino ou do pulmão, um ou dois anos depois de termos escrito para este livro o capítulo Ruy de Barros Correia e Adalgisa Cavalcanti. Foi sepultado na cidadezinha em que nasceu, em Belo Jardim. Nem Adalgiza, nem Ruizinho, nem os amigos sabiam de sua doença.[...].»

09-01-1979 – Diario de Pernambuco - goo.gl/a9ZxPa , 1ª col.: «Hospital Regional de Arcoverde - Veloso Costa. Em Medicina, Pernambuco se antecipou. Não somente em certos pioneirismos técnicos, conforme mencionamos em nossa publicação "Medicina, Pernambuco e Tempo", mas também, na interiorização da medicina.
Levar medicina às comunidades interioranas não foi e ainda não é tarefa fácil. O médico, a enfermeira, as auxiliares de enfermagem, enfim, um grupo de pessoas que se dedique às atividades médicas, necessitam, como o soldado, de quartel ou fortidianas contra as doenças, seja curando-as, tratando-as ou evitando-as.
Daí a necessidade de inicialmente, se construírem postos de saúde, edificar hospitais, a fim de que os profissionais de saúde, disponham de ambiente adequado para os seus elevados misteres.
Em Arcoverde, a medicina chegou, como em muitas outras cidades de Pernambuco, através do poder público. Entretanto, não faltou a colaboração dos filhos da terra, doando o terreno do hospital onde deveria ser edificado o atual nosocômio de hoje.
O pleito para que se dotasse a cidade de uma unidade hospitalar foi apresentado em 1951, pelo deputado José Rodrigues da Silva, mais conhecido por Zé Batatinha. Governava o Estado Agamenon Magalhães.
Na época do lançamento da pedra fundamental, ocupava a Secretaria de Saúde o prof. Orlando Parahyn, profissional dos mais brilhantes, ainda hoje em plena atividade.
A inauguração da Unidade Sanitária, realizada, a 20 de dezembro de 1953, foi festiva. Como sempre acontece, contou com a presença de autoridades: Senador Vitorino Freire, Governador Etelvino Lins, Secretário de Saúde Prof. Arthur Coutinho, cuja administração foi das mais profícuas conforme se acha registrada em “Medicina, Pernambuco e Tempo”, Dr. Nestor Cavalcanti, Deputados José Rodrigues da Silva e Padre Luís Simões, além de outras pessoas gradas e de grande público. Dirigia o Departamento de Assistência Hospitalar, o Dr. Nestor Cavalcanti, de saudosa memória. Ocupava a Secretaria de Viação e Obras Públicas, o Dr. Armando Monteiro Filho, engenheiro de grande espírito público. Somente a 25 de fevereiro de 1954, tiveram início as atividades com o serviço de matrícula de pacientes no ambulatório.
Nos ambulatórios, em 1954, foram atendidos 2.021 pacientes; destes, 682 foram internados em vários serviços hospitalares; realizaram-se 154 pequenas intervenções cirúrgicas, 708 curativos, 963 injeções intramusculares e 329 endovenosas.
O primeiro Diretor da Unidade Sanitária de Arcoverde, hoje Hospital Polo da VI Região de Saúde, foi o Dr. Luís Coelho Alves da Silva, pediatra nível 15, nomeado pelo Ato n. 2.343 de 19 de dezembro de 1953, assinado pelo governador Etelvino Lins, contando o exercício a partir de 01 de janeiro de 1954. O Dr. Luís Coelho exerceu as funções até 1958, quando foi substituído pelo Dr. José Cursino Galvão. O primeiro diretor tinha um passado político: foi prefeito por nomeação na época do interventor Carlos de Lima Cavalcanti e, posteriormente, eleito deputado.
A Unidade Sanitária logo cedo evoluiu para um hospital. O primeiro internamento teve lugar no dia 06 de março de 1954. Conforme relatório, internaram-se 682 pacientes, assim distribuídos: 477 indigentes, 108 pensionistas, 97 contribuintes, 2ª  classe.
Destes, saíram curados 562; melhorados 104 e 16 falecidos. A média de óbitos foi de 2,34%. Destaca-se, no referido relatório, que alguns pacientes deram entrada em estado pré-agônico. O movimento cirúrgico registro foi o seguinte: a) Intervenções cirúrgicas - 266, b) Aparelhos gessados - 19, c) Extensões e Kieschener - 3, d) Osteossíntese - 2, e) Casos encaminhados aos hospitais de Recife - 28.»

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Pág. 180.
No número 20 de BABEL, de 05 de dezembro, na última página do mesmo jornal: «UNIDADE SANITÁRIA AGAMENON MAGALHÃES. Estamos seguramente informados de que será no dia 20 do corrente a inauguração de nosso Hospital, que tomou o nome - Unidade Sanitária Agamenon Magalhães. … O deputado José Rodrigues da Silva, pai legítimo da ideia, está de parabéns por ver realizado o seu antigo sonho, que encontrou no saudoso governador Agamenon Magalhães (falecido no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, em 1952) o seu iniciador, e no atual governo (dr. Etelvino Lins de Albuquerque), o continuador e realizador da importante obra”.
O n. 23, de 26 de dezembro (Ano I), de BABEL, trazia em sua primeira página: “Inaugurado o Hospital de Arcoverde”. Transcrição dos discursos do deputado José Rodrigues da Silva e Airon Rios.
Inaugurado o nosso “Hospital a 10 de dezembro daquele ano (1953), com a presença do governador do Estado, dr. Etelvino Lins de Albuquerque, senador Vitorino Freire, professor Arthur Coutinho (Secretário de Saúde do Estado), dr. Nestor Cavalcanti (Diretor de nosso Departamento de Assistência Hospitalar) e, entre outras autoridades, do deputado Padre Luís Simões, suas atividades tiveram início a 25 de fevereiro do ano seguinte (1954).
Seu 1º  diretor foi o dr. Luís Coelho, nomeado pelo ato n. 2.343 de 19.12.1953 do governador Etelvino Lins de Albuquerque, contando-se o seu exercício a partir de 1º  de janeiro de 1954.
Em 1958 era substituído pelo dr. José Cursino Galvão, evoluindo em seus primeiros aquela Unidade Sanitária para um “Hospital” de 30 leitos.
Mais tarde, no governo Cid Sampaio (sendo Secretário de Saúde o dr. Bertholdo Kruze e diretor do Departamento de Assistência Hospitalar o professor Luís Gonzaga Tavares de Barros), recebeu aquele nosocômio uma série de melhoramentos, entre os quais um Serviço de Hidratação Infantil. Seu corpo clínico foi também aumentado de 3 para 7 médicos, inclusive um anestesista.
Em 1978, o governo Moura Cavalcanti firmava contrato com o fundo de Assistência Social (F.A.S.) de nossa Caixa Econômica, para as obras de reforma e ampliação do Hospital de Arcoverde, constando as mesmas, entre outras coisas, da construção de dois prédios, um dos quais de dois pavimentos e outro destinado a Pronto Socorro e Ambulatório, encarregando-se daqueles serviços a firma Cobasil Construção Ltda., tendo sido dado à mesma o prazo de 300 dias para término dos trabalhos. área acrescida: 2.215 metros quadrados. Início das obras: 18.09.1978. Entre outras coisas, a regularização do terreno adquirido retardou aqueles serviços, devendo inaugurá-los dentre de mais algum tempo o dr. Marco Antônio Maciel, em cujo governo estão sendo os mesmos concluídos (e tenho a impressão de que em grande parte, executados), sendo Secretário de Saúde o dr. Djalma Oliveira e diretor da VI Região de Saúde, com sede em Arcoverde, o dr. Orlando de Souza Ferraz. Ali investiu o governo Moura Cavalcanti, com o custo do projeto equipamentos e obras de construção e reformas a importância de Cr$ 19.273.000,00.»

17-01-1979 – Diario de Pernambuco - goo.gl/WQCUKT , 1ª  col.: «Ainda o Hospital de Arcoverde- Veloso Costa.
Em nosso interior, as mais importantes das atividades médicas eram aquelas ligadas à obstetrícia e à clínica médica. Em 1954, como ainda hoje, elas conservam o mesmo primado.
O primeiro parto, verificado no hospital de 34 leitos iniciais, ocorreu a 12 de março de 1954, em paciente pensionista. Nessa especialidade, observou-se, no referido ano, o seguinte movimento: 176 pacientes atendidas, 86 partos simples, 4 partos naturais gemelares, 1 parto natural prematuro gêmeos, 12 partos a fórceps, 1 parto pélvico natural, 1 cesárea segmentar por placenta prévia, 1 cesárea seguimento em gravidez gemelar, 1 laparotomia exploradora por prenhes tubária rota, 2 partos prematuros com fetos mortos macerados, 20 partos natimortos, 6 abortos embrionários, 1 aborto fetal, 1 aborto fetal gemelar com hidrâmnios, 26 curetagens por motivo extra puerperal, 6 dequitaduras manuais.
Na área de ginecologia, a primeira intervenção cirúrgica foi uma histerectomia subtotal  na senhora Sebastiana Regis, residente em Boa Vista. A equipe operatória constou do cirurgião Geneci Ramos, dr. José Cursino Galvão, sendo a paciente anestesiada por Maria Celeste Fernandes da Silva com éter, em máscara de Ombredane. Assim, Arcoverde, através desse ex-auxiliar de Barros Lima, Geneci Ramos, iniciava a cirurgia ginecológica naquela região onde hoje goza de excelente conceito. Nos dias atuais, tudo isso se apresenta simples, mas, recuando-se no tempo, sentimos a capacidade de trabalho, o esforço, o preparo técnico, a coragem profissional, implantando na entrada do sertão a prática cirúrgica, realizada com êxito conforme o baixo obituário registrado.
Completava o equipamento, um gabinete odontológico. Também não faltou o laboratório de análises clínicas para realização de exames de rotina como fezes, sumário de urina, hematimetria, leucograma, dosagem de ureia e glicose. O analista e o dentista nomeados, enquanto aguardavam a instalação de seus serviços, tomavam conta da farmácia do hospital.
Como meio semiótico das atividades clínicas, foi instalado, nos últimos dias de novembro de 1954, um aparelho de RX cujo movimento foi de 10 radiografias e 20 radioscopias.
O hospital tornou-se o centro de todas as atividades de saúde, inclusive àquelas que se prendem a Medicina Legal. Assim, as autoridades locais solicitaram perícias em 20 lesões corporais, 7 homicídios e 6 por sedução e estrupo.
Não havendo previdência na época, os doentes que podiam custeavam os ônus do tratamento. Com isso, a administração angariava meios para manter e melhorar as instalações de seus diversos serviços.
Arcoverde tornou-se com seu hospital, a Meca da Medicina. Para ali ocorriam pacientes vindos das mais distantes cidades e povoações como Pedra, Venturosa, Alagoinha, Pesqueira, Belo Jardim, Sanharó, Buíque, Sertânia, Custódia, Afogados da Ingazeira, Águas Belas, Betânia, Tupanatinga, Itaíba, Inajá, São Bento do Una, São José do Egito, Carnaíba, Tabira, Flores, Petrolândia e Tacaratu. Enfermos dos estados vizinhos também ali chegavam: de Alagoas, procediam dos municípios de Mata Grande e Santana do Ipanema; da Paraíba, dos municípios de Monteiro, Teixeira e Princesa Isabel. Até os municípios de Paulo Afonso e Glória vinham doentes. Hoje, muitas Unidades de Saúde, umas hospitalares, outras Unidades Mistas, Postos, se acham instaladas em todas aquelas cidades e regiões que procuravam o Centro Médico de Arcoverde. Entretanto, a capital da entrada do sertão continua a receber grande demanda, particularmente de casos graves, exigindo sempre e sempre uma medicina mais técnica ou, como se diz modernamente, mais sofisticada. Daí porque a administração Moura Cavalcanti resolveu reformatar e ampliar de 70 para 140 leitos o hospital polo da 6a Região de Saúde sob a direção profícua e honesta do dr. Orlando Ferraz. Talvez antes do término da administração do governo, parte ou toda a grande reforma seja inaugurada. Ali o poder público está investindo Cr$ 17.200.000,00. 
Registre-se, nesse comentário, o valioso apoio que o prefeito Áureo Bradley vem dando às Unidades de Saúde de Arcoverde.» 

Na década de 60, foto colorizada, obtida na frente do Hospital Regional de Arcoverde. Jeová Fernandes Gouveia (hoje radiologista em Arcoverde), José Genézio Lafayete (hoje clínico em Arcoverde), Dr. João Ramos (médico em Recife) e Pedro Salviano Filho (hoje cirurgião geral em Ivaiporã-PR). Na ocasião, excetuando o dr. João Ramos, os demais eram acadêmicos de medicina.

Grande Hotel Majestic


JORNAL DE ARCOVERDE n.305 – Sertembro/Outubro de 2018

Grande Hotel Majestic

Por Pedro Salviano Filho




Construção iniciada em 1950 que se prolongou por alguns anos daquela década. Foto colorizada.
Década de 50, primeiro prédio à direita, na av. Antonio Japiassu,  o Majestic foi considerado um dos hotéis mais destacados do interior pernambucano, vivendo uma excelente oportunidade de alavancar o turismo regional, em Arcoverde. Foto colorizada.

Foi em 1950 que em Arcoverde teve início a construção de um hotel que colocou o município na primeira linha de hotelaria do estado, à frente de todos os municípios interioranos, como se pode verificar pela leitura de jornais da época, “estabelecimento com aspecto e trato dos melhores existentes na capital.” O proprietário, sr. Severino Sobreira de Araújo, enfrentou muitas dificuldades para finalizar o “Hotel Majestic”, um projeto audacioso de um idealista. 
Hoje desfrutando de uma grande rede de hotéis, Arcoverde dispõe assim das melhores condições para incremento da indústria do turismo.

1919
Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson. Pág. 92:
«A primeira Casa Paroquial de Rio Branco ficava vizinha ao chalé do cel. Leonardo Guimarães, D. Maria, Emídio, Teodoro e as "meninas", na mesma residindo depois o dr. Marcionilo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (filho do dr. Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti), Enéas Mendes, Numeriano de Freitas e, entre outros, "seu" Noé e d. Maria Licor, esta última abrindo ali, mais tarde (mais ou menos em 1936) o Hotel Majestic, que vendeu depois a D. Maria Sobreira.»

25-05-1950 – Diario de Pernambuco - goo.gl/TpjA13 – 7ª col. «[...] Em seguida, os rapazes do SESI foram recepcionados no Departamento Cultural do clube sertanejo e depois, rumaram para o Hotel Majestic, onde ficaram hospedados.»
10-06-1953 – Diário de Pernambuco - goo.gl/CyMFHj 3ª col.
«Um hotel de Arcoverde. Cleto Padilha (Para o “D.P.”}
Uma das coisas mais difíceis para quem viaja pelo interior é encontrar um hotel que ofereça acomodações de 1ª ordem. Dessa espécie existe apenas um que é de Arcoverde, edificado graças a coragem e pertinência do sr. Severino Sobreira de Araújo.
Certa vez, quando ali passava o então secretário Gomes Maranhão tivemos oportunidade de ouvir do notável homem público os mais nagados elogios àquela iniciativa, não somente pela sua importância para a cidade, mas, sobretudo, pelo muito que representava do dinamismo e do arrojo do seu idealizador.
Realmente, o Hotel Majestic, hoje com seus três imponentes andares quase concluídos vem sendo construído sem o menor auxílio oficial, e a custa apenas, de empréstimos, tomados em organizações bancárias e que vão sendo pagas com os rendimentos da própria casa.
Todavia, paira, agora, uma grave ameaça sobre aquele marco de progresso que Sobreira levou à terra do Cardeal. Segundo estamos informados não lhe será possível pagar ao Estado as contribuições exigidas, e na realidade absurdas. Tanto é assim que o Hotel está na contingência de praticamente encerrar suas atividades.
E é compreendendo a situação que as autoridades, o prefeito, vereadores e o comércio encaminharam um pedido ao governador do Estado no sentido de sustar tais exigências, durante certo tempo, para que a obra possa ser definitivamente concluída. O pedido do povo de Arcoverde é dos mais justos e será atendido se houver boa vontade e desejo de prestar um benefício relevante àquela comuna.»


19-06-1953 – Diario de Pernambuco - goo.gl/EqpGii – 1ª col.
«Hotéis no Interior -Crônicas do Interior. Samuel Soares.
Quando as administrações estaduais e municipais se dispõem a prover as grandes cidades e os centros de atração turística de hotéis condizentes com as suas necessidades, não visam obter resultados financeiros de tal iniciativa. De ordinário, constroem edifícios apropriados e os instalam convenientemente, depois do que, mediante contratos de arrendamento, em condições suaves, transferem a particulares a respectiva exploração.
Enquanto isso, as pessoas que chegam a qualquer cidade de certo porte e não encontram nela uma hospedaria à altura de seu progresso, logo tratam de responsabilizar a administração pelo descaso revelado nesse particular.
Não resta dúvida, por isso mesmo, que tanto o Estado como os municípios devem amparar o esforço de todos aqueles que se propõem a cooperar com o poder público na concretização de um serviço de tamanha utilidade como é o de um hotel em certas condições existente nas maiores como nas menores cidades.
Estas considerações vêm a propósito do comentário formulado pelo jornalista Gomes Maranhão sobre o novo hotel de Arcoverde e inserto na “Folha da Manhã” de sexta-feira passada.
Naquela florescente localidade se tem construído um hotel que, antes de ser concluído, pois isto demanda ainda a inversão de grande quota financeira, está em pleno funcionamento.
Trata-se, não há negar e como bem acentuou o ex-secretário da Agricultura, de um estabelecimento com aspecto e trato dos melhores existentes na capital. Por isto mesmo, constitui um empreendimento que atesta, antes de tudo, o espírito de cooperação do seu proprietário em favor do desenvolvimento da cidade.
Faz-se necessário, destarte, que tanto o governo municipal como o do Estado atentem nesta circunstância e venham ao encontro de tão arrojada iniciativa.
É bem verdade que há, na exploração do negócio, a ideia de se obterem, agora ou no futuro, lucros razoáveis. Mas isto é sem dúvida alguma, o objetivo de quantos se lançam à instalação de qualquer indústria proveitosa aos interesses da coletividade e em benefício da qual os governos se apressam ordinariamente, em conceder isenções e benefícios de toda ordem.
Por isto, a indústria hoteleira, sobretudo nas localidades interioranas, quando explorada em condições que contribuem para o benefício destas mesmas localidades, como é bem o caso do novo hotel de Arcoverde, merece receber o amparo das administrações.
Nada mais justo, assim, do que o apelo do jornalista Gomes Maranhão e que reflete, antes de tudo o desejo dos bons arcoverdenses, no sentido de que o proprietário do referido hotel seja eximido da responsabilidade de pagar impostos quando, pelo contrário, estaria a merecer até ajuda financeira do Estado para a sua arrojada iniciativa.»

23-06-1953 – Diário Oficial, https://bit.ly/1hbzksW, 3ª col.: «Projeto 167 – Isenção de impostos de vendas e consignações para o hotel Majestic.» 18-07-1953 –Mais: Parecer 212, https://bit.ly/2Ngk3GX , 2ª col. 21-07-1953 – Mais: Parecer 167, https://bit.ly/2xTNXfp , 2ª col.;  21-07-1953 – Mais:  Parecer 212, https://bit.ly/2xQkHGz, 1ª col.; 22-07-1953 – 2ª  discussão: https://bit.ly/2Oq4bX5 , 3ª col

22-07-1953 – Diario de Pernambuco - goo.gl/gUd3bJ 7ª col. «Hotéis no interior
Adeth Leite (Para o “D.P.”)
A rigor as principais cidades do interior de Pernambuco são desprovidas de hotéis, a altura do seu progresso e das necessidades mesmas da sua importância, dentro do Estado. Já não falamos na decepção sofrida pelo turista nas suas andanças pelo interior afora. Verdade que as cidades de Garanhuns e Arcoverde já estão com o problema delineado e em via de acabamento. Caruaru, o maior núcleo demográfico do interior de Pernambuco não cogita do assunto, mas em compensação, Limoeiro já está com a pedra fundamental sentada para a edificação do seu hotel e nós acreditamos que a empreitada vá avante porque um capitalista da envergadura de Otaviano Heráclito Duarte está no firme propósito de dotar a sua terra de um empreendimento de vulto e por cima há ainda a incentivá-lo no seu desejo ardente, a figura infernal desse homem dos sete instrumentos que é o prof. Vilaça.
Na “Praça da Bandeira”, em Limoeiro será erguido, dentro de pouco tempo, um majestoso hotel que não envergonhará a cidade. Os limoeirenses vão se orgulhar da obra do seu conterrâneo. Trata-se de um empreendimento em que serão investidos cerca de dois milhões de cruzeiros. A construção moderna, terá um bloco de 270 metros quadrados em concreto armado com três pavimentos, valendo ressaltar que a obra é de iniciativa particular, não cooperando o poder público com um centavo para a realização do importante melhoramento para a vida da cidade.
No terreno de hotéis, Pernambuco inteiro é de uma pobreza franciscana. A começar do Recife. As cidades mais importantes do Estado e de zonas amenas, notadamente Garanhuns e Triunfo, com os melhores climas da região, não dispõem de hotéis condignos para abrigar os seus visitantes. A estação de repouso localizada em Fazenda Nova, no município de Brejo da Madre de Deus, com uma das melhores fontes d´água mineral do país, carece de um hotel ou restaurante mesmo de segunda classe. E no entanto, os capitais empregados nesse sentido, decerto, trariam justas compensações, além de estabelecer o turismo para aquela localidade. Mas os nossos homens de dinheiro não tentam uma realização da empresa e tudo permanece no eterno “ora veja!”
De qualquer maneira, pelo que está encaminhado neste sentido, parabenizamo-nos com a iniciativa particular, construindo os dois importantes hotéis em Arcoverde e Limoeiro, e daqui desta coluna queremos expressar a nossa alegria pelo devotamento e alta visão pelo bem estar comum, em favor de uma comuna pelos patrocinadores destes dois hotéis do interior do Estado.
O principal e inadiável problema de Caruaru, por exemplo, é a construção de seu hotel, mas o poder público acha mais importante e urgente a edificação de uma obra de fachada: O paço municipal, coisa de menos importância e que poderia ficar relegada a plano secundário, porque, quando o visitante vai a uma cidade, a primeira coisa a fazer é cuidar do seu alojamento e não saber se existe na terra, um prédio onde esteja abrigada a edilidade. Todavia, cada cabeça é um mundo e o prefeito Abel Menezes deve saber perfeitamente com quem está a razão... »

24-11-1953 - goo.gl/MP9UWn  - 3ª col. «Hotéis e garçonetes. Nas estradas do Sertão. Reportagem de Antonio Miranda. [...] . Arcoverde, terra dos hotéis
Arcoverde é uma terra que muito promete. Tem um futuro brilhante. É porta de sertões. Por Arcoverde passam todos aqueles que vêm da Bahia, do Piauí e de outros Estados.
Embora possuindo um hotel de boa apresentação, quem viaja de caminhão sente-se na obrigação de fazer refeições ou hospedar-se nos hotéis da estrada que se localizam no bairro de São Cristóvão. Eles se agrupam, se acotovelam. Margeiam a estrada de ambos os lados. São grandes e pequenos hotéis, uns limpos, outros menos higiênicos. Nem todos possuem garçonetes agradáveis, mas os motoristas têm as suas preferidas. [...].»
13-04-1954 – Diário Oficial, bit.ly/1Dg6qlg, 3ª col.: «Projeto 67 - Concede perdão e isenção de impostos Grande Hotel Majestic.»

13-04-1954 - Diario de Pernambuco - goo.gl/2fCskQ  8ª  col. « [...] Perdão de Impostos.
O sr. J. Gomes de Sá, em projeto de lei, autoriza o Executivo a conceder o perdão de todos os impostos devidos pelo sr. Severino Sobreira de Araujo, proprietário do Grande Hotel Majestic, localizado em Arcoverde, assim como isenção dos mesmos impostos devidos pelo referido hotel até dezembro de 1953. [...].»
28-10-1955 – Diário Oficial, bit.ly/1KGbnUx, 1ª col.: «Projeto 477. Hotel Majestic "patrimônio do seu urbanismo, com elemento integrante do seu progresso." Prorrogação das leis de isenção impostos.»

09-06-1956 – Diario de Pernambuco-  goo.gl/mcrv2c - 1ª col.
«Crônica do interior. O “Hotel Majestic de Arcoverde”. Samuel Soares.
Há, em Arcoverde, o fruto de uma iniciativa que nunca foi suficientemente exaltada pelo que possui todas as características de um esforço orientado no sentido do maior renome e progresso da aprazível cidade.
Trata-se do “Hotel Majestic” que é, sem dúvida, o melhor e o mais bem aparelhado de quantos estão em funcionamento no interior do Estado.
Seu proprietário, Severino Sobreira de Araújo pensou na sua construção e empreendeu-a vigorosamente, com o ânimo e a decisão de demonstrar seu amor à terra em que se fixou há muito tempo. Iniciou-a há seis anos atrás [1950], executando um projeto que parecia superior às necessidades do lugar e, sobretudo muito acima de que seria preciso para uma simples exploração comercial.
Com efeito, arrastando sacrifícios imensos, realizando poupanças e economias verdadeiramente heroicas, entendeu que poderia fazer o que muitos outros, dispondo de capitais volumosos, nem sempre têm a coragem de fazer. E graças a essa firmeza e tenacidade, sua obra está prestes a ser concluída.
O “Hotel Majestic” compreende um edifício moderno, de quatro andares, com instalações sóbrias e confortáveis, quartos com água corrente, apartamentos completos, amplos salões, e quanto mais é possível exigir uma hospedaria preparada para atender aos seus exigentes objetivos. Um hotel, enfim, que é padrão de orgulho para Arcoverde como seria, igualmente, para qualquer das nossas melhores e mais populosas cidades interioranas.
À sua frente, em tentativa de embargo à sua ação, tem encontrado, Severino Sobreira, sérios obstáculos que o reconhecimento dos seus esforços, por parte de homens e autoridades compreensivos têm ajudado a desfazer. Obstáculos que, ordinariamente, refletem a mesquinhos do despeito e da inveja daqueles que não são nem seriam capazes de realizar obra tão importante e valiosa.
Agora mesmo, graças ao espírito de compreensão do diretor da Rede Ferroviária do Nordeste, foi sustada uma ação de interdito possessório comeu a referida empresa, certamente conduzida por informações malévolas, procurava embargar a construção do hotel, já na sua última fase de acabamento. A ação se apoiava na circunstância de o edifício, na sua fachada posterior, ocupar dois metros na faixa dos vinte de propriedade da Rede. Contudo, ninguém nunca se lembrara do que, no mesmo alinhamento do hotel, ao longe da avenida Zeferino Galvão, cerca de cem ou mais construções terem sido e continuarem sendo levantadas. Ninguém se lembrara nunca de que noutras ruas da cidade a situação é idêntica, sem que se fizesse sentir a mesma providência, a mesma deliberação.
Contudo, mais uma vez a vitória sorriu ao arrojado e perseverante homem de ação e de trabalho. E, com tudo isto, não somente ele está de parabéns mas também a própria cidade de Arcoverde, desde que a sua obra tem o sentido de excelente e gigantesca cooperação para o progresso da simpática e florescente localidade.»

06-08-1957 – Diario de Pernambuco –  goo.gl/JqLk1F - 1ª  col.
«Arcoverde. Isenção do imposto predial do Hotel Majestic. Paulo Cardoso
O chefe do poder executivo acolheu com simpatia, dando-lhes sua sanção, ao projeto de lei que concedeu ao sr. Severino Sobreira de Araújo, proprietário do Hotel "Majestic", isenção do imposto predial pelo prazo de cinco anos, a contar do dia 1º  de janeiro do corrente ano.
A medida causou divergências de opiniões no seio da população; alguns foram contrários a medida e outros louvaram-na. Entre os prós e contras os primeiros formaram a maioria.
A obra gigantesca do Hotel "Majestic", que está sendo executada pelo incansável Sobreira, é algo que merece o apoio dos arcoverdenses bem intencionados e mormente do poder público, haja vista que até o presente momento vem lutando sozinho na sua grande empreitada de dotar a nossa cidade de um moderníssimo hotel, considerado um dos maiores e melhores do interior pernambucano.
A monumental obra já atingiu ao terceiro pavimento. Tudo está sendo realizado a custa de sacrifícios. E não seria possível compreender-se que o prefeito Murilo de Oliveira Lira se negasse a dar a ajuda do seu governo a tão importante melhoramento, isto porque o Estado também já prestou a sua assistência, isentando o "Majestic" do imposto sobre indústria e profissões.
Tudo o que se fizer em favor de Sobreira - aliás um forasteiro que tudo faz pelo progresso de Arcoverde - é muito pouco pelo que já realizou.
Alegam algumas pessoas que, sendo hotel uma fonte de renda para o proprietário, não poderia o poder público conceder favores. É absurdo esse argumento. Se não houvesse renda lucrativa em qualquer negócio, ninguém se atreveria a enfrentá-lo; e ademais o benefício concedido pelo governo municipal, visa apenas ao homem que, não possuindo milhares de cruzeiros, está realizando uma obra de milhões.
Por outro lado, a louvável ideia do Sobreira, de dotar a cidade de um moderníssimo e luxuoso hotel, tirou a responsabilidade à Prefeitura, de amanhã ou depois ter de enfrentar o problema, sabido que Arcoverde, antes do atual "Majestic" não possuía sequer um hotel - apesar dos existentes - que pudesse hospedar pessoas de certo nível social. E se o impasse perdurasse, a Prefeitura (ou o Estado) não teria que arcar com a responsabilidade da construção de um hotel que talvez não se igualasse ao "Majestic"?
O benefício concedido é muito pequeno; não vamos olhar para esta particularidade e, sim para a gigantesca obra que ainda está sendo executada. Isto é que é o importante, no dizer do locutor Adelmar Paiva.
Que apareçam idealizadores dessa natureza e estamos certos de que contarão com o apoio do governo municipal. [...].»

07-8-1957 – Diario de Pernambuco -  goo.gl/Tamfbc - 1ª  col.
«[...] Hotéis.
Foi uma boa medida a isenção do imposto predial ao Hotel  Majestic, de Arcoverde, pois só assim será possível concluir uma obra de interesse público e de tamanha importância.
Todo mundo se queixa, em Pernambuco, da falta de hotéis. No Recife, mesmo, só foi possível a construção do Grande Hotel, porque o governo do Estado a isso se dispôs; Não o houvesse feito o antigo governador Estácio Coimbra, e o Recife estaria talvez confinado ao Hotel Central. Até hoje foi impossível concluir o Hotel de Garanhuns e o de Fazenda Nova, pois a falta de recursos paralisou as obras.
Ajudar a iniciativa privada, no ramo da indústria hoteleira, é desenvolver o turismo; pois não há quem se anime a viajar, sem boas estradas e sem bons hotéis. Caruaru ainda hoje, e apesar de ter celebrado o seu centenário, não tem um Hotel que preste, Arcoverde deu a nota com o Majestic construído, aliás, por pessoa estranha ao lugar.
Era mesmo dever da Prefeitura ir ao seu encontro; e o que é de estranhar é que apenas agora o tivesse feito. Obrigação do poder público é ajudar sempre certos empreendimentos, de iniciativa privada; nunca desestimulá-los e dificultá-los.
Por isso, esperamos que haja maior interesse por parte do governo em ajudar os dois novos hotéis - o de Fazenda Nova e o de Garanhuns, tão necessários ao turismo dessas localidades: Fazenda Nova, com o seu clima e a sua água; e Garanhuns, pelos mesmos motivos. Não importa que já existam ali alguns outros hotéis, porque, em certos meses do ano, todas as hospedarias locais estão cheias. Pessoas, que vão para o Sul fazer estação d´águas ou climáticas, alegam sempre as deficiências dos hotéis pernambucanos.
Limoeiro é outra cidade, que se pode apontar como pioneira na indústria do turismo, pois cuidou logo de instalar um bom hotel. A verdade é que Pernambuco precisa aproveitar as condições de clima de muitas de muitas de suas cidades e estimular as viagens pelo interior; o qual, se é mal conhecido, é que não oferece atrativo. A boa estrada e bom hotel serão sempre bons atrativos turísticos.»
10-08-1962 – Diário Oficial, bit.ly/1eHEmvF, 1ª col.: «Lei 4505 - Revigora Lei 1938, concedendo isenção de todos os impostos estaduais sobre movimento e construção do Grande Hotel Majestic.»


Hotel Majestic na atualidade (com outra direção). Av. Antonio Japiassu, 362. Foto: outubro 2018, do Jornal de Arcoverde.  Street viewgoo.gl/PzjUAB . Facebook goo.gl/CQagM1  

Fundos do hotel. Foto: outubro 2018, do Jornal de Arcoverde.

Bairro São Cristóvão de Arcoverde


JORNAL DE ARCOVERDE n.306 – Novembro/Dezembro de 2018

 Bairro São Cristóvão de Arcoverde

 

Por Pedro Salviano Filho


O Bairro São Cristóvão, em Arcoverde-PE, conhecido inicialmente como Bairro da Macambira, devido à presença dessa bromélia no loteamento criado pelo sr. Félix Paiva, tem 70 anos de existência e sempre foi um dos polos de desenvolvimento da cidade.
Concentrando inicialmente postos de combustíveis, oficinas mecânicas, fábricas de molas etc., o progressista bairro logo se destacou pelo comércio e serviços apresentados assumindo importância maior que a de muitas cidadezinhas do sertão do estado.
A tradicional Feira de São Cristóvão foi reinaugurada em 16 de maio de 2016, no Pátio Lídio Cordeiro Maciel, na Rua João Pininga de Moraes.



«A 02-02-1956 tem início a construção da Capelinha de São Cristóvão, no Bairro do mesmo nome, em Arcoverde, no local  doado para aquela finalidade por Félix Paiva, a 26-03-52.  ´Carlos Produções Fotográficas´. Arcoverde.» Foto colorizada. Original do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notasStreetviewgoo.gl/cnupbD


 Atualmente a “Igreja de São Cristóvão”. Foto Jornal de Arcoverde, dezembro de 2018.


«Matriz [?] do Santíssimo Redentor, em São Cristóvão, Arcoverde. “No dia 22-12-1956, D. Severino Mariano de Aguiar (Bispo da Diocese de Pesqueira), desmembra da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, a Paróquia do Santíssimo Redentor (também em Arcoverde, com os seguintes limites”... (Carlos Produções Fotográficas, Av. Cel. Antônio Japyassu, 372, Arcoverde).»  Atualmente Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” Foto colorizada. Original do livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas.

Hoje “Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”. Rua Padre Raimundo Redentorista, 200. Bairro São Cristóvão. goo.gl/vtfrG1. Foto Jornal de Arcoverde, dezembro de 2018.

1948 - Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luiz Wilson. 1982 - pág. 164.
«Neste ano ou no seguinte, tem início em Arcoverde o Bairro de São Cristóvão. 
Uma de suas primeiras casas foi o Posto Esso, de “seu” José Rodrigues (“seu” José Batatinha) ali tendo sido construído depois um trecho de casas de José Henrique, um “hotelzinho” de Eliseu Magalhães, a Serraria de Gonzaga e o Posto Atlantic [Shell?] de Alísio Dourado.
Nos primeiros anos da década de 50, a Standard, a Shell e a Atlantic construíram no lugar os seus tanques de distribuição de gasolina para o Sertão. A Chesf instalou no mesmo local um grande armazém de material, transportado até Arcoverde pela Great Western e de Rio Branco (Arcoverde) para Paulo Afonso, em caminhões, tendo sido Áureo Bradley e “seu” José Rodrigues os concessionários daquele serviço durante algum tempo.
Instalaram-se ainda em São Cristóvão, entre muitas outras, as oficinas mecânicas de Antônio Soares, de José Braga e de Félix Eletricista, além da Fábrica de Molas de Gerente (Cícero Cristino Bezerra).
Algum tempo depois, transferiram-se para o novo Bairro, Antônio Moreno, Antônio da Ford, Terêncio e, ainda, “Saguim”, cujas ferramentas eram apenas uma lima, um escopo e um torno velho de bancada, com o que fazia milagres.
O grande bandeirante de São Cristóvão, cujo comércio é talvez ainda hoje, maior que o de muitas cidadezinhas do Sertão do Estado, foi Félix Paiva, que era então gerente e guarda-livros da Cooperativa Banco do Sertão, da qual a diretoria era composta por ele (Félix), Emídio Guimarães e Otacílio Morais (inaugurada a 26 de julho de 1948).
As terras onde estão hoje o nosso bairro mais progressista, talvez em todos os tempos, diz-se que constituíam antigamente uma parte de Tamboril (de Tito Magalhães) e eram antes do capitão Veríssimo José do Couto , de Sérvulo José Freire e de Leonardo Pacheco do Couto Duque (Leonardo Duque), pai, entre outros filhos, de Antônio Napoleão Pacheco, falecido em 1976 com 92 anos de idade, restando hoje dos irmãos apenas José Duque.
Félix Paiva  comprara algum tempo antes um pedaço de terra no lugar, tendo origem depois que loteou o terreno e começaram a  construir no local, o “Bairro de São Cristóvão”, que no início, por causa da macambira ali existente era chamado de Macambira.
Em 1954 os padres Redentoristas construíram ali uma igrejinha sob o orago de São Cristóvão, patrono dos viajantes e motoristas do mundo cristão.
Quando a BR-25 (Estrada de Rodagem Central do Estado), no Governo do Dr. Nilo Coelho (pavimentada), foi desviada para o outro lado da cidade (passando atrás do Cruzeiro), viveu aquele bairro dias diferentes de sua época de desenvolvimento econômico e progresso. A velha estrada, que tudo dera a São Cristóvão, tirara-lhe tudo.
Áureo Bradley conseguiu no Governo Eraldo Gueiros, no qual foi como que um Vice-Rei, no Estado, a pavimentação da antiga BR-232 que cortava São Cristóvão desde o Campo da Aviação até a Vila da Cohab, ligando-a, também pavimentando-a a BR-25.
Tenho, às vezes, a impressão de que São Cristóvão, com a sua planície para o poente, depois da Melancia, será a Arcoverde do Século XXI.
A atual Avenida Cel. Antônio Japyassu, a Rua Augusto Cavalcanti, a Rua Zeferino Galvão e a Rua Leonardo Pacheco Couto (a Rua Velha), terminando como que aos pés da Serra da Caiçara, e apertadas entre a Serra da Aldeia Velha e o Serrote do Retiro (atrás do Cruzeiro), foram a Rio Branco e a Arcoverde deste século [20].
1951
Missões no florescente Bairro da Macambira, com Frei Eurico e José Carneiro Leão, presente o sr. Bispo de Pesqueira, D. Adelmo Machado, que ali celebrou no domingo (18 de fevereiro), uma missa campal.
Estudava, então, D. Adelmo, o projeto de construção de uma igrejinha naquele bairro, que teria como patrono São Cristóvão (v. o livro do Tombo da Matriz de Nossa Senhora do Livramento).
1956
A 2 de fevereiro tem início a construção da Capelinha do Centro Educativo de São Cristóvão, no local doado para aquela finalidade por Félix Paiva, a 26-02-1952.
Uma pequena imagem do protetor de nossos viajantes e motoristas é colocada no salão onde era dita já ali, aos domingos, uma missa.
1957
[…] Em construção a Capela do Bairro de São Cristóvão, onde a 19 de julho fez-se pela primeira vez o novenário em honra do Santo.
A 21 de julho (um dia de domingo), celebrada também ali a primeira missa, dentro das 4 paredes da igrejinha.
1958
A 20 de abril, inaugurado o sino (24 quilos) da Capela de São Cristóvão. (Capela com cinco bancos).»


Ícones. Patrimônio cultural de Arcoverde. Roberto Moraes. 2008. Imagem colorizada. Foto de 12-12-1951. Pág 82, Muirá ubi. Arcoverde. Tradução, trajetória e talentos. Roberto Moraes. 2003. – Pág. 72
«Em 1948 começou o desenvolvimento do Bairro São Cristóvão, com suas primeiras casas comerciais, Posto Esso de Zé Batatinha, Hotel de Elizeu Magalhães, Posto Atlantic [Shell?] de Alísio Dourado, Grande Armazém da Chesf, representantes: Áureo Bradley e Zé Batatinha, Posto Texaco de Jonas Moraes, Oficinas Mecânicas de José Braga, Antônio Moreno, Antônio Soares, Saguim, Antonio da Ford. Fábrica de Molas de Cícero Cristino Bezerra e muitos outros.»


Posto Esso. Foto colorizada do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).


Posto Shell, de Alísio Dourado. 12-12-1951. Foto colorizada do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

Ford de Arcoverde. Foto colorizada do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).


«Posto Texaco. O Palacinho de Vidro da cidade, como era conhecido, muito contribuiu
para o desenvolvimento do Bairro São Cristóvão. Seu primeiro proprietário foi Jonas Moraes.». Imagem colorizada. Original em Ícones. Patrimônio cultural de Arcoverde. Roberto Moraes. 2008. Pág. 83
Ícones. Patrimônio cultural de Arcoverde. Roberto Moraes. 2008. Pág. 101
Arcoverde registra as seguintes datas de fundação de suas instituições religiosas.
1919 – Igreja de Nossa Senhora do Livramento.
1926 – Igreja Batista de Arcoverde
1934 – Centro Espírita de Arcoverde
1954 – Igreja São Cristóvão
1956 – Igreja São Miguel
1957 – Igreja São Geraldo
1958 – Igreja do SS. Redentor [hoje “Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”.]
1958 – Igreja de Santa Luzia
1959 – Igreja Presbiteriana de Arcoverde
1962 – Templo do Racionalismo Cristão
1994 – Capelinha Santa Cruz

Sobre o desvio da estrada que deixou o Bairro S. Cristóvão temporariamente bem diferente da época de desenvolvimento econômico e progresso, o Sr. Antônio Francisco Moreno esclareceu para esta coluna: “Até o início dos anos 1960, a estrada federal que cortava Pernambuco era a BR 25 começando em Moreno até Salgueiro. Tinha pavimentação até Caruaru e daí por diante era terra batida. Para se chegar em Arcoverde passávamos no distrito de Mimoso, subíamos a serra de mesmo nome  (famosa pelos desastres). E seguia-se pela Mutuca,  15 metros,  até entrar em Arcoverde pelos bairros Boa Vista,  São Geraldo,  Colégio das Freiras,  Cardeal,  J. Freitas , posto Zé Batatinha, São Cristóvão,  até alcançar o Campo de Viação e seguir em frente. Era a BR 25, que no perímetro urbano tinha (e mantém)  outras denominações como Av. Conselheiro João Alfredo, Pedro ll, Joaquim Nabuco, José Bonifácio etc. Quando o asfalto chegou a Arcoverde,  além da nova denominação  (BR 232) houve o desvio do seu percurso; é tanto que fizeram corte no serrote, passando por trás do Cruzeiro, comeram parte da entrada do campo da sementeira, de maneira que a nova estrada fez um rodeio por fora da cidade. Assim, a movimentação de ônibus, caminhões, automóveis passou a acontecer pela nova BR, ocorrendo queda vertiginosa na BR 25 e consequentemente nas atividades econômicas do Bairro São  Cristóvão  (hotéis,  restaurantes,  oficinas, postos de combustíveis, revenda de peças automotivas  etc. Quando Eraldo Gueiros Leite foi designado Governador de Pernambuco,  Áureo Bradley, que gozava de enorme prestígio com ele, conseguiu o asfaltamento dos 6 quilômetros da área urbana da antiga BR (passou a denominar-se Eraldo Gueiros)  e trouxe novas perspectivas para o Bairro São Cristóvão”.

2012
Feira de São Cristóvão em 26 de abril de 2012: goo.gl/cgGkEq

2016
Reinauguração da Feira de São Cristóvão, em 16 de maio de 2016. Pátio Lídio Cordeiro Maciel, na Rua João Pininga de Moraes. goo.gl/mMf9go  (30-05-2016)



Feira de São CristóvãoFoto Jornal de Arcoverde, dezembro de 2018.

Mapa de São Cristóvão, Arcoverde-PE: goo.gl/HsJqNu
Escolas de São Cristóvão: goo.gl/jdpXiV
População: goo.gl/hfKkdV  
Matéria completa em: goo.gl/zYNZBd

Cuscuz e rua de Mãe são transformados em Cidade Alta



JORNAL DE ARCOVERDE n.307 – Janeiro/Fevereiro de 2019

Cuscuz e rua de Mãe são transformados em Cidade Alta

Por Pedro Salviano Filho


A hoje rua Idelfonso Freire foi, por volta dos anos 40, a rua de Mãe, paralela à rua Augusto Cavalcanti (que depois foi compartilhada com o segmento Alcides Cursino), chamada no início de Cuscuz. Incomodada pela presença de prostitutas que ocupavam a rua de Mãe, a sociedade recorreu ao capuchinho Frei Damião para reverter aquela situação. A estratégia: renomear as ruas para Cidade Alta, abolindo a rua de Mãe e Cuscuz. Assim, com o desenvolvimento do Bairro São Cristóvão, as “meninas" tiveram que se mudar para aquele novo e próspero local, rico de caminhoneiros. (Sobre o Bairro São Cristóvão de Arcoverde veja goo.gl/f6xrTR  e goo.gl/BW6wer ).

Minha cidade, minha saudade. Recife, 1972,  Luís Wilson. Pág. 119
« […]”Depois foi que apareceu Frei Damião batizando todo mundo, confessando, dando comunhão, casando os amancebados, mandando fazer penitência e ameaçando, vez por outra, com o fogo do Inferno.
A notícia da chegada do grande capuchinho espalhava-se como que por encanto e o sertanejo, suspenso à sua palavra, o escutava meio assombrado. Acreditam, no sertão, que o Diabo tem mais medo de Frei Damião que dos outros frades.
Um belo dia, o bom sacerdote, em um sermão, perto da venda de Otacílio, pediu ao povo para acabar, daquela data em diante, com o nome de - “rua de Mãe”.
“Comadre" Ananias (viúva do major José Amaro) foi quem construiu a antiga rua, no Cuscuz, da qual “as mulheres” depois tomaram conta. Meu velho amigo e colega, do Ginásio de Garanhuns, Altamiro Amaro, quando estavam construindo, ou depois de construída a “ruazinha”, naquele tempo, solteiro, e chegado a uma cerveja,  quase todo dia chamava um amigo, lá embaixo, para tomar “umas e outras”, na rua que a mãe havia construído, ou na “rua da Mãe”. Ficou, então, “rua da Mãe”.
Mas, não era possível, disse Frei Damião, naquele dia, que se continuasse a chamar “rua de Mãe” àquela que era a rua de todos os pecados daquele mundo”… Mãe era uma coisa sagrada, falou o velho frade. - “Chamem Cidade Alta, chamem todos Cidade Alta”, e tudo, na realidade, ou tudo quando era rua do Cuscuz, ou o Cuscuz inteiro, depois daquele dia, ficou sendo Cidade Alta”. »

Frei Damião, atendendo à solicitação de um grupo católico liderado por Elizeu Magalhães, fez campanha para que a rua de Mãe e o Cuscuz passassem a se chamar Cidade Alta. Em 2008 Arcoverde o homenageou com rua (goo.gl/oFnAk5 ) e praça (goo.gl/VbdD6A).

Algumas informações sobre Frei Damião:
17-01-1941 - Diario de Pernambuco. Reaviva-se o misticismo das populações do interior no nordeste. Bandos de penitentes invadem as estradas para ouvir a palavra de Frei Damião. A vida febricitante de um pálido capuchinho. Por Octacilio Nóbrega de Queiróz: goo.gl/LPgdPd e goo.gl/tuADwt


18-05-1974 - Revista Manchete – 1974, pág. 38: Frei Damião. O exorcista do nordeste: goo.gl/d8fW9k

Vídeos :
1970 - Frei Damião Trombeta dos Aflitos Martelo dos Herejes: goo.gl/pcjkh3
30-05-1997. Globo Repórter: Frei Damião e os santos brasileiros:  goo.gl/B49PUy
2015 – Especial Frei Damião - Parte 1:  goo.gl/4Z24Qa ; Parte 2: goo.gl/zoXC4f ; Parte 3: goo.gl/JTSxwW .


1943 - Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luiz Wilson. 1982 - pág. 160:
«No dia 17 de abril, no trem da tarde, Frei Damião Bozzano chega outra vez a Rio Branco para missões que se prolongaram por toda a “Semana Santa”.
Na terça e na quarta-feira pregou no “Cuscuz" e foi, então, que pediu a multidão que o ouvia que não chamasse mais “Cuscuz”, nem “Rua da Mãe”… Chamem “Cidade Alta”, chamem a tudo “Cidade Alta”.
Na quinta e na sexta-feira pregou em frente a igrejinha de Nossa Senhora do Livramento. No sábado, a um lado da "Estação”, da sacada de uma casa. “Realizou numerosos casamentos de amancebados e sete mil comunhões. […]»

Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995. Pág. 132
« […]”Um fato pitoresco merece ser inserido nesse capítulo, por ter ocorrido nesse período. A Cidade Alta era chamada de Cuscuz. Aí se localizava uma artéria que as pessoas passaram a chamar de Rua de Mãe. Como era um local conhecido como pecaminoso, algumas pessoas achavam que não se deveria misturar “mãe" com tal ambiente. Essas pessoas procuraram uma forma de solucionar o problema.
Tendo à frente Elizeu Magalhães, um pequeno grupo procurou Frei Damião, que numa época junina estava mais uma vez na cidade pregando as Missões. Ressalte-se que para ouvir seus sermões, praticamente toda a população católica se comprimia perante o Capuchinho.
O plano foi armado. Achando justa a reivindicação, Frei Damião dispôs-se a colaborar. No auge de suas perorações, quando as admoestações daquele que sempre foi muito respeitado no Nordeste faziam todos sentirem, já, o calor das labaredas do inferno, corta o ar a terrível sentença: “De hoje em diante ninguém mais chama aquele antro de vício de rua de mãe. E nem essa parte da cidade será chamada de Cuscuz (uma outra reivindicação da comissão que o procurara). Tudo isso passa a ser Cidade Alta. Quem assim não proceder, vai se queimar no fogo do inferno”. Estava extinta a “rua de mãe”. Extinto estava o Cuscuz. Frei Damião assim o decretara.
Luís Wilson, em uma de suas obras, conta esta história, referindo-se à “rua de mãe”. Entretanto, não cita o presidente da comissão, Elizeu Magalhães.»

28-03-2015 – Memórias e inquietações de Ivan. Por Ivan Rodrigues. https://goo.gl/2yoDmW
«Arcoverde de então, no começo do seu desenvolvimento, limitava-se à rua principal; a Rua Velha do lado de baixo que ia até à ponte de Buique e depois dela, só existia aquela linda casa no alto – sede da propriedade de Seu Sálvio Napoleão -;  e do lado de cima, a Rua da Linha que ia até o triângulo onde as locomotivas faziam a manobra para regressar, sem esquecer que a cidade começava na Estação da Great Western e terminava logo depois do DNOCS, naquela transposição da linha do trem bem antes da praça do Bandeirantes.
Naquela altura, do lado de cima da estrada de ferro existia apenas uma pequena rua, chamada de Rua de Mãe, porque as casas pertenciam à mãe de Altamiro (reconhecida pelo estranho nome de D. Ananias), oficial de cartório, grande boêmio e eterno frequentador da rua, pois nela se localizava a chamada “zona do baixo meretrício”. Será que alguém poderia me apontar uma “zona do ALTO meretrício” e confesso que a despeito de minha idade avançada, nunca encontrei uma?
Evidente que, até pela sua conformação, a Av. Cel. Japiassú abrigava a quase totalidade das atividades das principais instituições da cidade. O Hotel Bolieiro (em frente à estação); o ateliê do fotógrafo Seu Otaviano; Cine Teatro Rio Branco pertencente a Dr. Pedrosa; o Hotel Majestic ( já com essa denominação num chalé com uma grande varanda de lado e pertencendo a Dona Licô, casada com o famoso Noé Nunes Ferraz e matriarca de uma família digna); a Livraria e Tipografia Prima ( de Antônio Napoleão, por quem tenho uma especial estima e recordação – depois eu conto); a Casa Sálvio Napoleão, dirigida por alguns de seus filhos, grandes amigos e muito representativos de Arcoverde; o famoso Bar e Sorveteria Confiança , pertencente a Noé, e que foi cultuado na história de Arcoverde como marco na tradição na cidade (merece um livro só para seus causos); o Cartório de Clovis Padilha;  a sede do DNOCS, então chamada de Inspetoria, e a residência do seu Diretor (a chegada desse órgão  na cidade e dos seus funcionários, em grande parte oriundos dos grandes centros, causou uma verdadeira revolução nos seus costumes, sem contar os casamentos que garantiu às moçoilas da terra); a padaria de Seu Cícero Franklin, a farmácia de seu Florismundo. Enfim, é muita recordação e muita saudade!»
Mais -  goo.gl/GdS5LF

O CUSCUZ

Em 17-01-1934 já apareciam, à direita, as primeiras construções na “rua Augusto Cavalcanti – Rio Branco” (como está anotado). Nesta foto histórica, à esquerda, aparece uma pequena parte do curral de embarque de gado que era realizado pela Great Western (goo.gl/WLXm4v  e goo.gl/HQpft7 ), onde depois foi construído o Cinema Bandeirante. Os trilhos ai estão desde 1912 (goo.gl/gQBqZM ). Nesta época, 1937, a energia elétrica, através dos postes de trilhos, era fornecida pela SANBRA ( goo.gl/6QiPCK  e goo.gl/b5cZop ).
O Banco do Povo S/A (hoje Bradesco) foi inaugurado em 9 de julho de 1952 (goo.gl/9Qmske  7ª  col.), na esquina da rua Augusto Cavalcanti. Imagem original já mostrada nesta coluna, em 2013, “Retratando Arcoverde”:  goo.gl/CWDitz  e goo.gl/nSzHLa .Foto acima colorizada.
Rua  Alcides Cursino, seguindo-se da Augusto Cavalcanti, em foto do Jornal de Arcoverde, de fevereiro de 2019.
São paralelas à rua Idelfonso Freire (antiga rua de Mãe). Mapas: goo.gl/aUdDSV e goo.gl/5rTSL4.
Rua Augusto Cavalcanti. O Sr. Antônio Moreno sugere que esta foto foi tomada do Hotel Sertanejo. No canto esquerdo aparece a Padaria e Mercearia Tupan, onde hoje está o Banco do Brasil. Ao fundo se vê a linha férrea. Temos ai o verdadeiro Cuscuz. Foto colorizada.


Ainda com observações do Sr. Moreno, aqui aparece um trecho mais acima da rua Augusto Cavalcanti, após o Hotel Sertanejo, que ficava na esquina com a av. Severiano José Freire. Vê-se também a bomba de gasolina que ficava do lado oposto à mercearia de Jerônimo Chagas. Foto colorizada.

RUA DE MÃE, hoje
Rua Idelfonso Freire em foto do Jornal de Arcoverde, fevereiro de 2019.


Streetview -
Rua de Mãe,  Idelfonso Freire, na atualidade -: goo.gl/ZR82vb , Cruzeta: goo.gl/ADr7E3 , goo.gl/h1xd8Q
O Cuscuz iniciava-se no atual Bradesco, Rua Alcides Cursino, goo.gl/h9ye64  prosseguindo pela Rua Augusto Cavalcanti: goo.gl/EXUwk9

Bustos e estátuas em Arcoverde


JORNAL DE ARCOVERDE n.308 – Março/Abril de 2019

Bustos e estátuas em Arcoverde

Por Pedro Salviano Filho

Em Arcoverde há várias ruas e praças com o nome de cidadãos que se destacaram em sua história. Há também homenagens feitas através de bustos e estátuas.
E qual a diferença entre os monumentos busto e estátua? 
Busto é a representação da figura humana através da cabeça, pescoço e a parte superior do tronco.
Estátua é a representação de uma pessoa homenageada de corpo inteiro em diferentes situações.
Após esta introdução pergunta-se: Quais pessoas receberam bustos e estátuas em nosso município? O que elas fizeram para esse mérito? Onde estes monumentos estão exibidos?
A mais antiga homenagem está na praça Barão do Rio Branco. Todas, ao que se sabe, esculpidas, a partir de fotos, pelo arcoverdense, que hoje reside em Brasília, Jota Mildes.
Jota Mildes - 2019
Foi em 1963 que o sr. Jota Mildes se iniciou no ramo da escultura, elaborando sua primeira obra com a reprodução de imagem do presidente John Kennedy, falecido em novembro daquele ano. E sua cabeça, embasada na capa da revista “O Cruzeiro” bit.ly/2WNfZ6j  e trabalhada em gesso, logo foi disputada e adquirida pelo comerciante Nestor Pires de Carvalho. Sr. Mildes nos conta que, “Apresentado por meu pai (José Francisco, comerciante) este me levou ao seu amigo Antônio Franklin Cordeiro - Prefeito de Arcoverde (1963-1969), que me contratou para fazer um busto do Barão do Rio Branco (este que aí está na praça) a fim de substituir o busto anterior (não sei de quem a autoria) que fora roubado dias antes, à noite, do seu pedestal. Feito e entregue o busto do barão, com total aprovação popular, Antônio Franklin me contratou para fazer os bustos do Coronel Antônio Japiassu e Zeferino Galvão, a estátua (tamanho natural) do dr. Severiano Freire Filho, o busto de Arcelino Britto e outros bustos que não recordo no momento. Sei que em número aproximado de sete esculturas. Um fato interessante foi quando da entrega do busto do coronel Arcelino de Britto. O seu filho, acho que Arcelino de Siqueira Brito [“Tica”] ao ver a escultura quando da entrega na Prefeitura, tirou o chapéu, se ajoelhou e disse: "Bênção, meu pai! Está igualzinho ao meu pai!" Confesso, amigo, que me emocionei tanto ao ponto de chorar! Nunca mais esqueci aquela cena, de vê-lo - uma pessoa de característica "forte" ajoelhar-se e pedir bênção a uma estátua. Ainda mais sendo um trabalho meu, quando ainda iniciante na arte.  Quanto a questão cronológica das esculturas só sei informar que todas elas foram uma sequência a partir do Barão do Rio Branco, com intervalos apenas do tempo de confecção de cada uma. Uma série sem interrupção. Sei que o busto de Zeferino Galvão foi colocado na Rua da Linha, sim. Na época em que estava em Arcoverde fui considerado o único escultor de toda a região. Não se falava que houvesse mais alguém com esta profissão.”
Jota Mildes trabalhou na Rádio Bandeirante de Arcoverde, inaugurada, em 11 de setembro de 1964, bit.ly/2UhrdTX e goo.gl/PxO4X5 
Em 1967 se mudou para Petrolina, indo em 2003 para Brasília, onde reside atualmente. Já realizou cerca de 200 esculturas, esparramadas especialmente pelo nordeste. Seu trabalho de destaque internacional é a estátua do vaqueiro Raimundo Jacó (Missa do Vaqueiro de Serrita-PE) que foi encomendada pelo próprio cantor Luiz Gonzaga em 1973. Um pouco da sua obra pode ser observada no vídeo  goo.gl/emkXeL

Barão do Rio Branco

Foto em: bit.ly/2WRfHLD 
Busto do Barão do Rio Branco. Abril de 2019 – Jornal de Arcoverde

Documento, pouco divulgado,  goo.gl/mMt9AN e bit.ly/2I1Qyun , mostra que foi em 19 de março de 1912 que o segundo topônimo de Arcoverde passou a ser Barão do Rio Branco substituindo Olho d’Água dos Bredos, pouco tempo antes da inauguração da estação ferroviária, em 13 de maio. E nossa cidade (a partir de 1928) teve a denominação de Rio Branco até o último dia de 1943, quando ganhou o topônimo atual. 
O Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior), bit.ly/2CXYQj2 , faleceu no dia 10 de fevereiro de 1912.
A nossa primeira praça, Barão do Rio Branco, foi inaugurada pelo prefeito Oliveira Pessoa, em 1944, provavelmente já com o busto do barão.
10-06-1944 - Diario do Estado, bit.ly/1IyKuCt, 3ª col.: «De Arcoverde: Tenho dever comunicar vossência inaugurei praça Barão do Rio Branco primeiro jardim público feito cidade dispendeu prefeitura Cr$ 34.302,30. Atenciosas saudações Oliveira Pessoa, prefeito.»
Devido a ato de vandalismo, o busto do barão, em 1963, precisou ser refeito e se encontra no mesmo pedestal. Em maio de 2012 no street view bit.ly/2I3PiXR . Monumento e praça do Barão do Rio Branco (recente reforma 2013) goo.gl/UhMRB6 .

Cel. Antônio Japiassu


Cel. Antônio Japiassu – foto colorizada.

Busto do cel. Antônio Japiassu. Abril de 2019 – Jornal de Arcoverde
Como já vimos, ele foi o nosso primeiro prefeito eleito (ver bit.ly/2I21NmB e goo.gl/5ws8pV ; Família Japiassu bit.ly/2K4Yo8Agoo.gl/X6TAJB = Qual foi o berço de Arcoverde ) e a primeira avenida de Arcoverde (depois de várias renomeações) também ganhou seu nome. E é nela, em frente ao conhecido DNOCS (goo.gl/V1Ydra ) onde foi colocado o busto do coronel Japiassu.

Cel. Augusto Cavalcanti

Cel. Augusto Cavalcanti – foto colorizada.

Busto do cel. Augusto Cavalcanti. Abril de 2019 – Jornal de Arcoverde

Nesta coluna, com o título “ Uma das primeiras mansões de Arcoverde”, em 2016 (bit.ly/2U1zV3A ) apresentamos: Augusto Cavalcanti (de Albuquerque) nasceu em 1882 e chegou a Arcoverde (então Vila Rio Branco) há 100 anos [artigo publicado em 2016] e, nos 6 anos em que aqui intensamente viveu, demonstrou a sua capacidade empreendedora e visão de futuro, realizando obras que mudaram o rumo da região. Empresário e agropecuarista, ele revolucionou e impulsionou a vila construindo o cinema Rio Branco e implantando a luz elétrica no final de 1919. Bem relacionado com a imprensa, seu nome começou a aparecer nos jornais em 1917, quando passa a participar de exposições agropecuárias em Recife mostrando os produtos da sua fazenda Boa Vista, da “Estação Rio Branco” (como também era chamada a vila Rio Branco). Em 1918 ele manda construir a bela residência que no ano seguinte acolherá seu pai, o ministro do Supremo Tribunal Federal André Cavalcanti. O seu novo casamento, realizado no final de 1919, como também as inaugurações do cinema e luz elétrica, são o ponto alto das atividades do coronel. Em 1921, aos 39 anos, ele morre envenenado por parente da sua bela mulher. Para aqueles que se interessam pelo tema, sugerimos a leitura de outros artigos desta coluna:  goo.gl/irNlDe, goo.gl/4S0Wz8 , bit.ly/2OUeuk7 e bit.ly/2Ulklon ) .
Seu busto está na rua que também lhe presta homenagem e foi esculpido por Jota Mildes. Street viewbit.ly/2UigQPH

Dr. Freire Filho

Dr. Severiano José Freire Filho. Foto colorizada.

Estátua de dr. Severiano José Freire Filho. Abril de 2019 – Jornal de Arcoverde

Arcoverde História Político-Administrativa. Brasília, 1995. Sebastião Calado Bastos. Pág. 121.
«[…]O Dr. Freire Filho tinha como pais Severiano José  Freire, comerciante, e dona Eulina Otnilia Freire. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1910, aos vinte e quatro anos. Iniciando sua carreira de médico, especializou-se em oftalmologia. Tinha o Dr. Freire, porém, espírito cigano. Resolveu percorrer todo o sertão do Rio Grande do Norte até atingir Pernambuco. A essa altura, já fazia clínica geral. Acompanhavam-no, formando uma equipe itinerante, o farmacêutico Virgílio de Castro (que posteriormente estabeleceu-se em Caruaru, tendo sido seu amigo por toda a vida) e o dentista Genaro. Era sobrinho do cel. Delmiro José Freire (ex-prefeito) e primo de um outro ex-prefeito, Severiano de Brito Freire.
Antes de 1930 a área de Campo da Sementeira foi de sua propriedade. Ao se separar da primeira esposa, Inalda Gaioso, foi para Europa, ficando um ano na França. Colocou os filhos Herbert e Stélio em um colégio na Bélgica. Ai veio a Segunda Guerra Mundial. Da Europa veio para Campina Grande, na Paraíba, transferindo-se depois para Carpina, interior de Pernambuco, onde morou nove anos. Esta, sua última escala antes de ir morar em Rio Branco em 1942, pela segunda vez e em definitivo. Nos seus últimos anos de vida dividia Arcoverde com Recife. Casou pela segunda vez com Deolinda Cavalcanti e dessa união nasceram Yara, Branca, Fernando, Glady e Glauro. Faleceu em Arcoverde no dia 1o. de abril de 1958. Homem altamente espiritualizado, seus últimos anos foram dedicados aos pobres. Foi um dos fundadores do Rotary Clube de Arcoverde, em 1948. Chegando a Rio Branco, logo passou a integrar a Comissão Fiscal do Centro Espírita Redentor (Racionalismo Cristão). Nessa cidade, encontrou campo propício para ação empreendedora, pois o prefeito tenente Olímpio Marques acabara de lançar a ideia da criação de uma Cooperativa Agropecuária. O dr. Freire, então, organizou listas para formar o capital inicial. Foi fundada essa cooperativa em agosto de 1942, prestando grande ajuda aos pequenos agricultores e pecuaristas. Entretanto, a partir de 1947, a exemplo de outras Cooperativas do Polígono das Secas, o estabelecimento começou a ver seu movimento decrescer, pois a estiagem prolongada impedia que os clientes saldassem seus compromissos. Foi diretor do Posto de Higiene Municipal durante muitos anos. Em 26 de outubro de 1947 foi eleito prefeito do município através dos Partidos Coligados. Por esta mesma Coligação foram eleitos vereadores dois ex-prefeitos - Antônio Napoleão Arcoverde e José de Oliveira Pessoa. Seu opositor foi Nivaldo Mulatinho, pelo PSD. Também por esse partido candidatou-se o vereador Murilo de Oliveira Lira, ficando na suplência. Posteriormente, Murilo viria a ser prefeito. Observe-se que somente dezenove anos após sua emancipação política, teve o município oportunidade de votar pela terceira vez para prefeito. […]  Em sua administração foi feita a pavimentação entre a avenida João Pessoa (atual cel. Antônio Japiassu) e a rua Augusto Cavalcanti, com passeio lateral ao longo da linha férrea. Pavimentou várias outras artérias importantes, construiu um novo açougue público e um cais em frente ao Cine Bandeirante (goo.gl/P73K4A ). Fez a abertura e terraplanagem das avenidas José Magalhães França e Severiano José Freire. Construiu uma ponte sobre o Riacho do Mel, fundou uma biblioteca pública municipal, construiu o Açude Poços, próximo a Queimada da Onça e Aldeia Velha, bem como edificou o mercado público.[…].»

Zeferino Galvão

Foto de “ Ilustração Brasileira” edição 43, 1924, em bit.ly/2Kh4p1R . Foto colorizada.
Seu busto foi esculpido por Jota Mildes. Paradeiro desconhecido.
Nesta coluna, na matéria “ A Great Western”( goo.gl/qXlTJR Outubro.2010), já foi mostrado que Luís Wilson nos conta no seu livro “Município de Arcoverde (Rio Branco) [1982]” :  «Algum tempo antes dos trilhos da Estrada de Ferro Central de Pernambuco, no princípio do século, chegarem à Sanharó, pretendeu a Great Western desviá-los para o estado da Paraíba, via Pão de Açúcar. Zeferino [Zeferino Cândido Galvão Filho, proprietário do jornal] levantou-se como um gigante da tribuna da GAZETA DE PESQUEIRA e, entre outras coisas, esteve no Rio de Janeiro com Rosa e Silva e outros políticos de influência. Antes de sua vitória, recebera uma proposta da Great Western: seria feito um ramal da Estrada, de Sanharó à Pesqueira. Recusou-a e continuou em sua luta até o fim. Quando Zeferino morreu, 18 anos depois, o povo de Rio Branco, sempre agradecido aos seus benfeitores, enviou um requerimento ao Conselho Municipal de Pesqueira, solicitando que seu nome passasse a designar uma de nossas ruas... A ´Rua da Linha` passou a ser, então, em Rio Branco, a Rua Zeferino Galvão».
Bem posteriormente, pelo que informa o sr. Jota Mildes, ele esculpiu um busto do Zeferino Galvão que foi colocado na antiga rua da Linha, que se tornou a conhecidíssima avenida Zeferino Galvão (Street view - goo.gl/6rzaf4). Em 2005 (bit.ly/2UfccNs  ) a LEI Nº 2.066-2005 - Desmembra a parte superior da Av. ZEFERINO GALVÃO, a parte inferior passa a denominar-se Rua SEVERIANO DE BRITTO FREIRE, do Supermercado Bonanza, até a esquina da antiga Estação Ferroviária).
Zeferino Cândido Galvão Filho nasceu em 9 de maio de 1864 em São Bento do Una, cuja família mudou-se para Pesqueira. Faleceu em Recife a 1 de fevereiro de 1924.


Cel.  Arcelino Brito

Arcelino de Brito. Recorte do livro A Laje da Raposa. Memórias. 1978. Vitorino Freire. Pág. 14. Foto colorizada.

Foto em praça (frente à Igreja Católica) na povoação de Ipojuca. Imagem J. Randolfo Britto.
18-08-1936  - Correio da Manhã - bit.ly/2IncTCj  3ª col. «Rio Branco empossa a nova Câmara e o prefeito eleitos. […]. Foto: prefeito Gumercindo Cavalcanti… […] Prestado o juramento do estilo pelo vereador mais idoso, sr. Arcelino de Brito Cavalcanti, os demais se compromissaram segundo a lei. […]»
Ipojuca: sua história, sua gente. Luiz Carlos de Britto Cavalcanti, 2010. Pág. 40
«O coronel Arcelino de Britto (2-3-1872 – 15-7-1946) - Dos irmãos vindos do Pajeú, Arcelino foi o que mais se destacou na política, vindo a ser agraciado com a patente de coronel da guarda nacional. Homem empreendedor e de ampla visão, tornou-se um dos maiores proprietários de terras da região. Em suas fazendas, criava muito gado, e chegou a montar, no povoado, uma usina de beneficiamento de caroá planta muito abundante na região, em sociedade com o seu filho Theopompo. Foi, em decorrência dessa usina que a Ipojuca ganhou luz elétrica, mas o seu uso era restrito à fábrica e às casas do coronel e de seu filho Antônio.
O coronel Arcelino tinha um temperamento muito forte, herdado dos seus ancestrais ingleses, imprimindo em todos um grande respeito e. em muitos, um sentimento de medo. [...] O coronel Arcelino faleceu em julho de 1946.»
Ele também foi homenageado em Arcoverde com a rua Arcelino de Britto, no  bairro Boa Vista bit.ly/2IiFZ5M. No povoado de Ipojuca seu busto é mostrado pelo vídeo bit.ly/2VqMBCL  e no Streetview em bit.ly/2WXRKTc . Muitas informações adicionais podem ser vistas no artigo desta coluna Brito-Freire. Gente brabagoo.gl/AENvtP.

Carlos Rios

Carlos Rios: nasceu em 8 de setembro de 1900 e faleceu em 19 de março de 1955. Casou em 1920 com Alba Rios. Filhos: 1-Ayron Carlos Rios (de boné), 2-Dinosauro Carlos da Silva Rios, 3-Hilton Carlos da Silva Rios, 4-Hiran Carlos da Silva Rios, 5-Jessey d´Alba Rios e 6-Glicie d´Alba Rios. Foto colorizada a partir de Domínio Público, pág. 27:  bit.ly/1VS2q0r



Foto colorizada: inauguração do busto Dr. Carlos Rios. Foto original de Zira Cordeiro. Hoje, também, o busto tem paradeiro desconhecido.

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas.1982 – Luís Wilson. Pág. 202
«Airon Carlos da Silva Rios.
Airon Rios (Airon Carlos da Silva Rios), que foi para Rio Branco com os pais (Carlos Luthgardes da Silva Rios e D. Alba Falcão Rios), em 1940, elege-se deputado à nossa Câmara de Deputados Federais, a primeira vez, representando ali, desde então o seu Estado.
Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia de Pernambuco (1943), e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (1951), elegera-se antes deputado estadual em duas legislaturas (1963-1967) e 1967-1971). Entre outras coisas, foi em nossa Assembleia Legislativa, líder da União Democrática Nacional. Nasceu em Recife a 22 de janeiro de 1921, casou com D. Lenira Cordeiro e são os pais de 5 filhos: Alba Rejane, Alessandra, Carlos, Airon Filho e Adriana.»
Pág. 223: «[...] Escola Carlos Rios. Fundação 1961. 1ª diretor: Maria Amélia Cavalcanti. Atual [1982}:  Wanda Maria Brandão Silva. Entidade Estadual. Obs.: 1º Ginásio Estadual de Arcoverde funcionando no Grupo Escolar Cardeal Arcoverde e depois 1º Colégio Estadual de Arcoverde.[...].»

Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos. 1º volume. Luís Wilson. 1978. Pág 85.
«[...] Naquela época, todavia, já vivia Airon em Rio Branco (Arcoverde), para onde fora com a finalidade de prestar certa assistência ao pai, já então acometido da doença de Parkinson. [...] Com o desaparecimento do velho, substituiu-o na chefia da União Democrática Nacional no município, continuando unidos antigos companheiros, aos quais juntou muita gente da nova geração de Rio Branco (Arcoverde). [...]   A administração estadual até o governo do dr. Cid Sampaio limitava-se. No interior, a ministrar instrução primária. Foi por iniciativa de Airon junto a sua Exa., que tivemos, naquela época, a implantação de estabelecimentos oficiais de ensino médio (gratuitos), em nossas principais cidades, incluindo-se entre estas Arcoverde, tendo origem, assim, o Ginásio Estadual Carlos Rios, atualmente Escolas Carlos Rios, por congregar os cursos de 1º e 2º graus e ainda o normal e o científico. O decreto do velho Ginásio foi lavrado na residência do casal Ruy de Barros Correia – Adalgisa Cavalcanti, transformada, no Sertão, durante dois ou três dias na sede do Governo do Estado. Teve ainda Arcoverde, na mesma época, o seu Ginásio Industrial.»
28-03-1960 – Diário Oficial, bit.ly/1JBiP4I, 1ª col.: «Decreto n. 502 - É criado o Ginásio Estadual Carlos Rios, com sede na cidade de Arcoverde, tendo por finalidade ministrar o ensino secundário gratuito. [...] O referido Ginásio funcionará, a título precário, no edifício do Grupo Escolar Cardeal Arcoverde.»
29-01-1961 – Diário Oficial, bit.ly/1eHDGpR, 3ª col.: «Edital – Ginásio Estadual Carlos Rios. Exame admissão ao curso ginasial – 2ª época.» Mais: 15-03-1961, bit.ly/1Spfo6A, 1ª  col.: «Início funcionamento.»
30-05-1963 – Diário Oficial, bit.ly/1IPhbh3, 2ª col.: «[...]pedindo que sejam [reiniciadas] as obras de construção do prédio do Grupo Escolar e Ginásio Estadual Carlos Rios, na cidade de Arcoverde, cujas obras se encontram paralisadas desde os primeiros dias de fevereiro do corrente ano.» Mais: 30-05-1963, bit.ly/1OFOaTa. Mais: 07-06-1963, bit.ly/1I8i8gN ,  1ª col: «[...]Solicita informações ao exmo. sr. secretário de Educação e Cultura, a respeito da propalada substituição do nome do Ginásio Estadual Carlos Rios, da cidade de Arcoverde.» Mais: 09-06-1963, bit.ly/1IzgKp3. «Requerimento 572 - sobre a mudança de nome.»
02-04-1964 – Diário Oficial, bit.ly/1IzhhXZ, 1ª col.: «Projeto 992. Crédito para a construção do prédio do Ginásio Estadual Carlos Rios do município de Arcoverde.»  Mais: 30-04-1964, bit.ly/1SQVFb8, «N.2201 – Denominação Grupo Escolar Carlos Rios.» Mais: 06-06-1964, bit.ly/1IuGv5q, 2ª col. Mais: 14-06-1964, bit.ly/1IdNL6D, 3ª col.: «Justificação.»
09-03-1965 – Diário Oficial, bit.ly/1SQVH2C, 1ª col. «Decreto de 08 de março de 1965 – Autoriza a instalação do Curso Colegial Secundário no Colégio Carlos Rios.»
O dr. Carlos Rios, pela influência do seu filho Airon Rios, foi homenageado por Arcoverde com nome de educandário, busto e também nome de rua: bit.ly/2uRXzW7 . Não conseguimos, nesta ocasião, estabelecer o paradeiro desse monumento.

Cruzeiro de Arcoverde

JORNAL DE ARCOVERDE – Janeiro/Fevereiro de 2020 – pág.7

Cruzeiro de Arcoverde



Pedro Salviano Filho

O tradicional Serrote Cruzeiro sempre foi um importante ponto turístico de Arcoverde, área de contemplação e até observação do crescimento do povoado desde os primórdios. Ali, às margens do Riacho do Mel, surgiram as primeiras casas e a primeira rua (Rua Velha ou Rua Leonardo Couto) desde os topônimos Olho d’Água (1812-1856), Olho d’Água dos Bredos (1856-1912), Rio Branco (1912-1943) e, finalmente, Arcoverde (a partir de 1 janeiro de 1944, https://bit.ly/36KmHjU ).
O privilegiado local tornou-se naturalmente usado para documentação fotográfica do nosso município. E desde o início do século passado ganhou um símbolo cristão. Uma cruz de madeira que, na metade daquele século, foi substituída pelo concreto.
O crescimento da cidade já engoliu praticamente este monumento natural. Agora estão o serrote Retiro e a Serra Caiçara (fotos também apresentadas em https://bit.ly/2yMxCNm) que confrontam a Serra da Aldeia Velha. 
Também no Cruzeiro (Street view bit.ly/2umYlOr ), no bairro Sucupira,  foi criado o já famoso Samba de Coco de Arcoverde (rua José de Siqueira Brito, 170 (Street view de maio de 2012 bit.ly/2SzXTUO ), manifestação artística internacionalmente conhecida.
Vídeo com passeio em drone sobre o Cruzeiro, 2019 – web:  bit.ly/31Avjad .



Foto pouco conhecida, obtida provavelmente ao nível da linha férrea, rua Zeferino Galvão, próximo ao Beco do Bacurau. Além da cruz de madeira implantada no meio do serrote, destaca-se à direita, um frondoso umbuzeiro junto à “Vila Almerinda”. Já na metade do século passado, no Alto do Cruzeiro, teve início a hoje conhecida manifestação cultural “Samba de Coco Raízes de Arcoverde”. (Ver bit.ly/2SoSHmS  e  bit.ly/3bksm1O ).

Minha Cidade, Minha Saudade. Rio Branco (Arcoverde) Reminiscências. Recife, 1972. Luís Wilson. Pág. 146.

«Em 1919, “seu” Sálvio, que, até então, morava com dona Almerinda e os filhos, nos fundos de sua casa de negócio, “O Amigo do Matuto”, construiu, no Alto do Cruzeiro (lado direito), a “Vila Almerinda”, e para lá mudou-se com a família. Era, até 1940, a residência, talvez, mais aprazível de Rio Branco.

A casa era um chalé grande, pintado de amarelo, com 4 ou 5 janelas de frente e todo cercado de alpendre. Em um dos lados da “Vila Almerinda” havia um pé de umbu. […] 
Atrás do chalé de Sálvio ficava o Serrote Retiro. Houve uma época em que Rio Branco ficava situada no vale formado, de um lado, pela Serra da Aldeia Velha e, do outro, pelos Serrotes Retiro e Cruzeiro. Hoje a cidade subiu a Serra da Aldeia Velha e os Serrotes. A Estrada de Rodagem Central do Estado corta, agora, a Serra da Caiçara aos pés da qual está Arcoverde.»

Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde. Roberto Moraes, 2008. Pág. 105

Prédio onde funcionou a Escola Da. Laura Rabelo. Ao fundo o Serrote do Cruzeiro, ainda ostentando sua cruz de madeira.

Em 1962, por ocasião da formatura do Curso Ginasial do Cardeal Arcoverde, a turma do autor fez o registro no Cruzeiro, cuja foto é também recuperada e mostrada junto a várias outras panorâmicas de Arcoverde, colorizadas.
Em maio de 1962, alguns alunos, concluintes do Ginásio Cardeal Arcoverde, foram ao tradicional ponto turístico e registraram em foto aquele momento que atualmente é a imagem do perfil do grupo whatsapp GCA 1962, hoje com a participação de muitos colegas espalhados pelo Brasil. Ver também https://bit.ly/2zGSFkQ e https://bit.ly/2Xej56z.


1-Manoel Modesto de Albuquerque Neto, 2-Hélio Amaral de Melo, 3-José Giovanni Bezerra Galindo, 4-Antonio Olímpio Filho, 5-Antonio Francisco Moreno, 6-Pedro Salviano Filho, 7-Gilson Falcão Farias, 8-José Renê Curvello Sampaio,  9-José Carlos de Lira Fernandes, 10-João Cordeiro Filho.
O Município de Arcoverde - Teófanes Chaves Ribeiro, 1961. Pág. 10: «A cidade, cujo traçado é bastante irregular, está situada em um vale formado pela serra da Aldeia Velha, ao norte, e ao sul pelos serrotes do Retiro e do Cruzeiro. Este último é um dos pontos de atração citadinos, sendo muito frequentado aos domingos, por oferecer um belo e complexo panorama dos quadros urbano e suburbano.»

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras Notas). Luís Wilson. Recife, 1982. Pág. 190

«1959 - Nossa impressão é de que ainda naquele ano é colocado no Alto do Cruzeiro sua atual cruz de “cimento armado”, iluminada. “CRUZ DO ALTO DO CRUZEIRO”. Os Srs. Noé Bezerra de Carvalho (do doce) e Mário Napoleão (Mário Caboré) estão empenhados na campanha de colocar no morro uma cruz de cimento armado, com pontos luminosos. Estão solicitando dos cristãos de Arcoverde que colaborem, enviando donativos para a Avenida João Pessoa, 423 (“Ponto Certo”, de Caboré). Para esclarecimento das pessoas que desejam auxiliar a campanha da construção da cruz informam que a mesma está orçada em Cr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros) e que já estão em entendimento com a firma Mendes, Campos Ltda., para confecção da obra.»


Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde. Roberto Moraes, 2008. Pág. 97
«Em 1901, Pedro Pacheco de Melo instalou uma cruz de madeira no “Serrote”, ficando conhecido assim, como o “Cruzeiro”. Em 1959, Mário Napoleão Arcoverde (falecido em 06/07/1966, irmão de Antônio Napoleão, que foi prefeito em 1935), substituiu a mesma por uma cruz de concreto armado, que permanece até hoje, iluminada e bem visível.
Em 11/02/1986, falecia Ivo Lopes de Lima, vereador em 1973. Figura que se destacou por ter difundido a notável e tradicional “dança do coco”, ramificada por toda a região. Ivo, nascido em 31/05/1931, está perpetuado através do trabalho dos seus familiares.
O “Coco Raízes de Arcoverde”, conhecido nacional e internacionalmente, foi fundado em 1944, no Alto do Cruzeiro, pelos irmãos Calixto.»

Fotos panorâmicas, colorizadas, obtidas no Cruzeiro, na década de 50 do século passado. Algumas vistas panorâmicas de Rio Branco de 1925 foram mostradas em https://bit.ly/2TPr6MS.  As legendas destas fotos abaixo foram obtidas gentilmente do Sr. Antônio Francisco Moreno. Sobre esta foto  ele diz:  “Bem abaixo nota-se a Rua Leonardo José Guimarães,  Rua da  Celpe. O terreno vago é onde foi construída a sede regional da Celpe, tendo ao lado (de fundos,  com duas portas pequenas)  um grupo escolar municipal.  Avançando mais a vista aparece o Riacho do Mel. Veja do lado direito o quintal da residência do Dr.Luiz Coelho e o Hotel Majestic, ainda bem modesto. Acima deparamos com o Colégio Imaculada Conceição e muita mata. Opino que a foto é da metade dos anos 50.”




“Esta imagem foca mais a cidade alta. Avistamos a Sanbra , a Cia. Comercial J. Freitas  (Ford), parte do novo prédio do Colégio Carlos Rios, torre da Igreja do Livramento (canto superior direito), parte dos prédios do açougue e mercado da farinha etc.  O Ginásio Cardeal Arcoverde está encoberto pela Sanbra. A foto deve ser do final da década de 50 e início dos anos 60 pois o novo prédio do Carlos Rios foi desta época.” (ver https://bit.ly/2Mdvn8E).



“Esta imagem mostra a Rua Velha (Rua Leonardo Couto) com terreno do lado esquerdo vizinho à casa do Sr. Manias  (pai do nosso colega Giovanni ) e terreno do lado direito da Fábrica Bitury, do Sr. Zé Leite. Elevando-se a vista aparece a Av. Antônio Japiassu sem nenhum prédio de importância, a não ser o Majestic (quase no centro da foto). Mais acima a Rua da Linha  (Zeferino Galvão) e a rodagem  (Av. Pedro ll). Olhando-se para a direita notamos os fundos do cine Rio Branco e vegetação onde viria a surgir a Rua Mário Melo. Acho que é do início dos anos 50 pois não apresenta o prédio do Colégio Imaculada.”


“Do lado esquerdo a velha casa de Sálvio Napoleão,  cine Bandeirante,  Banco do Povo, Ponte do Beco de Buíque,  açougue e mercado da farinha,  J. Freitas.”

Largo 13 de maio, atual Largo Prefeito Antônio Franklin Cordeiro

 

Largo 13 de maio, atual Largo Prefeito Antônio Franklin Cordeiro

Pedro Salviano Filho


Todos as matérias apresentadas nesta coluna estão disponíveis para os leitores no https://jornaldearcoverdehistoriasregiao.blogspot.com ou bit.ly/2XvrTWa

Durante muitos anos o Largo 13 de maio “dividia” a cidade. Na parte nova, então chamada “Cidade Alta”, cresciam novas edificações (cinema, casas comerciais, bancos etc.). 
O Largo (“Área onde desembocam várias ruas”) já consta em documento desde o desenvolvimento da povoação. Nas primeiras Feiras de Gado, era pelo Largo que passavam as reses, que se espalhavam até a igreja matriz N.S. Livramento e beco de Buíque, quando então eram comercializadas (ver bit.ly/2K1vgw5 ).
Ali, ao lado do Largo, quando da implantação da estação ferroviária (inaugurada em 1912 : bit.ly/2xkBXGW ) construíram-se trilhos que permitiam as necessárias manobras das composições férreas. A mencionada área, conhecida como triângulo, ainda revela alguns trilhos que, aos poucos, vão sendo escondidos pelo asfalto. Próximo de lá foi estabelecido o segundo cemitério, depois desativado (ver bit.ly/34tHx5G ).
Além de bombas de gasolina, ali também teve início o funcionamento de uma agência de ônibus, que, em 1979, foi transferida para o Terminal Rodoviário de Arcoverde.
Na gestão do prefeito Antônio Franklin (1963-1969 – ver planilha bit.ly/2K5AhUh ) construiu-se uma área de espera, com bancos, que proporcionava encontro de várias pessoas que ali se sentavam a discutirem assuntos diversos (inclusive política). O Jornal de Arcoverde divulgou o local como “Senadinho" e o termo passou a ser usual. Na gestão  do prefeito Ruy de Barros Correa Filho (1983-1988) foi realizada uma reurbanização de várias áreas da cidade, incluindo aquele local, que ganhou uma bonita apresentação. 
Neste artigo são mostradas imagens (várias colorizadas), de épocas diferentes, do Largo e adjacências, resgatando uma memória para esta importante via arcoverdense.


Mapa waze  do Largo: bit.ly/3chpMcw ; Mapa Googlebit.ly/2XyKCzX ; Street viewbit.ly/2REgP5o ; Reinauguração em maio/abril de 2007: bit.ly/2KfElBH .


Senadinho, em foto do Jornal de Arcoverde (abril 2020).

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luís Wilson, 1982. Pág. 93. «1920 – Rio Branco possuía, então, “590 casas, distribuídas em 12 ruas, 1 praça, 1 largo e 2 travessas, com 2.000 habitantes. [...]  - Zeferino Galvão, Pesqueira em 1920, in ANTOLOGIA do mesmo autor, Repartição de Publicações Oficiais, Recife, 1924.»
Arcoverde. História Político-administrativa. Sebastião Calado Bastos. Brasília-DF, 1995. Pág. 200
«Prefeito Ruy de Barros Correia. 1983 – 1988.
Foi reurbanizado o complexo Praça da Bandeira, cais da praça, Senadinho e girador da Praça do Livramento e para a instalação da feirinha típica foi executada adaptação na Praça Virgínia Guerra.»
Muirá Ubi Arcoverde. Tradução, trajetória e talentos. Roberto Moraes. Pág. 82.  «Em 4-3-1979 inaugurava-se o Terminal Rodoviário de Arcoverde

Anotações do Sr. Antônio Francisco Moreno para esta seção:
«Sobre o TriânguloApós a inauguração da estação da Great Western, o movimento ferroviário tornou-se intenso tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas, notadamente de fardos de algodão. As locomotivas, inicialmente as Maria Fumaça aqui chegando necessitavam realizar manobras para cumprir o seu trajeto de volta, ou seja, modificar o seu trajeto de retorno. Para tanto, foi criado o falado Triângulo ao lado da SANBRA - Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, onde a locomotiva ingressava com o destino para o sertão e após manobra saia com o destinatário para a capital.  O local serviu também como depósito de dormentes, madeira que era usada como apoio para os trilhos no terreno. Com o declínio do uso dos trens na nossa região, no lugar do triângulo foi inaugurada em 1981 a Praça Virgínia Guerra, hoje Praça Winston Siqueira, suporte dos festejos juninos e natalinos de Arcoverde.

Sobre o Largo 13 de Maio: Antigamente Arcoverde não tinha estação rodoviária e os ônibus da Realeza para Recife partiam e chegavam dali do Largo 13 de Maio. A Realeza tinha como linha principal Arcoverde-Recife-Arcoverde em vários horários. Os seus ônibus aglomeravam o trânsito, existiam horários em que paravam 4 ou 5 veículos, eram uns que estavam chegando, outros partindo, outros das linhas de Monteiro, Floresta, Custódia,  etc.  em trânsito. A determinação foi: que todas as empresas (Progresso, Realeza, Princesa, Jotude, etc.) passaram a funcionar no terminal de imediato.
 O local tinha um giradouro de veículos demarcado por pequenos canteiros de concreto disciplinando o trânsito entre as ruas Alcides Cursino e José Magalhães de França.
Sobre o Senadinho: Dentro deste giradouro formado pelos canteiros costumavam se reunir pessoas no horário noturno a conversar sobre política, futebol e da vida alheia enquanto aguardavam a chegada dos ônibus expressos da capital. Pois bem, mesmo depois da proibição da parada de ônibus transferência para o Terminal Rodoviário de Arcoverde) o local continuou como ponto de encontro, logo denominado de Senadinho, com a introdução de tablado, bancos de concreto etc. O Prefeito Antônio Franklin Cordeiro teve o seu nome escolhido para a nova denominação do Largo.»
Assim, era comum se juntar pessoas no local que iam embarcar nos ônibus e também existiam aquelas pessoas que iam esperar a chegada dos ônibus vindo do Recife. De tal modo aglomeravam pessoas. Quando foi criado o Terminal Rodoviário de Arcoverde, no São Cristóvão [1979], o embarque e desembarque de passageiros foi proibido naquele local.
Como era bem largo (daí o nome), o prefeito Antônio Franklin resolveu criar aquela espécie de coreto baixo no meio da linha férrea, com uns bancos de concreto, onde uma turma de desocupados passou a frequentar para falar de política e da vida alheia. Aí apelidaram de senadinho. Acho que a denominação foi obra de Enaldo Cândido nas suas notas para o Jornal de Arcoverde.»



O antigo Triângulo, que a Great Western utilizava para manobras. Ao fundo, o então Parque Virginia Guerra.



Trilho principal vendo-se à esquerda a SANBRA (hoje Cecora. Ver bit.ly/34BBr3a ), onde se tinha a entrada para o Triângulo.



Saída do Triangulo onde as locomotivas saiam de ré, tomando destino para a capital.

Os ônibus da Realeza às vezes se aglomeravam e causavam tumulto no trânsito.



Agência da Viação Realeza de Arcoverde.




Ônibus da Realeza estacionado. Visível os canteiros do giradouro, sorveteria americana, praça da Bandeira.

Foto do livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde. Roberto Moraes, 2008. Pág 27, com a legenda: «Início do Largo 13 de   Maio e prosseguimento da Antônio Japiassu. Na foto, registra-se a “Brasília Teimosa”, que teve seu começo na administração do Dr. José Cursino Galvão.  Em outro ângulo, observa-se, também, a antiga SANBRA, a torre da Igreja Matriz do Livramento a antiga Biblioteca Municipal.» O sr. Antônio Moreno acrescenta: «Na foto aparecem 2 bombas de combustíveis  em meio a barracas de madeira. Eram do posto de Sr. Albérico, do Sr. José Leôncio e Carlinhos. O posto foi adquirido pelo Sr. Albérico Freire,  pai de Carlinhos e de José Freire. Todos já faleceram.»



Antiga praça de carros (atuais táxis); no canto direito um tradicional posto de combustível.
ARQUIVO DA HISTÓRIA DE ARCOVERDE.
A SANBRA QUE FUNCIONAVA NO INICIO DOS ANOS 80 E HOJE É O CECORA.
Arcoverde tinha na época a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro(SANBRA), uma empresa que gerava muitos empregos na cidade quando chegava os caminhões carregados de algodão de toda a região, onde os funcionários da SANBRA, descaroçavam os algodões e se transformavam em fardos para a fabricação de tecidos. Hoje é o CECORA(Centro Comercial Regional de Arcoverde).
E para você que não sabia. Antes da energia elétrica chegar em Arcoverde. O motor que gerava a energia elétrica na cidade era localizada no local. E funcionava até a meia-noite e durou até o ano de 1957. E depois a energia elétrica atual chegou até hoje. Um arquivo que os arcoverdenses não sabia como foi a história do CECORA, que já foi um local do motor que gerava a eletricidade e também a indústria da SANBRA.

SANBRA de Arcoverde, hoje CECORA

Por Pedro Salviano Filho 
(Coluna Histórias da Região - edição N. 296 de março/abril de 2017 - Jornal de Arcoverde) 


Sanbra, inaugurada em 1919. Desde 1986 Cecora: goo.gl/maps/pU8Na). Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife). 




A cultura do algodão no sertão pernambucano induziu a industrialização do próspero distrito pesqueirense. Em 1919 foi inaugurada em Rio Branco (depois Arcoverde) a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro - Sanbra. Muitas gerações participaram das atividades dessa importante firma no progresso do município, registrado por vários historiadores. Até um famoso incêndio, ocorrido em 1925 (há 92 anos), tem seu resgate detalhado a partir de um jornal da época. Em 1983 a SANBRA é adquirida pelo município e suas edificações são adaptadas para comportar o Centro Comercial Regional de Arcoverde, Cecora, inaugurado em 1986.


A economia algodoeira em Pernambuco. Da colônia à Independênciahttps://goo.gl/bPZXjE José Ribeiro Junior. R. bras. Hist., São Paulo, set.1981


Página 235: «[...]O algodão em Pernambuco entre a década de 1760 e a de 1820, período no qual procuramos estudar a cultura algodoeira desde a sua introdução até o momento em que a planta atinge níveis de produção comerciáveis, integrando o agreste e o sertão na economia de mercado. Planta essencialmente tropical, o algodão era conhecido no Brasil pelos indígenas desde o primitivo século da colonização[...].Página 237: O surto do algodão em Pernambuco, como em todo o nordeste, localizou-se nas regiões semiáridas e subúmidas.[...]. Pág. 238: [...]Em 1816, o maior proprietário de que se tem notícia, na lavoura do algodão em Pernambuco, era Antônio do Santos Coelho (capitão-mor) instalado nas terras de Cimbres, solo de excelentes qualidades. Ele possuía 600 a 700 escravos e, segundo se pode concluir, dominava a produção algodoeira na região. Seus genros tinham 315 escravos. Constavam, inclusive, queixas contra eles de usurparem terras dos índios e a outros proprietários.»




Carregador de algodão. Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Página 206 



Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Cap.XVII.  2ª edição, Recife-PE, 1978, página 353.

1809 - «Agricultura. Algodão. Essa valiosíssima planta não se tornou menos preciosa para Pernambuco que a cana-de-açúcar, devido aos grandes pedidos de algodão desta província para as vizinhas e para os mercados britânicos. Novas fundações para o plantio de algodão são criadas anualmente, não obstante as dificuldades que surgem para a realização desse objetivo. Os distritos escolhidos com esse propósito são geralmente no interior, como melhores indicativos para o crescimento, e distantes das praias do mar, áridos, e algumas vezes escassamente supridos de água fresca. Há mesmo falta absoluta d'água, em várias ocasiões, ao mesmo tempo em que regiões próximas estão perfeitamente supridas nesse particular. A opinião geral é que o algodão não nasce nas terras próximas ao litoral e que as frequentes mudanças atmosféricas lhe são prejudiciais. As estações do inverno e do estio são mais regularmente marcadas a certa distância do mar, e nessas regiões as variações sucessivas dependem menos da superabundância das chuvas do que de sua escassez. O algodoeiro requer que o tempo esteja seco durante uma boa parte do ano. Se as chuvas caem quando o capucho está aberto, a lã está perdida, tornada amarela, diminuindo e ficando completamente inútil para o uso. O solo preferido para sua semente é o de barro vermelho escuro, ocasionalmente veiado de amarelo, vezes extremamente duro nos longos intervalos sem chuva. Os algodoais anualmente mais e mais se alongam para o interior, sobretudo nos planos do Sertão que permitem esse avanço. As plantações dessa espécie que estavam antigamente próximas da costa, são hoje utilizadas noutros gêneros de sementes. A constante exigência de novas terras requerida pela cultura do algodão, porque se julga necessário deixar a terra em repouso por vários anos antes de trabalhá-la novamente, pode, de alguma forma, explicar esse fato. Pode ser, igualmente, que o desenvolvimento rápido das populações ao longo do litoral possa ter determinado esse efeito, forçando a saída daqueles que cultivam um objeto de comércio, para dar lugar aos outros que cultivam os elementos necessários aos habitantes locais. O algodão é somente vendido em caroço pelo plantador, isto é, antes de ser separado da semente, e muitas pessoas encontraram meios de subsistência preparando-o para os mercados de exportação, mas como o labor e a conveniência aumentam nessa situação, os negociantes se instalam perto dos algodoais. Vão recuando na mesma proporção. Alguns anos antes via-se, a duas léguas do Recife, numerosas máquinas de descaroçar o algodão. Há poucos anos foram mudadas para Goiana e atualmente os principais pontos desse mercado são Limoeiro e Bom Jardim, lugares, como já descrevi, com muitas léguas de distância da costa. 

As terras são limpas para plantar algodão na maneira ordinária, cortando-se as árvores e queimando-as, e os buracos para semear são cavados em forma quadricular, numa distância de seis pés, uns dos outros, e são postos, comumente, seis sementes em cada escavação. Nas colônias britânicas é necessário semear de oito a dez caroços. O tempo para plantar é em janeiro, depois das primeiras águas, ou início do ano, logo após as chuvas caírem. O milho é comumente plantado entre os algodoeiros. Três, e algumas vezes quatro safras são obtidas com as mesmas plantas, mas a segunda colheita é a que dá, geralmente, os melhores tipos.

O arbusto é de bonita aparência, especialmente quando está coberto de folhas e cheio de lindas flores amarelas, mas os capulhos começam a abrir e a folhagem a secar, e seus finos galhos esparsos ficam despidos, e a planta recorda muito a uma negra muita de groselhas que há longo tempo não se poda. O algodão é colhido em nove ou dez meses,
A maneira para descascar o algodão é simples e podia ser mais simples ainda. Dois pequenos cilindros canulados são postos horizontalmente, um tocando o outro. Cada extremidade desses cilindros, numa ranhura, há uma corda enrolada, ligada a uma grande roda que está distante poucas jardas, onde fixam duas manivelas que são movidas por dois homens. Os cilindros são dispostos a movimentarem-se em sentido contrário, de forma que o algodão é posto em um deles e levado para o outro lado mas as sementes ficam porque a abertura entre os cilindros não é bastante larga para facilitar-lhe a passagem. A máquina usada nas colônias britânicas parece ser de construção maior mas é bem mais simples, porque o cilindro é movido pelo pé da pessoa que maneja o algodão. Depois dessa operação restam ainda algumas partículas das sementes quebradas, assim como outras substâncias, que devem ser retiradas. Para este fim, amontoa-se o algodão e o batem com paus grossos, processo que muito danifica a fibra, rebentando-a, e como o valor da procura para o fabricante depende sobretudo do comprimento da fibra, tudo devia ser feito para que esse processo fosse substituído.
As sementes aderem “firmemente umas às outras no espulho”, informa mr. Edwards falando de uma espécie das colônias britânicas, a qual denomina hidney-cotton, dizendo crer que seja “o verdadeiro algodão do Brasil”. O algodão amarelo de nanquim também é encontrado em Pernambuco, mas não constitui um artigo de comércio, mas é olhado como uma curiosidade. Vi igualmente algumas espécies de algodão selvagem mas como não obtive amostras não me é possível pretender dar descrição.
Os lucros alcançados pelos plantadores de algodão, nos anos favoráveis, são enormes mas as perdas experimentadas são frequentes. Ás vezes toda uma safra, de belo aspecto, é totalmente perdida. Certos anos são improdutivos ou n´outros, depois de promessas lisonjeiras, o joio, as lagartas, a chuva ou os estios excessivos, destroem todas as esperanças de uma futura colheita. A outra grande fonte do agricultor, a cana-de-açúcar, não é tão sujeita aos muitos e desastrosos revezes, e quando um ano é desfavorável, o imediato satisfará todas as despesas realizadas. Verifiquei que o mercado é fracamente afetado pelas esperadas quedas das safras, porque é digno de lembrança que, em país assim vasto, um distrito escapa do desastre enquanto os demais se arruínam.
A qualidade do algodão que é produzido na América do Sul, seja ao norte ou ao sul de Pernambuco, é inferior ao desta província. O algodão do Ceará não é tão bom e o do Maranhão é menos ainda. O algodão é comodamente embarcado nos portos desses dois pontos. Seguindo de Pernambuco para o sul, o algodão da Bahia não é bom e a pequena quantidade produzida no Rio de Janeiro é menos próprio que a baiana.
Tratando do açúcar e do algodão, expus as linhas essenciais que diferenciam os produtores das Antilhas dos do Brasil. Os meus leitores que tiverem interesse, envio-os ao citado e bem conhecido livro que consultei (History of the West-Indies, por Edwards).»

1919 - O Município de Arcoverde, 1951, Teófanes Chaves Riveiro, Prima, página 25: «Indústra – Apenas se encontram em Arcoverde, pequenas indústrias: sapatarias, movelarias, fábricas de bebidas, de lacticínios etc. Seu principal estabelecimento fabril, é a Usina de beneficiar algodão, pertencente à Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro S/A (Sanbra), cujas instalações foram montadas pelo engenheiro Francisco de Assis Brandão Cavalcanti e inauguradas no dia 8 de dezembro do ano de 1919. É acionada por dois motores Deutz num total de 265 HP. Nos períodos das saíras mantém duzentos operários, mais ou menos, entre homens e mulheres. Seu movimento de compra de algodão no ano de 1950 atingiu a quantia de Cr$ 31.701.126,80. Sanbra tem em sua gerência, atualmente, o sr. Emanuel Veras.»

14-08-1920 Jornal do Recife  goo.gl/C9M4mm  , 1ª col.: A coluna “Pelos municípios” resumia os principais acontecimentos de Rio Branco. Entre eles: «[...] Não regateamos aplausos àqueles industriais pelo melhoramento que acabam de introduzir nesta vila. - Também estão bem adiantados os trabalhos da construção da fábrica de beneficiar algodão, de propriedade da Companhia Algodoeira Nordeste do Brasil. (Do correspondente). Rio Branco, 10-8-920.»

24-09-1925 – Jornal do Recifegoo.gl/gjvMBg  , 1ª col.: De Manoel Gregório Teixeira da Lapa. Informações diversas de Rio Branco sobre Lampião, Banco do Brasil, incêndios
«Incêndios - À semana passada foi destruída pelo fogo uma carroça carregada de algodão e desgarrada providencialmente do trem que, poucos minutos antes das 15 horas, saíra da estação local; três outras arrojaram-se linha abaixo e foram de encontro a uma barreira sobre a qual montaram, correndo [..] cerca de dez metros ou mais. Foi um espetáculo terrível[..] de carros carregados de algodão despedaçando-se uns contra os outros e quase sepultando nos escombros a "dulçurosa" pessoa de Simão Rocha, o proprietário da afamada goiabada marca TIGRE, bem como dois aleijados boiadeiros que fizeram a esquisita "cavalgada das walkyrias" no carro-brake, implorando misericórdia e cerrando os olhos como para diminuir a dor da morte. Graças a Deus, porém, nem perdemos a boa companhia do Rocha, nem a carne verde subiu de preço, porque os boiadeiros nada sofreram.
Hoje tivemos o desgosto de assistir à destruição por novo incêndio, dos grandes armazéns da usina de Pinto Alves & Cia (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro). Seriam seis horas da manhã quando se notaram as primeiras nuvens de fumo emergentes do teto da usina. Incêndio! diziam uns meio surpresos, enquanto outros contestavam: Expurgo de algodão pelo funcionário que a higiene nos remetem, coberto por um sebaceo bonet do D.S.A.! Afinal, após alguns minutos de indecisão e bons augúrios, a população de Rio Branco foi sacudida pelo brusco acontecimento e, dentro em pouco, estava coalhado de gente de todos os matizes o grande pátio da usina cujas dependências foram tomadas pelo respeito abnegado de todos quantos se empenharam na luta contra o ígneo elemento. Subiam as línguas de fogo contra as quais pouco valiam os esguichos mirrados dos "fire-extinguishers" da usina lamentavelmente desprovida de material de urgência em casos desta natureza: foi quando o povo apelou para as latas d´água para os ganchos de puxar fardos de algodão, para a apanha do ouro branco, para o esvaziamento dos depósitos da usina, para o ataque generalizado e intenso ao fogo cujas labaredas lambiam já o teto e soltavam gargalhadas rubras para a rua, rasgando os lábios graníticos do fortíssimo casarão de cimento armado. Espetáculo tétrico e, no mesmo tempo, empolgante, como todos esses em que o fogo toma parte! Uma desolação geral, um verdadeiro afã em prol da usina que dá trabalho a tantos operários, que tanto impulso empresta ao programa da terra do Jé. E foi verdadeiramente confortável e edificante o desprendimento, a verdadeira abnegação, a bravura quase temeridade com que se arrojaram ao combate empregados e operários da usina, negociantes dos mais importantes da localidade, o próprio molecório da rua recrutado por Boleiro, enfim todos quantos não se deixaram ficar em casa, ou porque sejam preguiçosos, ou porque tenham na alma a eterna desconfiança dos incêndios cujo aspecto os acompanhe, ou porque lhes pareça sempre nada o sofrimento e a dor alheios. Foi um trabalhar sem tréguas em que todas as boas vontades se confundiram e se ajudaram, até que, por cerca de meio-dia, baixava a fúria do sinistro, fora localizado o incêndio, embora com a destruição de quinhentos e muitos fardos e sacas de algodão, todo o stock da usina neste dia. Muito sofreu o algodão em rama quase todo molhado e outra vez ciscada por força da manobra a que o sujeitaram com o fito de livrá-lo das chamas. Distinguiram-se pelo esforço e abnegação no afanoso trabalho contra o fogo o sr. Ignácio Mariz, auxiliar da usina, um possante negro trabalhador da firma Nebrídio, Campos & Cia., os quais se atiravam às chamas desassombradamente, derramando latas d´água e conquistando fardos e sacas de algodão à fúria do inferno desenhado no recinto rubro; e os senhores Ernani Gomes, Cícero Ferreira, Zezé Cavalcanti, Joaquim do "burro", este popular funcionário daGreat Western, um moço funcionário da usina Novaes, o coronel A. Velloso, o sr. Jerônimo Jé, o sargento Jayme, o dr. Delphim Araújo que, apesar de doente, tomou encargo de preparar as soluções para os extintores, o sr. João Manso de Barros, um português empregado de Joaquim Soares, o sr. Manoel Fernandes, um viajante de Garanhuns o qual muito trabalhou, o sr. Cícero Cordeiro, o coronel Japyassu e o capitão Fiuza,  gerente da usina, o qual se encontrava em viagem para Caruaru, tendo sido chamado por telegrama urgente, quando passava por Pesqueira no comboio da Great Western. Inúmeras outras pessoas, inclusive operários da usina entre os quais muitas mulheres e meninas, trabalharam à porfia; não lhes citamos os nomes, porque esse Jornal é pouco e nós os ignoramos, entretanto, os srs. Pinto Alves & Cia, e a Sociedade Algodoeira devem enxergar na população de Rio Branco, uma verdadeira legião de amigos e abnegados. A polícia fez "hombro armas!" e montou guarda aos escombros, mas - exceção do sargento - nenhum soldado fez exercício de bombeiros, o que certamente é reprovável. Esteve no local do alinstro o subdelegado sr. Francisco Jé. O empregado da usina, chamado Esmeraldino, portou-se com muita galhardia no serviço de ataque ao fogo, bem como o maquinista e foguista da mesma empresa, ambos esforçadíssimos no desempenho de suas obrigações. Numa palavra ninguém se poupou ao serviço; todos deram provas do espírito fraternalíssimo deste povo nordestino. Já em meio ao sinistro, foi adotado o alvitre de canalizar água do poço da usina para os salões abrangidos pelas chamas; mas faltavam canos. Foi quando a exma. viúva Rodrigues mandou abrir seus armazéns e fez transportar num dos caminhões todo o sortimento de canos e material necessário à nova tentativa imediatamente posta em prática pela tenacidade do jovem funcionário filho do dr. Elyseu, dos eletricistas da firma Brandão. Cavalcanti, ambos sobremodo esforçados e prestativos, do maquinista da usina e do viajante de Garanhuns, todos aliados à boa vontade, ao desprendimento e à calma com que o sr. Cícero Ferreira distribuía o material trazido dos armazéns da firma que dirige, demonstrando ele próprio a estupenda força muscular de que é dotado, além do sangue frio com que encarava a situação. Todavia, ninguém pode contestar que as honras do supremo esforço e heroísmo cabem a Ignácio Mariz, ao negro da casa de Nebrídio e a Delphim Araújo, cada qual na esfera dos misteres a que se dedicaram.
No local do sinistro vimos também o inspetor do Banco do Brasil, sr. Atahualpa Guimarães, acompanhado do gerente Álvaro Pinheiro.
Ai está a primeira consequência do expurgo a que obrigaram o algodão, para livrá-lo do micróbio da peste.
Hoje à tarde reuniram-se os comerciantes de algodão e passaram dois longos despachos telegráficos, um ao dr. Amaury de Medeiros, e outro ao prefeito de Pesqueira, o major Cândido Britto, solicitando a interferência de ambos no sentido de fazer cessar a inconveniente providência de expurgo do algodão enfardado para embarque. Porque, a julgar pelo princípio, a vila de Olho d´Água dos Bredos se arrasa com outro incêndio de algodão expurgado. Vamos ver qual providência nos dará o esforçado diretor da Higiene Estadual.»
28-02-1935 - Diário de Pernambucogoo.gl/yVQxfx , 6ª col. Pelos municípios. Rio Branco. Embaixada acadêmica carioca visita Sanbra etc.
21-12-1937 - Diario do Estadobit.ly/1QBt8Hi , 1ª col.: “Instituto de Pesquisas Agronômicas. Relatório de inspeção. Sanbra” (2ª col.).


Minha cidade, minha saudade, Recife-PE, 1972 - Luís Wilson, página  399: «Meu pai me contou que está com o Bar da rua Grande, em Rio Branco, desde 1926. Eu pensava que ele o havia comprado alguns anos depois, mas o engano é meu.
Eu tinha também a impressão, de que um, grande incêndio que houve na SANBRA, no meu tempo de menino, havia sido em 1928.
Esmeraldino, que chegou a Rio Branco em 1913 e trabalhou na “ Algodoeira", quase que toda a sua vida, contou-me, no entanto, da última vez em que estive em Arcoverde, que aquele incêndio foi em 1924. Mais de 250 fardos de algodão de 250 quilos,  mais de 70 fardos menores e muitas sacas de mamona pegaram fogo. Os jumentos da cidadezinha não pararam, carregando água do "seu" Jé até à tarde.» 


Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. 1982 – Luís Wilson, Recife-PE. Página 103.
«Mais de 250 fardos de algodão de 250 quilos, mais de 70 fardos menores  e muitas sacas de mamona pegam fogo na Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro), em Rio Branco, nosso maior incêndio em todas as épocas. Não sabemos, aliás, de outro incêndio, entre nós. As carroças de bois, compridas e de 4 rodas, de “mestre” Leôncio, de Zé Ferreira, de ”seu” Albino, e os jumentos da cidadezinha passaram o dia carregando água de “seu” Jé (Cel. Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Jé), no fim da “rua”, coisa alguma, evidentemente, podendo fazer para apagar o fogo.
“ A Sanbra, cujos edifícios foram inaugurados no dia 8-12-1919, era nosso principal estabelecimento fabril, acionado por dois motores Deutz de 265 HP, mantendo no período da safra cerca de 200 operários.»

Centro Comercial Regional de Arcoverde Vereador Ulisses de Britto Cavalcante: Cecora, fundado em maio de 1986. Foto PSF nov.2015.

Arcoverde. História político-administrativa. Brasília-DF, Sebastião Calado Bastos, 1995. Página 198.
«Logo em seu primeiro ano de mandato, o prefeito Ruy de Barros realizou um feito de caráter administrativo da maior relevância, fazendo-o merecedor do respeito de todos os arcoverdenses.
Contando em todos os momentos com o governador Roberto Magalhães, o executivo municipal resolveu fazer uma proposta à Sanbra – Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, para aquisição de toda a área ocupada por essa empresa, inclusive as edificações nela existentes.
José Valdeci do Amaral, funcionário da Sanbra em Recife e o dr. Inácio Menezes, ex-gerente, tiveram fundamental importância no negócio, ao fazerem gestões junto ao representante da firma em São Paulo, o espanhol Herrera.
A proposta do prefeito, que viria a ser aceita, totalizava oitenta milhões de cruzeiros, sendo trinta milhões de entrada e mais cinquenta milhões parcelados.
O governador garantiu a parcela inicial de trinta milhões de cruzeiros, importância paga em 10 de dezembro de 1983, por ocasião da assinatura do instrumento formal de compra e venda e a prefeitura apresentou carta de fiança bancária em cobertura das cinco parcelas restantes de dez milhões de cruzeiros cada uma.
Efetivava-se assim um grande empreendimento, que viria aumentar substancialmente o patrimônio da municipalidade, sem contar os benefícios decorrentes da utilização desse complexo arquitetônico, pois no Cecora foram instalados duzentos e oitenta boxes, dezesseis mil metros quadrados de calçamento, quarenta e oito postes de eletrificação, posto de saúde e comissariado, para relocação da feira livre.
Em convênio com a LBA procedeu-se à implantação da 1ª etapa do Espaço Cultural no Cecora.»

Mercado Público de Carnes Joel Vilela da Silva, inaugurado em 17-10-2015 no Cecora. Foto PSF nov. 2015.
O trem que cortava os sertões pernambucanos...
Mais uma bela imagem do memorável "Trem da Serra", ou Recife - Salgueiro. Esta imagem, da década de 1980, foi feita justamente no momento em que a composição, com destino a Recife, estava alinhada à plataforma da Estação Ferroviária de Henrique Dias (canto esquerdo), no km 297 da Linha Centro. Já percebe-se um certo abandono na plataforma mal cuidada. Mas mesmo assim, nota-se a movimentação de passageiros ao fundo. O último trem de passageiros Recife - Salgueiro rodou em 1989, quando foi então desativado, deixando milhares de pessoas sem a opção do transporte barato e seguro proporcionado pela ferrovia. Henrique Dias é uma povoação do município de Sertânia, uma das muitas povoações que eram movimentadas pelo trem. (Imagem: Página Sertânia-PE).



Mais anotações sobre o histórico de Arcoverde

Por: Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - Edição de Julho/Agosto de 2013 - Jornal de Arcoverde)



Arcoverde em 1956 – Foto de Tibor Jablonsky e Walter Egler

Um dos fundadores de Arcoverde foi Leonardo Pacheco Couto. Ele doou terreno e também construiu a primeira igrejinha do então arruado Olho d´Água (depois Olho d´Água dos Bredos, Rio Branco e depois Arcoverde). E no mesmo local onde hoje está a matriz N.S. do Livramento. Em «Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos», 1978, volume 3, pág. 911, Luis Wilson cita: «O capitão Leonardo Pacheco Couto, fundador em ´Rio Branco´da fazenda Santa Rita, em volta de cuja capelinha (edificada a 7 ou 8 quilômetros da casa grande da antiga propriedade), constituiu-se a vilazinha ... casou, todavia, com D. Ana Antônia Cordeiro do Rego, de família das imediações da Serra das Varas, contraforte da lendária Ararobá, como a Serra do Gavião, a do Jardim e outras, onde viviam os paratiós (índios da tribo tapuia).»


Mas quando casou Leonardo Couto? Transcrevendo para uma planilha o primeiro livro de matrimônios (1816 a 1829) da igreja N. S. das Montanhas, de Cimbres, eu encontrei a resposta: ele se casou em 24 de novembro de 1818. Ele era filho de Duarte Pereira e Francisca da Piedade e ela de Duarte de Benevides Cordeiro e Antonia Maria. Coloquei este registro e todos os demais do mencionado livro disponíveis para pesquisa (fazer download) em http://bit.ly/1fui8ae. No citado livro de Luís Wilson, pág. 912, há a informação que Ana Antônia Cordeiro do Rego faleceu em 25 de dezembro de 1863 e Leonardo Pacheco Couto em 12 de junho de 1870, aos 89 ou 90 anos de idade.


Como era a vida dos padres naquele início de século 19, justo quando a “Olho d´Água” se iniciava? Recorremos às informações do português de origem inglesa Henry Koster: “Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Recife, 1978. Pág. 105":


«Ouvi falar num hábito curioso que existe nessas regiões onde as moradas são tão afastadas umas das outras. Certos padres obtêm licença do Bispo de Pernambuco e viajam nesses lugares com um altar portátil, construído para esse fim, conduzido por um cavalo, assim como todos os objetos para as missas. Esse é dirigido por rapaz que ajuda às missas, e noutro animal vem o padre e sua pequena bagagem. Esses padres, no curso de um ano, ganham de 150 a 200 libras, renda considerável para Brasil, mas dificilmente conseguida se pensarmos nos sofrimentos e provações que foram obrigados a suportar. Eles param, erguem o altar onde existe um certo número de pessoas que podem pagar para ouvir a missa. E dita mais das vezes por três ou quatro shillings, mas quando há um homem rico que tem o orgulho de possuir um sacerdote, ou é muito devoto, dá oito ou dez mil réis, duas ou três libras, e há quem chegue a pagar cem mil réis para ouvir uma missa, mas é raro. Presenteiam, às vezes, com um boi, um ou dois cavalos. Esses padres têm sua missão no Mundo. Se essa tradição não existisse todo culto era impossível para os habitantes de muitos distritos, ou bem, eles não poderiam assistir a um serviço religioso senão uma ou duas vezes por ano porque é muito para lembrar que algumas partes ficam a vinte e trinta léguas da igreja mais próxima, e nessas paragens em que não há lei nem religião real e racional, alguma cousa é melhor que cousa alguma. Seus batizados e casamentos guardam o ritual religioso e preservam do desaparecimento total as regras estabelecidas na sociedade civilizada. É o liame que prende todo esse povo e o sustenta, no fio das ideias recebidas, juntos às populações maiores de outros distritos.»


Procurando acrescentar mais informações documentais ao histórico da nossa região, apresentamos um relatório de missionários sobre Santas Missões realizadas em 1906 na região, quase 100 anos após as primeiras habitações surgirem no nosso município. Além de revelações curiosas, pode-se observar que a ideia de se renomear “Olho d´Água dos Bredos” para “Cardeal Arcoverde” passou a existir apenas meio ano depois de D. Joaquim assumir o importantíssimo posto de cardeal. Foi mantida a escrita da época nesta transcrição.


A PROVINCIA. N. 188, de 19-08-1906. Santas missões


Escrevem-nos de Olho d´Agua dos Bredos:


«Sempre victoriosos na causa santa do bem, os abnegados capuchinhos frei Gaudioso e frei Daniel, guiados pelo anjo do Senhor, vão deixando por onde missionam, inumeros beneficios e, ardentes de fé, vão esálhando profusamente as palavras do Evangelho, à semelhança de benefico rocio; e vemo-los, conquistando, esses beneficos filhos de S. Francisco, hontem em Agoas Bellas, depois em Buique, S. Domingos, em Pedra e hoje em Olho d´Agua dos Bredos, novos e mais virentes louros e maiores e mais abundantes fructos na messe do Senhor.


No dia 22 do corrente, às 5 horas da tarde, chegaram nesta povoação os queridos filhos de Assis, acompanhados por mais de 200 cavalleiros do municipio da Pedra, que vinham aqui fazer as ultimas despedidas aos revdms. missionarios que souberam durante o curto espaço de tempo que lá estiveram fazer verdadeiros amigos.


Grande numero de pessoas estava a um kilometro mais ou menos, antes deste povoado, aguardando ancioso a vinda dos levitas do Senhor, que foram conduzidos no meio de acclamações até a casa que estava preparada para os hospedar, falando o apear-se o revem. frei Gaudioso.


A rua principal do povoado estava, bem como o acaminho, cheia de arcos triumphaes, poeticamente confeccionados com verdes folhas de palmeiras.


Na mesma noute da chegada, na elegante capella do logar assomou à tribuna o verboso orador frei Gaudioso e declarou aberta a missão, dizendo quaes os fins a que vieram alli, e cheio de reconhecimento fez ainda elogiosas referências aos habitantes do municipio da Pedra e mais uma vez agradeceu a estima, apreço, consideração e carinho que lhes dispensaram, e finalmente, com palavras repassadas de tristeza e de dor, lamentou o estado de abandono e falta de zelo que se nota na bonita e elegante capella da povoação, incitando os habitantes do logar a não desmentirem o zelo e fervor religiosos de seus antepassados.


Do dia 23 a 29 do corrente os infatigaveis missionarios entregaram-se aos seus arduos ministérios; pela manhã pregava o frei Daniel, à noite frei Gaudioso.


As palavras dps levitas do Senhor tiveram o dom de convencer grande multidão, que attenta os ouvia, colhendo o proveito das predicas e guardando-as em seus corações qual santo alimento do espirito.


O tribunal da regeneração, a santa confissão, foi procurado por centenas de pessoas, desde o alvorecer do dia até muitas vezes mais de meia noite, e os cultivadores da vinha sagrada ouviam os penitentes.


O pão da vida, a hostia sacrosanta foi distribuido com fructo a muitos dos que se achavam dignamente preparados.


Confessaram-se mais de 1900 pessoas e receberam em seus corações a Nosso Senhor Jesus Christo mais de 1000.


Apezar de, nas ultimas missões da Pedra e no Buique, muitas pessoas deste lugar terem se casado, os reverendos capuchinhos ainda efectuaram 20 casamentos, sendo a quasi totalidade entre amancebados.


A palavra santa do Evangelho não cahio deste povoado entre sarças e espinhos, nem sobre pedras, mas directa tocava os corações dos que tiveram a ventura de ouvi-la e logo germinaram e produziram abundantes fructos; além dos muitos amaziado que legitimaram suas uniões, outros houve que, tocados da graça de Jesus e das sublimes palavras dos filhos de Assis, deixaram o caminho torpe do vicio, da libertinagem e da devassidão e tornaram-se catholicos e homens de bem.


Em oito dias de missão os missionarios contruiram e edificaram o cemiterio deste povoado, caiou-se, limpou-se a igreja que causa-nos pena dizer... estava muito suja!


No dia 29, ultimo dia da missão, houve benção solemne do cemiterio e do cruzeiro que lá foi erigido, falando no momento o talentoso frei Gaudioso; à tarde houve o encerramento, precedido da tradicional procissão de triumpho, sahindo em ricos andores as imagens do Crucificado, Nossa Senhora do Livramento, padroeira do logar e Nossa Senhora do Bom Conselho.


Empolgante, bello era o espetaculo que se desenvolvia a nossos olhos ao vermos milhares de pessoas conduzindo, todas, bandeirinhas de várias côres, com as iniciais N.S.L., e com os corações repletos de goso e de satisfação entoarem ao Senhor dos Exercitos hymnos e canticos após a benção do Santissimo Sacramento.


Recolhida a procissão, realizada com a maior devoção, e agglomerado o povo na latada, assomou à tribuna o ilustre orador sagrado frei Gaudioso e num arroubo de eloquencia despediu-se do povo, invocando sobre todos as bençãos de Deus para que perserverassem na virtude até o fim da vida, para merecerem a gloria na bemaventurança eterna, seguindo-se após à pratica a benção papal.


Lagrimas de verdadeiras saudades derramou o povo reconhecido.


Em homenagem ao 1o. cardeal brasileiro, d. Joaquim Arco-Verde, natural deste povoado, os missionarios, de accordo com o povo, mudaram-lhe a denominação: Cardeal Arco-Verde chamar-se-á do hoje em diante esta povoação, e esperamos que os poderes legaes sanccionarão essa homenagem justa e expontanea do povo, autorisando por lei esta nova denominação.


Pelas 4 horas mais ou menos partiram os missionarios para a villa da Pedra, sendo acompanhados por muitos cavalleiros; momentos antes falou em nome do povo, com phases inspiradas, o inteligente accademico Walfrido Freire, que agradeceu o beneficio prestado ao logar pelos caridosos filhos de S. Francisco.


Tres kilometros antes de chegarem a Pedra veio ao encontro dos reverendissimos padres o reverendo vigario José Ribeiro e grande numero de cavalleiros, sendo recebidos ao entrar na villa, ao estrugir dos foguetes e ao som da banda musical da Pedra, por centenas de pessoas, que victoriavam e saudavam os missionarios.


Muito serviço prestaram, auxiliando os missionarios, o reverendissimo padre Rolim, nosso virtuoso vigario e padre José Ribeiro, vigario da Pedra.


Resta-nos somente invocar sobre os santos Ungidos do Senhor as graças e as bençãos de Deus, a quem tambem rendemos mil graças pelos abundantes beneficios que nos concedeu por intermedio destas missões e que nos conceda a graça de continuarmos até o fim, proferindo mil vezes morrer a sahirmos fora das santas leis de Jesus e de sua Mãe Santissima, a sempre Virgem Maria.


Cardeal Arco-Verde, 30 de julho de 1906.»

Retratando Arcoverde

Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - Edição de Setembro/Outubro de 2013 - Jornal de Arcoverde)


Certamente a fotografia é uma das ferramentas mais importantes para a comunicação. É um meio de expressão realista que permite contar a história, registrar a memória. Dada a sua importância, pode-se notar que, muitas vezes, ela é maltratada. Ainda não atingimos uma cultura visual e nem parece que valorizamos o ensinamento do filósofo chinês Confúcio: «Uma imagem vale mais que mil palavras». Onde estão depositados os acervos fotográficos da nossa região?
No que pese o empenho de abnegados arcoverdenses em resgatar imagens da nossa cidade, especialmente através de publicações de livros históricos, muito se pode fazer para a preservação de flashes da nossa história que, com o passar do tempo, vão se perdendo pelos anos.
Mas, quando começaram a ser realizados os registros fotográficos no Brasil? O livro «Hercule Florence: a descoberta isolada da fotografia no Brasil» de Boris Kossoy, http://goo.gl/5THnte , nos dá interessantes informações sobre o pioneiro da fotografia no Brasil. Basicamente os retratos brasileiros começaram a ser realizados a partir de 1840 (com o daguerreótipo, em 16 de janeiro, com Louis Compte. Dom Pedro II tornou-se um grande entusiasta da daguerreotipia e, antes mesmo de completar 15 anos de idade, começou a fotografar e colecionar fotografias - http://goo.gl/SPQSar ). Com a divulgação da fotografia, muitos fotógrafos passaram a se estabelecer em várias capitais, inclusive no Recife.
Recentemente uma parte do acervo do jornal Diário de Pernambuco (de 1825 a 1873), passou a ser disponibilizada pela Universidade da Flórida para pesquisa pela web http://ufdc.ufl.edu/AA00011611/. A pesquisa por palavra pode ser feita pelo site da Google: site:http://ufdc.ufl.edu/AA00011611/ palavra (<-substituir palavra pelo nome que deseja pesquisar). Nesse importante «jornal mais antigo em circulação na América Latina» encontramos anúncios sobre fotógrafos. Entre eles anúncios de 1866: http://goo.gl/jIXkpW.
O Instituto Moreira Salles mostra fotos antigas do Recife: http://goo.gl/i0MGz3 .
Porém, quais os primeiros arcoverdenses («olhodaguenses») fotografados?
A Fundação Joaquim Nabuco disponibilizou quase cinco mil documentos na «Coleção Francisco Rodrigues», com fotografias do século XIX e início do século XX: http://digitalizacao.fundaj.gov.br/fundaj2/. Também o portal Domínio Público dá opção para baixar fotos da coleção citada e de outras: http://goo.gl/Kw7X .



Os filhos de Budá em Roma: Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (nascido em 1850), Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1855), Antônio Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1851) e Francisco de Albuquerque Cavalcanti (1856). Foto Rinaldini. http://goo.gl/M6xc3Z.


Já foi abordado nesta seção em outras edições o tema sobre a família Arcoverde: http://goo.gl/H27zui ehttp://goo.gl/qZG2Pp . Mais fotos de século 19 da família Arcoverde: http://goo.gl/Z4Fb (tipo=imagem, título= Arcoverde).
Agora focamos a fotografia em nossa região. Quem foi o primeiro fotógrafo a se instalar em Arcoverde (século 20)?
Quem nos responde é Luís Wilson: «Foi Otaviano Zeferino Neves. Desde que veio para Rio Branco foi o fotógrafo de todos os meninos, de todas as moças, dos rapazes, de todos os batizados, de todos os casamentos e de todas as festas da cidadezinha». Continua Luís Wilson: «No dia 4 de junho de 1943 morre em Rio Branco Otaviano Zeferino Neves (Otaviano Neves), nosso primeiro fotógrafo de Rio Branco cerca de 23 anos. Ele chegara em 1920, vindo de São Sebastião do Umbuzeiro (PB), onde nascera em 22-8-1886. Sua cunhada, D. Amélia, ficara viúva, tenho a impressão que em 1919, de Silvio de Aguiar Campelo, proprietário da Padaria Confiança e de uma Mercearia em nossa atual Av. Cel. Antônio Japiassu, em Rio Branco. Depois da morte de Campelo, vendeu D. Amélia a Padaria Confiança a Manuel (Noé) Nunes Ferraz (recém-chegado de Vila Bela) e a Mercearia, a Euclides Arantes. Otaviano, fotógrafo e funcionário da nossa Prefeitura (administração Dr. Luís Coelho), era casado com D. Dorinha e são os pais de Hilda, Djanira (mais tarde, senhora Maurício Ferraz), Gracinha (que casou com Antônio Cadena), Berenice (também casada, com sucessão) e Zé Neves (25-3-1933 – 26-8-1967)» Município de Arcoverde (Rio Branco) Cronologia e outras notas. Luíz Wilson, 1982, pág. 160. Já na pág. 314 de Minha Cidade, Minha Saudade ele revela:
«Na década de 30, Dr. Luís Coelho recebia sempre a Sociedade, no clube “Independentes”, no dia do seu aniversário – 25 de maio. Era a maior festa do ano, em Rio Branco, na minha adolescência e no meu tempo de rapaz. Estavam sempre presentes, além de grande turma de Pesqueira... e ainda, entre muitos, Otaviano Neves, dedicado amigo do Dr. Coelho, até o dia de sua morte, ocorrida em Buíque (04-06-1943), onde estava a serviço de sua profissão de fotógrafo.
Nascido na fazenda “Santana”, município de São Sebastião de Umbuzeiro, na Paraíba, no dia 11 de dezembro de 1887, Otaviano foi para Rio Branco em 1919 ou 1920. Era filho de Manuel Zeferino Neves e de sua esposa, dona Sebastiana Gomes de Almeida Ferraz (tia do Cap. Vicente Gomes), pais, também, de Manuel Crispiniano, José, Olímpio, já falecido), Judith (também falecida), Maria e Crispim (este último, igualmente, falecido)».
Encontramos no livro 6 de óbitos (1943-1945) do registro civil de Arcoverde, sob n. 1568, fls.26/27 (imagem 37/247http://goo.gl/iyhmdY ) que ele faleceu em Buíque, com angina do peito, em 4 de junho de 1943 e foi sepultado no cemitério público de Arcoverde. Segundo o livro «Na sombra do juazeiro», o padre João Jorge Rietveld mostra que Otaviano Zeferino Neves era irmão de Crispiniano Neves. Este, nos anos 1935 a 1937, trabalhou como fotógrafo na então «Alagôa do Monteiro»):http://goo.gl/vI2ejc e http://goo.gl/9F3ccr .
«Seu» Crispim, como era conhecido, foi fotógrafo de muitas famílias, inclusive da minha. Tenho várias fotos que registraram o desenvolvimento dos meus familiares. Ele era casado com a sra. Alzira. Viúva, ela vendeu o acervo que sobrou das placas fotográficas para o Sr. Carlos Carvalho, hoje estabelecido em Recife (carlosvideoefotos@gmail.com ). Boa parte deste acervo já foi apresentada inclusive em ÍCONES. PATRIMÔNIO CULTURAL DE ARCOVERDE, livro de Roberto Moraes e CINE BANDEIRANTE. HISTÓRIAS QUE O VENTO NÃO LEVOU, de Fernando Figueiredo.
Outro fotógrafo que se destacou em Arcoverde foi Manoel Campos. Todo o seu acervo foi adquirido por José Campos Pereira («Biuzinho») que o repassou para Campercolor que, segundo ele, nada mais possui daquelas fotos.

Fotos à esquerda do acervo O. e C. Neves. À direita Jornal de Arcoverde (out.2013)



Edifício Ilitosa, onde funcionou o Banco do Povo, da Bahia... e funciona o Bradesco.


Cine Bandeirante, inaugurado em junho de 1947, permaneceu em atividade até 1983. Hoje lá funciona uma loja comercial.


1915 – Manuel de Siqueira Campos manda construir a Estrada de Triunfo a Rio Branco... Os automóveis em que viajaram a Triunfo o Dr. Manuel Borba, governador do Estado, e sua comitiva [para inauguração] (um dos quais do Cel. Delmiro Gouveia e outro do Dr. Romeu Pessoa de Queiroz), vieram até Rio Branco em um carro de nossa antiga “Great Western”. Município de Arcoverde (Rio Branco), 1982 – Luís Wilson, pág. 83.


Rua Alcides Cursino, até anos 60 era Augusto Cavalcanti (mais antigamente, rua do Cuscuz).


Rua Grande, rua do Comércio, rua João Pessoa, rua Cardeal Arcoverde, rua Cleto Campelo... atual Av. Cel. Antônio Japyassu.


Outro ângulo da Av. Cel. Antônio Japiassu, em mais uma imagem do acervo do Sr. Crispiniano Neves (Sr. Crispim).


ROSA BARROS CONSEGUE VITÓRIA NO TCU
A ex-prefeita de Arcoverde, Rosa Barros (PR), assessora especial do governador Eduardo Campos, teve por unanimidade, o Tribunal de Contas da União julgando regulares, com ressalvas, uma Tomada de Contas Especial realizada nas obras do Teatro de Arcoverde cuja construção foi iniciada durante a gestão dela.
O TCU  fez uma Tomada de Contas Especial, cujo relator foi o ministro Valmir Campelo. Ele julgou regular, com ressalvas, a prestação de contas da ex-prefeita e lhe deu plena quitação.

Segundo o advogado  Edilson Xavier, os recursos que ela recebeu do governo federal não foram suficientes para concluir a obra, porém 95% ficaram concluídas. O advogado, em contato com o nosso blog comemorou a decisão, quue para ele mostra que "um advogado sertanejo também pode obter vitórias em tribunais superiores".



SERRA TALHADA DEBATE JORNALISMO E MÍDIA DIGITAL DIA 06


TRANSNORDESTINA EM DEBATE NA CIDADE DE ARCOVERDE
Na próxima quinta-feira, a Átrios Consultoria e Negócios promove no auditório da AESA - Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde, um seminário sobe a construção da Transnordestina. Na oportunidade serão apresentados os novos negócios e desenvolvimento, além da negociação do projeto de lei de desoneração do ISS a onde a transnordestina vai passar.
Vão participar do seminário prefeitos de Arcoverde, Buíque, Flores, São Bento do Uma, Altinho, Custódia e Cachoeirinha. O encontro começa às nove da manhã. No próximo dia 15 de maio, a empresa Odebrecht deve estar abrindo uma frente de trabalho da Transnordestina em Arcoverde.

2 comentários:

  1. Oi, interessante, pois aqui em Pesqueiratambém temos o melhor blog de toda a região. Gostei desse. Aqui quem fala é Cristiano, publicitário, presença em todo o estado de Pernambuco, Recifense e atua em Pesqueira-PE há mais de 5 anos.

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